Leadville (CO) – Silt (CO)

ASPEN (CO) – Engraçado que Aspen não estava nos meus planos (a bem da verdade eu não tenho planos) e a ideia era sair de Leadsville e ir para Boulder por estradas secundárias, mas depois da “vaca” de ontem, resolvi que Aspen seria um desafio à altura do momento pelo qual eu passava. Nada como seguir a intuição.

A estrada é cinematográfica, uma serra sem acostamento e guard-rails que isso é coisa de coxinha. Ângulo de subida pronunciado, curvas em cotovelo e uma pista estreita que mal dá para dois carros. Mas o visual é lindíssimo, apesar do perigo que representa uma pequena distração naquelas condições. Só quando a paisagem estava na minha frente é que eu arriscava uma olhadinha.

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A descida, embora não tenha os abismos tão radicais, em alguns trechos não dá mesmo para dois carros, isso sem falar nos trechos em que a terra corre para a estrada. Valeu a pena, a sensação de dominar a moto, sem presepadas e sem riscos desnecessários, apenas sabendo que está utilizando toda a sua bagagem e experiencia, tornando a viagem segura e prazerosa. Realmente, hoje foi um dia que lavou a alma.

Marcha para o Oeste

Quando eu ia chegando no famoso “Independence Pass”, o ponto culminante da serra, vejo dois ciclistas chegando pedalando. Pomba, esse morro tem quase 4.000 metros de altura, pensei, eles devem estar sem fala. Qual nada, os caras vieram conversar comigo e perguntaram se eu vim de moto desde o Brasil. Morri de vergonha e confessei que não, mas limpei minha barra dizendo que foi por problemas diplomáticos (a taxa… de corrupção estava em alta). Depois disso, eles pegaram barras de cereais, energizantes e hidrantes e me perguntaram se eu estava servido, aí foi minha vez de tirar uma onda: “- No meu país a Embrapa desenvolveu um tipo de banana que além disso tudo ainda tem um toque de Jack Daniels para ajudar a firmar o caráter”. E, sossegadamente, sentado ao pé do letreiro, comecei a saborear a bananinha que levei do Brasil ( claro que foi roubada do hotel, pô).

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Passei um bom tempo passeando pela cidade, que é lindíssima e muito bem frequentada (eu era a exceção, naturalmente). Os hotéis, caríssimos, já me escanteavam para uma cidade próxima (Silt), mas ainda assim deu para sentir o astral. Imagino na alta estação (inverno), quando o Independence Pass fica fechado, deixando Aspen isolada por terra.

Uma coisa que me chamou a atenção foi a quantidade de cãezinhos de estimação, impressionante. Eles levam os totós presos a uma espécie de trena e o bichinho anda uns 10 metros na frente do dono. A maioria é velho de cabelo pintado (cores assombrosas). Um amigo sugeriu que eu pintasse o cabelo de verde-oliva, mas acho que não ficaria bem. Além do mais, para mim, lugar de cachorro é no habitat dele: a casa dos outros.

Os preços de hotéis e restaurantes fizeram com que eu fugisse dali como o cramunhão foge da cruz. Peguei um pouco de chuva na saída, mas nada muito sério. Assim, fui pilotando na boa, até chegar a Silt, uma simpática cidadezinha a 60 milhas de Aspen e com preços honestos. Acabei ficando mais um dia para conhecer a região.

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