Vicksburg (MI)

A decisão de permanecer mais um dia em Vicksburg foi das mais acertadas. Trata-se de uma cidade com uma importância histórica muito grande, como veremos mais adiante, e que preserva com carinho uma arquitetura, a meu ver de leigo no assunto, com forte influencia européia. Para curti-la e admirá-la você precisa ir ao Historic Downtown, estacionar a moto e andar a pé.

Como eu precisava encontrar um café, pensei em juntar o útil ao agradável e lá fui eu para o centro histórico. Parei a moto e comecei a fazer fotos de construções antigas. Era uma atrás da outra, mas muito bem cuidadas e uma grande quantidade de igrejas.

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Outra coisa que chama a atenção na cidade é a quantidade de livrarias, cafés e galerias de arte, algumas com ênfase no blues e tudo que se relaciona a ele, além de galerias ao ar livre, como é o caso dos painéis ao longo do Rio Yazoo.

E foi ao lado da Livraria Loreley que ví o meu café, o Café 61. Para variar, na sobreloja, o café tem um ateliê de pintura, onde o artista expõe e negocia seus quadros. Como só gosto de quadros de “pelado artístico” nem me aventurei a subir. Fiz meu pedido e aguardei mineiramente sentado na mesa da calçada, observando o Yazoo (afluente do Mississipi) passando tranquilamente lá em baixo. Muito legal.

O café é um tal de “bagel” com creme de queijo e um chocolate misturado com um monte de coisas que nem ousei pedir para que a atendente repetisse o nome. Fiz de conta que entendi tudo, com cara de inteligente, entremeando “shure” com a “litle bit” e aguardei impávido. Não sei o que era, mas estava uma delícia…

Marcha para o Oeste

Quando estou quase terminando, eis que chega um casal e o cara, com uma camisa da Harley-Davidson, me pergunta o ano da Helô. Pronto, foi o ponto de partida para mais um bate-papo. Eles são Tailandeses e irmãos. Ela se chama Kady e vive há 23 anos nos Estados Unidos. Ele, que se chama Lon, vive na Tailândia, tem uma Harley-Davidson e veio para visitar a irmã e participar da festa dos 110 anos da HD. Ele esteve em Milwaukee onde alugou uma moto e participou da festa, mas disse que não gostou, o negócio dele é estrada e sozinho (conheço um cara que pensa dessa forma). Conversamos sobre minha viagem, a compra da moto, minha volta para o Brasil, trocamos cartões, telefones e e-mails, além dos tradicionais votos de boa viagem e “ride safe”. Embora um conhecimento muito rápido e, aparentemente, superficial a despedida sempre nos traz uma ponta de emoção. Grande abraço para Kady e Lon, foi muito bom encontrá-los

Marcha para o Oeste

Após as despedidas, montei na Helô e fui um pouco mais à frente para fazer o retorno e tomo um baita susto: um barco do Mississipi estacionado ao lado da calçada. Parei a Helô e fui ver do que se tratava. Para variar era parte do museu do Rio Mississipi. Você entra por um prédio cujo desenho lembra um barco do rio e, após admirar e conhecer a história do rio, através de uma passarela você entra num autêntico barco do Mississipi, trazido do rio e montado ali ao lado e em excelente estado de conservação. Acredito até que pode navegar com tranquilidade.

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O grande problema de fazer essas fotos é que de vez em quando passa alguma coisa que nos tira a atenção. Embora eu seja disciplinado quando estou registrando algo com minha desconjuntada Sony ,apenas duas coisa me tiram do sério.

Marcha para o Oeste

Após a coxuda do cachorro sem rabo e o Pontiac GTO cruzarem meu caminho, meu lado mineiro acordou e pensei: aqui deve haver uma estação de trem, nem que esteja desativada e pus mãos à obra. Saí na captura da estação perdida. Não precisei andar muito, uma belíssima estação, transformada em museu, estava lá à minha espera às margens do Yazoo. Que visão maravilhosa!

Claro que eu entrei no Museu ferroviário, administrado por um simpático casal de idosos, voluntários (o que é muito comum aqui, a participação voluntária dos cidadãos em atividades comunitárias) e que me receberam como se eu fosse uma visita ansiosamente aguardada. Muito simpática a preocupação deles em saber de onde eu era, o que estava achando da cidade, se precisava de algo e coisas do gênero. Pode ser apenas por educação, mas impressiona e faz bem. O senhor fez questão de ligar a maquete com a miniatura dos trens e de mostrar algumas das réplicas em miniatura de barcos que navegaram no Mississipi.

Marcha para o Oeste

Na cidade está localizado o Vicksburg National Military Park cuja entrada é ao lado do motel em que estou (um Motel 6 de 45 obamas com desconto de 10% para velhos da AARP – meu caso). O Park abrange a área onde ocorreu a batalha chave da guerra civil americana. A batalha pelo controle do Rio Mississipi ao sul de Cairo (Illinois) visando isolar Texas, Arkansas e a maior parte da Louisiana, região onde o Sul buscava recrutas e suprimentos. Esta batalha durou de outubro de 1862 a 4 de Julho de 1863 quando Vicksburg finalmente assinou a rendição ao General Grant. Como vocês veem, motociclismo também é cultura.

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O Vicksburg National Military Park é, para os americanos, como se fora um campo santo. Em apenas dois locais é permitido fazer piquenique. Não se escuta música, mesmo em volume baixo. Todos tem uma atitude respeitosa e as conversas se dão em tom que não incomodam ninguém. O único som mais grave, mas que, na minha apaixonada opinião, não quebrava em nada a solenidade do local, muito pelo contrário, eram os motores V8 girando em baixas rotações lembrando o distante troar de canhões. Mas isso na minha opinião que não vale absolutamente nada.

Imbuído de um fervor cívico e preocupado com a situação mundial, empolguei-me e fiz um discurso onde a linha mestra foi estabelecer parâmetros para a política externa desta grande nação.

Parece que não apreciaram muito minhas ideias visto que me algemaram e me despacharam num vagão que era utilizado para levar loucos perigosos para o manicômio. Injustiça !!!!

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