15º dia de viagem – Potosí – Uyuni

Quando acordei a temperatura em Potosí estava em 2 graus. Mesmo com aquecedor no quarto isso é frio pra caramba (risos). Tomei um bom café, fiz checkout e montei a bagagem na moto. Decidi fazer um ajuste na posição do pedal de câmbio da moto, e isso levou aproximadamente uma hora, por causa da dificuldade em retirar o pedal para reposiciona-lo.

GPS apontado para Uyuni, parti. Logo na saída comecei a estranhar que a distância indicada era maior do que eu havia pesquisado. Tive uma grande dificuldade para sair de dentro da cidade, por causa da grande quantidade de carros e ruas apertadas. Na saída da cidade, parei na estación de serviçio (posto de gasolina) e resolvi confirmar se era a estrada para Uyuni. O cara apontou para uma montanha do outro lado da cidade e me disse: “-você tem que passar por ali.” Voltei pra dentro da cidade enfrentando agora o rush do horário do almoço. Não existe sinalização dentro das cidades bolivianas apontando para as saídas. Até mesmo na estrada é raro ver indicações de cidades e distâncias.

Finalmente peguei a estrada correta. Mais tarde descobri que o mapa da Bolívia, que estou usando no GPS, não tinha a estrada para Uyuni, que foi asfaltada nos últimos 2 anos e traçava uma rota por outras estradas com pelo menos 250 km a mais.

Sobre o GPS, estou com um modelo Garmin de última geração, de automóvel, adaptado para uso na moto, tinha um outro Garmin modelo Zumo, específico para moto, que não resistiu a uma chuva dias antes de iniciar a viagem. Esse modelo Garmin que estou utilizando já vem com o mapa da América do Sul/Central e Flórida atualizado 2015, exceto a Bolívia. Qual seria o motivo para a Garmin não ter o mapa da Bolívia? Só perguntado para o Evo Morales mesmo (risos). Para contornar a situação, baixei um mapa da Bolívia do projeto tracksource e instalei no GPS, mas tem limitações e muitos erros.

A estrada de Potosi a Uyuni é boa, bom asfalto e pouquíssimo trânsito. Eu e a capitão América contornamos belas curvas naquela estrada. O frio era assustador. Se na cidade faziam 2 graus, imagina na estrada. Um vento forte me acompanhou também por um bom tempo. É comum ventos com velocidades superiores a 90 km por hora nessa região da Cordilheira dos Andes. A altitude média era entre 3700m a 4200m. A paisagem era desértica, com muitos cactos, vegetação baixa e rasteira. Em um lugar chamado serra de pelva, havia uma vegetação parecendo um Musgo que tomava conta do pequeno vale e das montanhas. De longe parecia que era aveludado e as montanhas davam a impressão de serem almofadas de um sofá (risos).

As lhamas foram minhas companheiras nesse trecho da viagem. Centenas, milhares delas espalhadas por todos os lados. Atravessam a estrada calmamente quando bem entendem e uma delas veio correndo pela pista contrária, na curva onde eu vinha resolveu mudar para a contra-mão. Foi um belo susto.

Na chegada a Uyuni, você desce uma serra e se depara com a vista de um vale que se perde no horizonte e com a visão do deserto de sal ao longe. Parece aqueles filmes de ficção, onde uma nave está pousando em um outro planeta. É uma visão fantástica, não sei se as fotos vão conseguir mostrar isso.

Chegando na cidade de Uyuni, que tem ares de cidade do velho oeste (risos), você fica impressionado com a quantidade de veículos 4×4 pelas ruas, jipes e caminhonetes, na maioria de agencia de turismo que têm pacotes para o Salar. Os hotéis estão cheios de gringos de todos os cantos do mundo, aventureiros em busca do Salar e Lagunas da região.

No centro de Uyuni tem um monumento do Rali Dakar, que teve uma etapa aqui em 2014.

O Salar de Uyuni é o maior deserto de sal do mundo. Tem 10.582 km quadrados de extensão (extensão maior que do lago Titicaca, por exemplo). 80% da reserva de lítio mundial está nele. Em tempos pré-históricos, era parte de um grande lago que secou e deixou o rastro gigantesco de sal.

Ao chegar a Uyuni, passei no cemitério de trens, máquinas e vagões abandonados no tempo há muitos anos e que viraram uma espécie de atração turística. Eram utilizadas para escoar a produção de minerais bolivianos, principalmente estanho, ouro e prata, para o porto de Antofagasta (1892-1940).

Conheci o hotel de sal, construído com blocos de sal. Muito
Legal.

Amanhã será o dia para explorar o Salar de Uyuni.


Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Para adquirir os livros abaixo, acesse o site do autor: romuloprovetti.com

Livro A caminho do céu - uma viagem de moto pelo Altiplano Andino
A caminho do Atacama
Livro sobre viagem de moto pelo Himalaia
Livro sobre viagem de moto até Ushuaia
Um brasileiro e uma moto no Himalaia indiano