Cambará do Sul

Cambará do Sul ainda não atrai tantos turistas como Gramado e Canela, mas cada vez mais olhares estão voltados para essa região. Por ser a cidade com mais cânions do Brasil – há um total de 60 na região – tem fama de ser um lugar místico.

Nos parques nacionais de Aparados da Serra e da Serra Geral, ficam, respectivamente, as famosas muralhas naturais do Itaimbezinho e da Fortaleza. Chegar às melhores atrações da região requer um pouco de paciência, especialmente no caso do cânion da Fortaleza, cujos 14 km finais da estrada são muito pedregosos (os outros 9 km são asfaltados). Quem se dirige ao cânion do Itaimbezinho encontra uma estrada de terra em estado um pouco melhor.

Neste dia, ficamos de nos encontrar novamente com Valdecir e Fátima que estiveram em Taquara para visitar os pais dela. Ao sair de Gramado, combinamos de nos encontrar em um restaurante na estrada na localidade de Tainhas.

Nesse trecho, um de nossos componentes demonstrou a sua veia aventureira, típica de um “Motoqueiro Selvagem”. Para quem não viu o filme (Wild Dogs, lançado em 2007), companheiros de meia idade frustrados com suas vidas habituais, resolvem partir em viagem e deixar tudo para trás, relógios, celulares, horários e seus problemas. Com estrada excelente e sem trânsito, esse nosso amigo (vamos chamá-lo de Nepo), acelera com vontade a sua potente Harley Davidson Fat Boy, ultrapassando todos os outros participantes numa “fúria desenfreada” e desaparece a frente do grupo, esquecendo-se do encontro marcado na estrada. Um dos componentes ainda tenta alcançá-lo para avisá-lo, porém sem sucesso. Como o dia estava frio e já estávamos próximos de nosso objetivo, paramos, tomamos um café e retornamos viagem. Logo chegamos em Cambará do Sul, porém não avistamos nosso ” Motoqueiro Selvagem”.

Deixamos as roupas no hotel e partimos para almoçar no CTG (Centro de Tradições Gaúchas) do local e apreciamos uma refeição típica. Após o almoço, eu, Daniel e Valdecir (todos com motos Big Trail), resolvemos fazer reconhecimento da estrada em direção ao Cânion Fortaleza. O primeiro trecho é de asfalto mas o restante da estrada é de muitas pedras e, após rodarmos um trecho razoável, retornamos.

Passava das 16 horas e nosso amigo Nepo não tinha aparecido ainda. Ficamos preocupados, pois tentamos ligar diversas vezes sem sucesso. Logo depois, finalmente, conseguimos falar com ele. Ele se encontrava em Caxias do Sul, a 140 km dali. Avisei para ele dormir lá e retornar no dia seguinte, pois passava das 16 horas e já estava bem frio, porém “nosso herói”, disse “não, retorno agora”. Ele chegou em Cambará do Sul à noite e explicou que não olhou no retrovisor quando paramos. Depois retornou para nos encontrar, mas errou o caminho e desceu a Rodovia do Sol até próximo a Torres. Lá, parou em um posto de gasolina onde orientaram o caminho a pegar, mas novamente passou pela entrada de Cambará e seguiu até Caxias do Sul. Em resumo, nosso “Motoqueiro Selvagem” teve pequeno desvio de mais 380 km aproximadamente. (Segundo lenda local, ele foi resgatado pela Polícia Rodoviária na entrada da cidade, congelado e com um cigarro preso nos lábios, tentando engrenar o ponto morto em sua moto). Estava ali, sendo criada a lenda do “Wild Dog” macaense.


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