“Munay (Amor); Yankay (trabalho); Yachay (sabedoria). Que aprendamos com os rios, com as montanhas, com as árvores, com os animais. Que aprendamos a ver com os olhos da alma, nos comprometendo com o essencial. Que nossas vidas sejam repletas de abundância, reciprocidade, amor, trabalho e sabedoria.” (Pensamento Inca)
Antes de decolar da pequena Urca com destino a Ollantaytambo, dei uma volta a pé pela pequena praça e tirei algumas fotos. Uma vila bem pobre com muitas senhoras de expressão cansada carregando seus filhos tipo em mochilas, ou nas esquinas vendendo frutas e legumes. Havia um movimento para embarque em vans e ônibus, e pela janela os vendedores tentavam convencer seus clientes a comprarem seus produtos.
Após a laguna Huracan, peguei uma estrada que era margeada pelo rio e pela linha de trem que vem de Cusco para Machu Picchu. À beira da estrada e nas margens do rio, a cultura de uma planta com flores roxas. Fui pilotando sem pressa, curtindo o visual ao longo daquela estrada boa. Apesar do sol, a temperatura era de 15º C e a altitude estava próxima aos 3.000 metros.
Passadas algumas vilas, com os tradicionais quebra-molas, comecei a observar pedras e galhos sobre a pista. Mais adiante, em outra vila, a estrada estava fechada com pedras e haviam pessoas sentadas nelas. Depois vim a descobrir que era o dia “del paro”, um dia de manifestações, onde fecham as estradas na entradas e saídas de cada vila. Desliguei a moto e fui conversar. No sorriso e diplomacia, expliquei que era brasileiro, que estava viajando de moto por muitos quilômetros e que precisava chegar ao hotel em ollantaytambo para descansar. Após uma espécie de votação, me permitiram passar.
Mas a cada vila ficava mais difícil. Continuei usando a mesma estratégia e, com paciência e muita diplomacia. Numa outra vila, um senhor me pediu uma “contribución” voluntária para passar. Dei 2 soles e retiraram uma pedra por onde passei. Numa outra vila, vim passando devagar e gritaram “estranjero”. Nem olhei pra trás.
Cheguei a uma das últimas vilas e havia uma fila de carros parados. De repente todos começaram a manobrar e fazer meia volta. Um dos carros passa por mim e o cara fala: “- vamos por otro camino.” Virei a moto e passei a segui-los. Entramos em uma estrada vicinal de terra do outro lado do rio e andamos uns 10 km por ela. Acabamos saindo atrás da estação de trem de Ollantaytambo. Então atravessei com a moto uma ponte de pedestres, toda de madeira e cordas, sobre esse rio e cheguei à cidade… Foi tenso.
Ollantaytambo é ponto de partida e ou passagem obrigatória para quem vai a Machu Picchu. Só existem dois caminhos para a cidade inca, de trem ou trilha a pé com guia autorizado. Acho que são 5 dias de caminhada. De trem são 3 horas. Ollantaytambo é como se fosse a capital mundial dos mochileiros e aventureiros. O movimento de vans trazendo estrangeiros é intenso. Vi muitos americanos, ingleses, canadenses e franceses chegando em excursões.
A cidade de Ollantaytambo era uma cidade fortaleza para proteger o vale sagrado dos incas, com um complexo militar e religioso. Chama a atenção o templo del sol e os solos para guarda de alimentos construídos pelos incas nas montanhas (fotos).
O resto do dia de hoje e amanhã, a Capitão América ficará descansando nos jardins do hostal. Vou pegar um trem para Machu Picchu, a cidade sagrada dos Incas.
Fui dar uma volta pela cidade. Estava acontecendo uma festa religiosa e houve uma queima de fogos. Passei pela feira de artesanato e comi um delicioso “lomo a la moda”. Fui dormir cedo, pois terei que chegar à estação amanhã às 05h40. O trem partirá às 06h10. Estou em um hostal a 200 metros da estação.
Que Deus continue nos protegendo. Obrigado a todos os amigos que me enviam mensagens de apoio e sucesso nessa aventura.
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