Em setembro do ano passado fizemos uma viagem de 21 dias com foco na Estrada da Morte na Bolívia e Machu Picchu no Peru. Fomos meu amigo Sílvio Lima, que saiu de Itaperuna, RJ e eu de Ponte Nova, MG. Nosso ponto de encontro foi na cidade de Belo Horizonte, onde eu tinha que acertar os últimos detalhes na moto, um problema no ABS dianteiro e o Silvio fazer o seu cartão de vacina internacional.
Tudo resolvido iniciamos a nossa grande expedição. Foram 10.400 km percorridos em duas tourings da Harley Davidson: uma Street Glide e um Electra Glide, duas guerreiras que se comportaram da melhor forma possível, enfrentando todos os tipos de estradas, desde os mais planos e perfeitos asfaltos até a mais perigosa estrada do mundo, a Estrada da Morte na Bolívia, sem nenhuma pavimentação e sem nenhuma segurança para os que ali transitam.
21 dias em 18 minutos:
Nosso roteiro resumido foi:
Dia 01:
Após percorrermos os trechos de estrada das nossas cidades de origem, nos encontramos em Belo Horizonte de onde seguimos para Araxá, MG, onde dormimos.
Dia 02:
Saímos de Araxá e fomos até Campo Grande (MS) rodando mais de 950 km nesse dia. Um sol de escaldar e uma estrada que não ajudou muito. Chegando a Campo Grande fomos pro mercado municipal conhecer um pouco da cultura e das comidas do Centro Oeste brasileiro.
Dia 03:
De Campo Grande rodamos até Corumbá (MS). Passamos nesse dia por belíssimos locais pelo Pantanal sul Mato-grossense. Paisagens de encantar e infelizmente muitos animais mortos nas estradas.
Dia 04:
Quando estávamos saindo de Corumbá, logo cedo, o Sílvio percebeu que o descanso da sua moto havia quebrado. Fomos procurar um oficina para soldar e depois de resolvido o problema, partimos em direção à Bolívia. Nesse dia fomos até a cidade de Santa Cruz de la Sierra, passando por alguns trechos de mais de 200 km sem ver nada às margens das estradas.
Dia 05:
Saindo de Santa Cruz de la Sierra em direção a Cochabamba, passamos por um grande trecho na selva boliviana, onde as estradas estavam em processo de pavimentação. Muitas maquinas trabalhando, buracos e complicações nesse dia.
Dia 06:
No sexto dia de viagem chegamos à cidade de La Paz, a capital administrativa mais alta do mundo e ali começaram nossos problemas com a altitude a 3.600 metros acima do nível do mar. Nesse primeiro dia em La Paz fizemos um passeio pelo Mercado de lãs Brujas.
Dia 07:
Decidimos fazer um passeio para conhecer a cidade de La Paz e tivemos a oportunidade de fazê-lo pelas alturas, no teleférico. Depois conhecemos algumas praças, igrejas e outros pontos turísticos.
Dia 08:
Dia de fazer a Estrada da Morte, ponto alto da viagem. Tentamos sair cedo de La Paz, mas pegamos um engarrafamento gigante e caótico. Assim que conseguimos sair da cidade pegamos a Ruta Nacional 3, a estrada nova que liga a cidade de La Paz até Coroico, depois de terem “desativado” o transito pela Yumgas Road, como é chamada a Estrada da Morte.
A partir de Coroico subimos a Estrada da Morte. Foram muitos quilômetros a serem vencidos com bastante calma. Não há calçamento nem pavimentação. Em muitos pontos existem nascentes que geram pequenas cachoeiras que caem diretamente na estrada, deixando o piso todo barrento e escorregadio.
Esses guard rail/muretas que temos nas estradas, lá não existem em 90% do trecho, de modo que você pode cair nos precipícios, que em alguns pontos chegam a 600 metros de altura. Com as bênçãos de Deus conseguimos vencer a estrada com uma satisfação imensa e de lá voltamos para La Paz para descansar para o próximo dia da viagem.
Dia 09:
Saímos de La Paz e seguimos para Copacabana, nossa última parada na Bolívia, para finalmente conhecer o Lago Tititcaca, o lago navegável mais alto do mundo. Segundo as lendas andinas foi nas águas do Titicaca que nasceu a civilização inca e por ele fomos navegar até chegar na Isla del Sol, uma ilha sagrada para os incas.
