Nossa viagem de moto iniciou no dia 25 de março de 2015. Eu saí de Curitiba (PR) com destino a Mafra (SC), onde me juntei a outro aventureiro, Rogério Lopes Buch. Partimos no dia seguinte em direção ao Chile. Nosso principal objetivo era conhecer as cidades de Puerto Montt e Puerto Varas e visitar as cercanias dos vulcões Osorno e Cabulco.
Mas fizemos muito mais do que isso. Além de Puerto Montt e Puerto Varas, conhecemos varias cidades do Chile: Villarica e Pucón, onde o vulcão Villarica estava em erupção enquanto lá estivemos, Rio Negro, Constituición, Cunco, Melipeuco, Chillán e Termas de Chillán. Fomos ainda ao Valle Nevado em Santiago e Los Andes.
Na Argentina rodamos entre as montanhas da Cordilheira dos Andes, saímos de Uspallata e passamos por pequenas cidades no meio de uma região desértica e belíssima, entre elas Barreal, Rodeo, San José Jachal, Patquia e outros povoados. Nesse trajeto rodamos pela nova Ruta 150, com sua magnifica paisagem, transpondo parte da pré-Cordilheira.
Fizemos uma viagem de aventura. Dois motociclistas, eu aos 57 anos de idade conduzindo uma BMW F800 GS 2012 e meu companheiro de viagem, Rogério, com 74 anos conduzindo uma Yamaha XT660. Orientamo-nos apenas com mapas da Argentina e do Chile e por informações de percurso coletadas com habitantes dos lugares por onde passamos. Sem o GPS, tivemos alguns percalços, principalmente ao transitarmos por grandes cidades como Santiago no Chile, Córdoba e Mendoza na Argentina.
A viagem durou 19 dias, durante os quais rodamos 9.700 quilômetros e gastamos R$ 6.500,00 cada. O custo da viagem ficou baixo porque por varias vezes pernoitamos em cidades bem pequenas, em hostels, pousadas ou pequenos hotéis, onde os preços das hospedagens são bem baratos, quando comparados aos hotéis das grandes cidades.
Viajamos com tranquilidade, predominantemente no período diurno, usando a noite para o merecido descanso, atualização das comunicações com familiares e amigos, que de longe acompanharam nossa aventura.
Raramente jantávamos no hotel onde estávamos hospedados, preferindo procurar um bom restaurante onde podíamos desfrutar de uma boa refeição acompanhada de um bom vinho ou de uma cerveja local ou regional. Assim aproveitávamos para caminharmos pela cidade para esticar as canelas e conhecermos um pouco mais do lugar. Nessas ocasiões procurávamos interagir com a população, perguntando sobre os costumes locais, economia e história da cidade, enriquecendo nossa experiência como viajantes, além de exercitarmos nosso combalido portunhol.
Durante toda a viagem tivemos apenas dois transtornos mecânicos com nossas motos: 65 km depois de sair da cidade de Puerto Varas, bem em frente ao vulcão Calbuco, a bateria de minha moto literalmente “morreu” e, apesar de varias tentativas, não conseguimos ressuscita-la. A alternativa foi esperar cerca de três horas por um resgate improvisado, que me levou até uma concessionária Honda, porque não havia BMW na região. O outro problema foi com o conjunto de relação da moto do Rogério, cujo desgaste não permitia seguir viagem. Infelizmente isso aconteceu em San José Jachal, onde não haviam as peças. A cidade fica a cerca de 200 km de San Juan e 500 km de Córdoba, cidades onde encontraríamos apoio.
Graças ao empenho da proprietária de uma pequena oficina local, conseguimos trocar apenas a coroa, sendo que para isso tivemos que ficar um dia naquela pequena cidade. Para ter certeza de que viria a peça certa de San Juan, a coroa que tiramos da moto foi enviada através de um ônibus coletivo que faz a rota San José Jachal a San Juan. Chegando lá um funcionário da concessionária Yamaha recebeu a coroa, conferiu com a que eles tinham e enviou a nova pelo mesmo ônibus. Esse onibus chegou a San José Jachal às 21h30 e uma hora depois a moto estava pronta para seguir viagem. Isso permitiu continuarmos nossa viagem de retorno ao Brasil.
Porém, 38 km antes de Vacaria (RS), a corrente não agüentou mais e arrebentou. Como estávamos a 490 km do nosso destino final, o Rogério preferiu fazer o percurso embarcado no caminhão plataforma enviado pela seguradora, enquanto eu fiz o restante da viagem até Curitiba sozinho.
Saímos do Brasil pela aduana de Uruguaiana (RS) e retornamos por Sao Borja (RS).
Fizemos uma viagem espetacular, apreciamos belíssimas paisagens, conhecemos pessoas e lugares incríveis, sem termos programado o itinerário diário. Estabelecíamos diariamente o percurso, normalmente rodando ate o final da tarde, quando começávamos a procurar o local para o pernoite. Se não encontrássemos hospedagem no local seguíamos para a próxima cidade. Graças ao bom Deus, sempre demos sorte de encontrar lugar para dormir, pois não éramos exigentes quanto ao luxo: queríamos apenas descansar e dormir.
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