Eu tinha uma viagem programada para o Nordeste, mas acabei sendo obrigado a cancelar. Triste, fui desabafar na internet. Logo o Flávio apareceu dizendo que queria ir ao Deserto do Atacama e tinha um grupo grande de interessados. Logo me interessei pelo projeto.
Conheci o Flávio em um grupo de motociclismo no Facebook, em agosto de 2018. Fizemos um único passeio, para uma cachoeira próxima a São Paulo e não rodamos juntos mais.
Daquele grande grupo de interessados na viagem ao deserto chileno, no fim só estavam ele e eu correndo atrás dos preparativos e combinando detalhes. Dito e feito. No dia 3 de março de 2019 saímos da capital paulista rumo ao desconhecido, mas com fome de aprendizado.
Logo no primeiro dia percorremos os estados de São Paulo e Paraná, chegando a Foz do Iguaçu. Nesse primeiro dia rodamos 1153 km. Isso mesmo, 1153 km em um único dia, com motos de 160 cilindradas. A minha, uma Honda Bros e a do Flávio uma Fan, ambas ano 2017 e com 160 cilindradas. Incrível!!!
No fim daquele dia acampamos em um posto de gasolina antes de atravessar a fronteira com a Argentina. Cruzamos a aduana no início do segundo dia e seguimos firme, enfrentando o calor do Chaco.
No terceiro dia de viagem conhecemos outro viajante, que estava sozinho e pediu para nos acompanhar. Foi uma honra ter a parceria do Sérgio, um senhor do Rio Grande do Sul. Esse dia foi difícil dormir. A barraca parecia um forno. Suei muito a noite toda.
Continuamos na estrada, cruzamos as Cordilheiras e enfim a Aduana Chilena, no quinto dia. Lá o Flávio passou mal pela segunda vez, por conta da altitude. A primeira tinha sido em Susques, enquanto abastecíamos nossas motos em uma das duas bombas da cidade. Momento tenso, mas que foi logo contornado com a ajuda de um outro motociclista, um argentino, que deu pra ele algumas folhas de coca para mascar. Nesse dia as motos ficaram bem fracas. Em alguns momentos não passavam de 45 km/h. Era a falta de oxigênio para realizar a queima do combustível…
Flávio, Sérgio e eu seguimos juntos, cruzamos o Atacama em direção à Mão do Deserto, escultura que é cartão postal para todo Moto Turista que viaja pela região. Passamos por paisagens que jamais tínhamos visto em terras brasileiras…
Chegamos ao destino final da viagem no sexto dia: Antofagasta, cidade na costa chilena. De lá, Flávio e eu pegamos o caminho de volta. O Sérgio ficou para passear mais pela região.
No caminho de volta fizemos coisas que não recomendo a ninguém, como cruzar as Cordilheiras já de noite e com muita chuva. De São Paulo a Antofagasta pilotamos por 3.686 km. E essa distância, percorrida em seis dias na ida, fizemos em quatro dias na volta.
No fim deu tudo certo e a viagem de 7161 km de são Paulo até o oceano Pacífico me deu mais um irmão. Obrigado Flávio pela companhia e parceria nessa e nas próximas!
Se quiser ver o filme dessa aventura, prepare a pipoca e dá play no vídeo!!!
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