Zen e a arte de manutenção das motocicletas relata a busca do equilíbrio e da unidade frente às tensões e pressões do mundo contemporâneo. Atravessando de moto as planícies americanas com seu filho na garupa, o narrador refaz toda a sua trajetória de vida e de seu relacionamento com uma figura fantasmagórica. O final é tão inesperado quanto extraordinário.
Mais do que escrever um simples e banal romance, o autor preocupa-se sobretudo em dar à sua obra um caráter existencialista. Assim, por meio de um percurso pessoal, de âmbito filosofico e espiritual, tenta levar o leitor a meditar sobre o valor real da vida, nas sua facetas racionais, humanistas e transcendentes.
Escrito num estilo acessível para a maioria dos leigos na filosofia, o humor se mistura com as contingências vivênciais do dia a dia. Esta obra tornou-se um clássico da literatura contemporânea, graças à contemporaneadade do seu assunto: a constatação dos antagonismos da existência.
A obra descreve a travessia da América, por estrada, numa motocicleta, cujos principais personagens são pai e filho. Durante a travessia, as necessidades de manutenção e reparação da motocicleta servem de referências metafóricas a uma bonita e desprendida aventura, que acaba na reconciliação do homem com a sua natureza e a sua condição. Reconciliação que passa pela tentativa da construção de uma forma de ser e estar, onde se conjugam valores ocidentais e valores orientais (tal como o título assim sugere).
A inovação trazida pelo autor através do seus textos a princípio muito enjeitados (consta no Guinness como a obra que mais vezes foi rejeitada pelas potenciais editoras, 121 vezes no total) e depois adorados, tanto pelos leitores como pelos críticos, com cerca de 5 milhões de exemplares vendidos, consiste essa inovação, como diziamos, numa conjugação rara que potencia a interpenetração de culturas.
Tratando-se de um fato notável, na época, isso faz desta obra um livro pertinente ainda nos dias de hoje. Apesar de marcada pela controvérsia desde o seu nascimento, os antagonismos interpretativos do momento da edição foram, aos poucos e poucos, diluidos no tempo, convertendo o livro numa referência da literatura, imprescindível para figurar em qualquer biblioteca. Não sendo assim uma obra consensual, ela baseia nisso o seu êxito, tanto mais que continua a pôr em confronto o ideário ocidental e oriental. Enfim, um livro fascinante e atual, que ainda inspira milhões de pessoas.
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