Rumo ao norte, o dia prometia ser um dos mais punks da viagem e com certeza se superou. Primeiro por conta da distância e segundo pela condição das estradas. Saindo de Ji-Parana (RO) são 30 km até a cidade de Ouro Preto do Oeste (RO), um trecho bastante perigoso e com muitos bi-trens. Após isso, a partir de Ariquemes, muito tranquilo numa estrada boa de andar até Porto Velho (RO).
Passei por rios que pareciam mar, vi casas em palafitas sobre os rios, e também alguns balneários em braços dos rios que, no domingo à tarde e com calor, estavam cheios. A paisagem era dominada por fazendas de gado. Passei por uma unidade da JBL (uma unidade de confinamento). Também começam a aparecer pequenas propriedades rurais.
Após Porto Velho, a brincadeira começou a ficar mais séria, estrada com trechos muito ruins. Era uma preocupação grande, pois havia à necessidade de pilotar a noite.
Causo: parei a moto para fotografar um alagado ao lado da estrada, tirei a luva da mão direita, fotografei, montei na moto e sai. Uns 25 km depois comecei a perceber um vento na mão direita. Putz, aí que me dei conta que a luva que estava sobre a bagagem deve ter caído logo que sai. Para tentar recuperá-la teria que voltar 25 km e depois os 25 km de novo. Acabei desistindo da luva, que fez sua última viagem, já desgastada. Promovi a luva de chuvas a titular nessa viagem.
Numa outra parada, novamente para fotos, achei um par de óculos escuros daqueles de plástico xing-ling. Se foi algum tipo de compensação eu quero a minha luva de volta Rs.
Anoiteceu na estrada e com ela uma chuva torrencial. Parei a moto no meio do nada, com floresta dos dois lados. Os raios iluminavam o céu todo. Ai pensei: pelo horário podia estar em casa vendo TV. Faustão. Conclui que era melhor estar na estrada, na floresta amazônica. Debaixo de chuva, cheguei na balsa que faz a travessia do rio madeira (em 10 minutos).
Após a balsa partir, a chuva diminuiu a intensidade e quando atracamos fui o primeiro a sair e, mesmo à noite, com pista molhada, desenvolvia bem a velocidade.
Faltando 140 km para a divisa entre Rondônia e Acre, a estrada deu lugar a crateras lunares, mas de uma forma bem perigosa. Você tinha trechos de estrada boa e do nada surgiam verdadeiras panelas em vários pontos da estrada. Mesmo com toda cautela e com faróis que iluminavam uns 150 metros à frente, acertei pelo menos duas dessas panelas, sem nenhum dano, mas tomei um grande susto pois os buracos eram bem largos e fundos. Imaginei que um pneu de perfil baixo e/ou rodas de liga não sobreviveriam àqueles dois impactos.
No final das contas cheguei a Rio Branco no Acre às 00h15 (o fuso aqui é 2 horas a menos que Minas). E cheguei inteiro, após 14 horas na estrada. Ufa
Uma curiosidade: observei que após mais de 3.000 km rodados e passando por muitas cidades pequenas, não vi ainda ninguém andando a cavalo. Definitivamente foram substituídos por motos, a maioria Biz, CG e algumas cinquentinhas xing ling.
Inclusão digital: Incrível, mas todo posto aqui tem wi-fi liberada, desde o Mato Grosso, Rondônia e Acre. Parei em alguns que o chão era de terra e a internet de boa qualidade. Até as lanchonetes de beira de estrada, bem simples, investiram nisso para atrair os clientes.
Foi muito cansativo o dia, mas é claro que valeu demais. Com isso encerro a primeira fase da viagem que foi de BH a Rio Branco no Acre.
Deixe um comentário