O último dia de uma grande viagem de moto é um dia muito especial e também de grande ansiedade. Foram 25 dias na estrada, 5 países, 5 moedas diferentes, paisagens incríveis, contato com costumes, hábitos e culinária desses povos.
Você vem com milhões de novas idéias, vem ainda curtindo tudo que viu e viveu nos dias de aventura e também controlando a ansiedade, vontade de estar logo em casa e lidando com o cansaço acumulado de tantos dias na estrada.
Acordei em Jaboticabal (SP), com o cansaço me dominando, os três trechos anteriores na Argentina, Paraguai e Paraná foram feitos debaixo de muita chuva, o que tornou a pilotagem tensa e cansativa. No café, tomei uma decisão muito importante: ao invés de seguir pra BH, iria descansar um dia ali e seguir no dia seguinte. É uma decisão difícil, mas muito importante. Não se pilota uma motocicleta cansado ou estressado. Em 2010 sofri um acidente pois não reconheci que era hora de parar a moto devido às condições do tempo e seguir no dia seguinte.
Pouco sai do hotel, fiquei ali realmente descansando para fazer o último trecho tranquilo. Além de descansar, fui ajudado pelo tempo, que abriu no dia seguinte e se transformou em um dia perfeito pra pilotar. Me lembrei de tomar um sorvete ice muito bom que tem no shopping local.
A estrada já conhecida e é perfeita e pedagiada. Não se paga pedágio em SP, mas em Minas paga-se R$ 2,10 para moto.
Havia bastante trânsito nos 2 sentidos da estrada.
Depois que passei pela divisa de São Paulo com Minas Gerais, fui recebido pelas montanhas de Minas e, claro, muitas curvas. Respirei fundo o ar de Minas e pensei: Como é bom me sentir em casa.
Um dos pontos altos é o trecho da estrada que margeia o lago de furnas, o mar de Minas. É muito lindo o visual e existem ali restaurantes com vista para o lago. Fantástico.
A emoção de começar a ver o nome de Belo Horizonte nas placas indicativas de distância, quando se andou tão longe, vai potencializando a vontade de chegar.
E assim fui, acelerando e controlando a ansiedade, até estacionar a moto na garagem e pensar: agora realmente cheguei. Que aventura. Obrigado meu Deus.
Como é chegar de uma aventura dessas? A realização de um sonho, um sentimento de superação e de dever cumprido, a quebra de um paradigma que te sugere novos horizontes e desafios. Não sou melhor que ninguém por ter realizado essa aventura, mas me sinto melhor que o cara que partiu há 25 dias atrás. Se superei esse desafio com planejamento, foco, coragem e fé, posso superar outros maiores, seja na vida pessoal ou profissional, buscar sempre melhorar, ser uma pessoa melhor no mais amplo sentido que isso possa significar.
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