Tudo começou (para variar!!!) em uma mesa de boteco. Definimos simplesmente que íamos! Foi mais de um ano de preparativos e planejamento e o mais difícil foi conciliar o trabalho e a melhor época do ano. Então, escolhemos o mês de outubro, pois, é um mês em que a temperatura é ideal para viajar, com poucas chuvas na região dos pampas e na cordilheira. Outro desafio seria preparar as motos. Resolvi trocar minha Harley-Davidson Dyna por uma Road King.
Em setembro de 2013, disparamos o cronômetro! Organizamos toda a documentação das motos, os seguros e toda a papelada necessária, traçamos o roteiro básico e fizemos os últimos ajustes nas motos.
Os aventureiros: Eu, Alfredo Castro 37 anos, meu pai Alfredo Mário Arantes de Castro 69 anos, e a namorada dele Miriam Niess de 45 anos. Uma Honda Shadow 750 com 6 bagageiros e minha Road King.
No dia 4 de outubro partimos de manhã de Belo Horizonte rumo a Sorocaba. Logo nos primeiros quilômetros, pegamos um temporal daqueles! Em Sorocaba tivemos que desfazer as malas para secar as roupas, que molharam bastante!
A partir do segundo dia, a diversão realmente começou! Saímos de Sorocaba pelo interior do continente rumo a Irati, PR. Passamos por uma das regiões mais belas que já estive até chegarmos a Castro, PR, para almoçar e seguirmos viagem.
Em Castro tivemos o primeiro perrengue, uma bateria descarregou porque o som ficou ligado durante o almoço.
Em Irati, dormimos num castelo, (isto mesmo, veja o filme abaixo, com toda a hospitalidade do interior do Paraná e um jantar de embutidos e queijos variados e, claro, uma cerveja gelada!
No dia seguinte, tocamos para o Rio Grande do Sul onde visitamos a região das Missões e preparamos para a entrada na Argentina, em São Borja, RS. Um macete que gostaria de passar a todos é cruzar a fronteira em São Borja e não em Uruguaiana. São Borja possui uma ponte na qual a fronteira é vazia e rápida. Não gastamos nem trinta minutos para cruzá-la e comprar moeda Argentina.
Do lado argentino a estrada é excelente, muito melhor que a brasileira e sem movimento! Deve-se ter atenção com a distância entre os postos de combustível, tivemos pane seca na Shadow depois de rodar 160 km e encontrar um posto e ainda sem gasolina! À noite, nosso primeiro Bife de Chorizo, em Santa Fé. Em seguida, fomos para Rio Cuarto e Mendoza, no pé da Cordilheira dos Andes. Cruzando os pampas na região de Rio Cuarto, tivemos muita dificuldade com ventos laterais na estrada. A zona de vácuo gerada na ultrapassagem dos caminhões exigiu muita atenção e energia.
Parar em Mendoza foi fundamental. Já estávamos rodando há sete dias, fazendo uma média de 560 km/dia. Atravessar os Andes sem este descanso seria muito arriscado. Aproveitamos o dia em Mendoza para lavar roupas, esticar o corpo e, é claro, visitar vinícolas!!!! Foi fantástico o passeio personalizado organizado pela Wine Camp. Pudemos beber e comer muito e dormir cedo para a escalada dos Andes no dia seguinte.
Atravessar os Andes é inesquecível! Conseguimos gravar grande parte do percurso para compartilhar com vocês no vídeo acima. O ambiente é incrível e a estrada muito boa. Deve-se tomar cuidado com a subida, pois, a altitude que se atinge em pouco tempo pode gerar vertigem e enjoo.
Cruzar a fronteira da Argentina com o Chile foi uma novela. Gastamos quase 6 horas na fila e depois, um interminável vai e volta entre os guichês de imigração, alfândega e vigilância sanitária. Em seguida, passamos pelos Caracoles, um zigue zague na montanha, descendo uns 2000 metros em menos de 30 km de estrada!
O Chile é fantástico!!! As estradas são boas e a rede viária é bem densa. Sentimos falta de um GPS. Circular em Santiago e pegar as estradas corretas foi na base de muito erro e sorte.
O bate e volta até Viña del Mar é obrigatório… São aproximadamente 150 km de distância em estradas paradisíacas, em meio à montanhas e vinícolas. Muitos motoqueiros cruzaram com a gente fazendo o mesmo percurso.
Depois de dois dias de pouso em Santiago, embarcamos nossa companheira, que voltou para BH de avião para trabalhar e nós seguimos para Buenos Aires, cruzando novamente os Andes para Mendoza e depois um tiro de dois dias para chegarmos a Montevidéu, através do Buquebus, que pegamos em Buenos Aires. Viagem muito gostosa, em um navio de alta velocidade, com as motos embarcadas. Dormimos em Montevidéu, onde fomos obrigados a tomar um belo vinho regional!
No dia seguinte, pelo conselho de uns amigos, seguimos, de Montevidéu, atravessando o Uruguai próximo à costa do Atlântico, entrando no Brasil, pelo Chuí. O interior do Uruguai também é um lugar muito belo, a paisagem é linda e a estrada excelente. Outra dica que deixo aos companheiros é passar pelo Chuí, nem fomos parados pela receita ou guarda de fronteira brasileira. Dormimos em Pelotas, depois seguimos para Porto Alegre, em seguida Floripa e Registro. Para contornar a cidade de São Paulo e evitar o trânsito, passamos pela região da serra, subindo até Sorocaba e depois pegamos a Fernão Dias rumo ao Sul de Minas.
Quando entramos no estado de Minas Gerais o coração disparou! Estávamos com hotel reservado em Pouso Alegre, mas nossa situação era a seguinte: 8.350 km rodados, rodamos 400 km naquele dia, o clima estava perfeito, sem chuva e fresco, oito dias rodando sem parar, ainda eram 12h30min quando estávamos passando pelo trevo de Pouso Alegre e faltando 430 km para chegarmos em casa. Conclusão: tocamos direto, rodando mais de 800Km no último dia, para chegarmos sãos a salvos em casa, com nossas famílias e travesseiros.
Só quem já fez uma viagem longa, de moto, para saber como é bom tomar um banho em casa e deitar na própria cama, depois de jantar com a família!
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