Três Cinquentões na Estrada: Uma Viagem de Liberdade

Planejar rota, ajeitar ferramentas, programar paradas, mas sempre com um foco especial: celebrar a vida em duas rodas. Foram 26 dias de pura aventura, saindo de Bauru e percorrendo 13.300 quilômetros de asfalto, atravessando a Argentina e o Chile. Na bagagem, apenas o essencial – poucas roupas e nenhuma vontade de pensar nos problemas do dia a dia.

Essa foi a vibe dos amigos Marcos de Alencar Ribeiro, engenheiro de 54 anos; Adelmo Barreira, ilustrador de 51; e Luiz Henrique Araújo, empresário de 55. Juntos há mais de duas décadas, eles decidiram se desconectar do mundo por quase um mês, com tudo planejado nos mínimos detalhes. Para cada um, era a primeira viagem em grupo, embora todos já tivessem rodado por aí em outras rotas, solo ou com outros amigos.

Cada um pilotando sua BMW R1200 GS Adventure – aquelas máquinas que custam uma fortuna – eles rodaram, em média, 500 km por dia, a uma velocidade confortável de até 120 km/h. Nada de correria ou pressa; a meta era curtir o caminho, sem deixar de lado a segurança e o conforto.

“Nosso objetivo não era testar a potência das motos, mas sim achar o equilíbrio perfeito entre velocidade e pista. Queríamos relaxar, aproveitar a paisagem e, claro, celebrar nossa amizade”, lembra Marcos. E assim foi: estrada, boa conversa e um clima de companheirismo que dava gosto de ver.

Para manterem o contato constante, usaram intercomunicadores – o que rendeu muitas risadas e boas histórias. “O Luizão nunca contou tanta piada na vida. Rimos muito!”, diz Adelmo, relembrando a descontração que dominou o trajeto.

O Roteiro

Marcos, já veterano de uma viagem ao Atacama, foi o responsável por desenhar o roteiro. “Eu já tinha feito essa viagem de moto, e o Adelmo também conhecia o caminho, só que de caminhonete. Planejamos tudo: paradas estratégicas, respeitando a autonomia da moto e o nosso conforto, sempre focados no principal: andar de moto e curtir o mundo ao redor”, explica.

Foram 26 dias rodando, mas só cinco de paradas mais longas. “Com moto, você interage muito mais com o ambiente. A cada lugar que parávamos, aparecia alguém para puxar conversa, tirar foto das motos. Foi bem legal”, diz Adelmo. “Parecia que a moto tinha um imã de curiosidade”, completa Luiz.

E sobre a velocidade, Marcos dá a dica: “Em viagens longas, não dá para forçar a barra. Além de ser perigoso, cansa muito mais”.

Três Imagens Inesquecíveis

Escolher um momento marcante dessa viagem não foi tarefa fácil para o trio. Adelmo, que levou sua câmera profissional presa no tanque da moto, fez questão de registrar tudo – resultando em 2.400 fotos.

E quando se fala em paisagens inesquecíveis, cada um tem sua favorita: “O glaciar azul de El Calafate, na Argentina, é surreal de tão lindo”, diz Marcos. “No Chile, Torres del Paine foi de tirar o fôlego”, relembra Adelmo. Já para Luiz, “o Vulcão Osorno, também no Chile, foi o ponto alto”.

Glaciar Perito Moreno, Argentina

A escolha dos lugares para pernoitar era simples: depois de rodar o dia inteiro, eles só precisavam de um bom lugar para dormir. Nada de reservas com antecedência. “Cada um levou o mínimo de roupa. Uma jaqueta e calça de moto, roupas dry fit e antibactericida para segurar os 26 dias”, conta Adelmo.

Torres del Paine, Chile

As ferramentas para possíveis reparos foram distribuídas entre os três. “Levamos de tudo, desde compressor de ar até kits de reparo de pneu. A maior perna foi de 945 km, e a menor, de 500 km. Nunca rodamos à noite”, diz Marcos.

Vulcão Osorno, Chile
Vulcão Osorno, Chile

E a rotina? Simples. Durante o dia, muita hidratação e barrinhas de cereal. À noite, era hora de relaxar com bons vinhos, cerveja e uma refeição caprichada. “A única exceção era o Adelmo, nosso vegetariano. Mas ele não se importava, contanto que tivesse comida boa”, brinca Luiz.

Os Melhores Momentos

Se perguntados sobre os melhores aspectos da viagem, a resposta vem fácil: “Os argentinos foram os mais educados que encontramos pelo caminho”, dizem todos. “E as melhores estradas? No Chile, sem dúvida!”, completam.

O que mais se repetiu durante os 26 dias? “As gargalhadas!”, afirmam, sem pensar duas vezes. No final das contas, com alimentação, combustível, pequenos reparos e estadias, a aventura custou R$ 9 mil para cada um.

E o próximo destino? Já está decidido: Machu Picchu. Mas o sentimento que ficou dessa viagem foi claro: “Ir para a estrada com paz de espírito atrai coisa boa. É preciso celebrar a vida!”


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