Hoje cheguei a Cañon City, depois de uma viagem por uma longa e monótona Highway. Como cheguei cedo, fui procurar a estação de trem. Ao entrar numa rua sossegada, vejo um veado calmamente pastando no jardim de uma casa.


Parei a moto, sem desligar o motor, consegui pegar a câmera fotográfica que estava no bagageiro e, usando o zoom pela primeira vez (dá pra perceber, né) consegui fazer as fotos antes que ele fosse para a parte de trás da casa. Todos respeitam os bichos e procuram não assusta-los. Em Pikes Peak Mountain consegui filmar um que pastava à beira da estrada. Por isso, acho muito perigoso o excesso de velocidade em áreas que são o habitat deles, é muito comum vê-los cruzando as estradas com a família.

Mais uma estação caprichosamente preservada dando lucro e gerando emprego. Eles mantém um trem, que faz três viagens diárias, cumprindo a chamada “Royal Gorge Route” ao lado e ao longo do Rio Arkansas, que corre entre paredes de granito com mais de 300 metros de altura do Royal Gorge. O trem oferece classes de serviço diferenciadas, inclusive servindo almoço ou jantar, dependendo do horário escolhido. Como sempre, os gringos sabem ganhar dinheiro até com o que já ficou obsoleto.


Passei quase a tarde toda curtindo a estação e os velhos trens. O problema é que, como não poderia deixar de acontecer, muitas lembranças afloraram: o apito da Maria Fumaça; minha avó confessando que seu sonho era ser maquinista; as primeiras locomotivas a diesel apelidadas de “lambretinhas”; o “Galo Cego” que nos levava a São Geraldo de graça (não dava tempo do cobrador chegar e ele também não se importava); a mijada no vaso que dava diretamente para a linha (não era de bom tom usar o vaso com o trem parado na estação) e toda aquela gente dos Rodrigues Silva, que chegava e partia, trazendo alegria e deixando saudades. Parece que uma última composição levou-os a todos, não adianta eu ficar esperando, tenho que me conformar e, com calma e serenidade, esperar pelo meu trem…
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