Dia 10:
Nesse dia atravessamos a fronteira da Bolívia com o Peru e fomos direto para a cidade de Puno. Tivemos dificuldade em encontrar um local aberto para fazer o SOAT, seguro obrigatório para motos no Peru, em razão de ser domingo.
Em Puno saímos mais uma vez para um passeio no Lago Titicaca, dessa vez para conhecer as Islas Flotantes de los Uros. Construídas pelos indígenas, são ilhas artificiais construídas de totora, uma planta aquática típica ali da região do Titicaca.
Dia 11:
Seguimos viagem até Cusco, antiga capital do império inca e Patrimônio Cultural da Humanidade. A cidade é ponto de partida para vários passeios em locais onde se encontram vestígios e/ou sítios arqueológicos.
Dia 12:
Dia sem moto, fomos conhecer o sítio arqueológico de Machu Picchu. Saímos bem cedo do hotel, às 4h da manhã. Pegamos uma van, outra van, depois o trem e chegamos então à “cidadezinha” de Águas Calientes e de lá outra van até Machu Pichu. Esse último percurso tem 9 km de distância, é feito numa estrada não pavimentada, muito íngreme e de muitas curvas pela montanha até chegar ao topo, onde se encontra Machu Pichu. O grande detalhe é que o acesso se dá somente por trem e van, não se pode chegar em veículos particulares.
Machu Picchu se situa no alto da Cordilheira dos Andes e é conhecida como a cidade perdida dos incas, que só foi descoberta tardiamente, depois de muito tempo abandonada. Um local de extrema beleza, onde pode-se conhecer muito da cultura, arquitetura e inteligência inca.
Veja o vídeo e irá se surpreender…
Dia 13:
Um dia de descanso em Cusco. Saímos para conhecer os museus, igrejas, santuários e toda a cultura local dessa magnífica cidade, que segundo a cultura inca é o umbigo do mundo.
Dia 14:
Saímos bem cedo de Cusco com destino a Assis Brasil (AC). Depois de algum tempo rodando, pegamos a Estrada do Pacífico, que no Peru é conhecida como Interoceánica Sur e faz a conexão do sul do Peru até a cidade de São Paulo.
Foi um dia de muita estrada com direito a frio, neve, chuva sol e muitos trechos sem calçamento. Dia difícil.
Dia 15:
Já em terras brasileiras, viajamos de Assis Brasil até Jirau, distrito de Porto Velho (RO). Nesse dia atravessamos o Rio Madeira de balsa, pegamos muitos buracos e algumas estradas sem pavimentação.
Dia 16:
Saímos de Jirau e fomos até a cidade de Vilhena (RO). Dia de muita estrada e muito calor no norte do Brasil.
Dia 17:
Nesse dia me separei do grande Sílvio Lima. Nos despedimos logo cedo e saímos de Vilhena, ele já iniciando o regresso para sua casa e eu tendo como destino a Chapada dos Guimarães no Mato Grosso. Eu estava programado ficar um dia no Parque Nacional Chapada dos Guimarães para conhecer a região, mas chegando lá, em razão do tempo bem feio, resolvi seguir viagem. Conheci pouquíssima parte da Chapada, mas valeu a pena passar por lá.
No início da noite cheguei à cidade de Barra do Garças (MT).
Dia 18:
Dia longo. Saí cedo de Barra do Garças e fui em direção ao estado de Goiás. Próximo a Brasília, encontrei com o Rafael Sarno e de lá seguimos viagem para a Vila de São Jorge, distrito de Alto Paraíso de Goiás (GO), ponto de partida para o Parque Nacional Chapada dos Veadeiros.
19:
Dia livre para conhecer o Parque Nacional Chapada dos Veadeiros, suas belíssimas montanhas, desfiladeiros e cachoeiras. Fizemos a Trilha dos Saltos e Corredeiras e conhecemos um pouco do parque.
Dia 20:
Sem mais delongas, de volta à estrada logo cedo para poder contemplar o nascer do sol e voltar para casa. Rodamos um trecho juntos e depois de alguns quilômetros o Rafael seguiu para sua cidade e eu segui para Minas Gerais. Nesse dia rodei até Belo Horizonte.
Dia 21:
Dia de chegar em casa. Saí cedo de Belo Horizonte e com pouco menos de 3 horas já estava em casa, agradecendo pela trip ter sido realizada toda em segurança, sem nenhum problema nas motos e pela a oportunidade de rodar com pessoas boníssimas e conhecer lugares fantásticos.
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