Route 3 – Oregon – Mais uma das 15 estradas tops desbravada

La Grande (OR) – Clarkston (WA) – 13 de julho

Hoje a Route 3, estrada que é um ícone para os motociclistas americanos e incluída entre as 15 melhores rotas dos Estados Unidos para percorrer com uma motocicleta, foi desbravada pela minha nobre e fiel companheira. A Helô tem corrigido até mesmo minhas “braçadas” que, convenhamos, ao longo de 40 dias, 17 estados percorridos e pilotada por um coxa com os sentidos embotados pelo tempo à mais do que razoável que aconteçam.

Lembram-se do ano passado, quando tentei sair com a trava de segurança na roda dianteira? Coisas do genêro que acontecem com os melhores motociclistas, imaginem com um velho cujos sentidos só pegam no tranco, funcionam irregularmente e nem todos simultâneamente? Isso me obriga a usar certos artifícios para aumentar minha margem de segurança. Posso resumir da seguinte forma: meu nivel de risco está diretamente associado à minha capacidade de identificar um obstáculo, decidir o que fazer e executar a manobra para evitar (ou minimizar, em alguns casos) o obstáculo. Podemos dizer, portanto, que são 3 ações: PerceberDecidirExecutar. Quanto mais cedo você perceber o obstáculo mais tempo e espaço você terá para decidir e executar a manobra evasiva. Com o tempo e com a vivência de estrada a gente vai descobrindo uma série de macetes que compensam o “desgaste do material” (um elegante apelido para a velhice).

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Bem, mas vamos falar do desafio de hoje. Na realidade eu já sabia que o enfrentaria, apenas não gosto de anunciar de véspera para não criar expectativas. De imediato digo que valeu a pena. Ele consiste de duas estradas que na prática é uma só, a Route 3 no Oregon, conhecida como “Anatone Grade” e a Route 129 em Washington também chamada de “Rattlesnake Grade”. Elas ligam a cidade de Enterprise (OR) a Clarkston (WA) com uma extensão de 156 milhas. Atravessa a Wallowa-Whitman National Forest que, com a vegetação característica daquela região, se estende até o Canadá e sempre (acho até que é coisa cenográfica só para me impressionar) com um rio correndo ao lado da estrada.

Viagem de moto pelos Estados Unidos

Ela vai subindo na direção da divisa com Washington levando-nos ao Joseph Canyon Viewpoint ainda do lado do Oregon, onde dá para se ter uma noção da grandiosidade da obra que a natureza me presenteou. Não só a mim, como a inúmeros motociclistas que fazem seu ponto de parada lá no alto.

Viagem de moto pelos Estados Unidos

Depois a paisagem muda e começamos a descer pelas paredes internas do canyon onde vamos encontrar o marco da divisa dos estados de Oregon e Washington.

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Tanto na subida como na descida fiz um monte de fotos enquanto pilotava (hoje foram quase 200), mas em determinados momentos a coisa complicava um pouco pois as curvas, na descida, são bem apertadas e acabei parando com as fotos pois o risco de fazer lambança começou a aumentar e a segurança falou mais alto.

Toda essaárea é completamente deserta, apenas um posto de gasolina 80 milhas após sair de Enterprise e depois mais nada. No Joseph Canyon Viewpoint existem apenas banheiros limpos e só. Com o sol maltratando e depois de rodar quase 130 milhas, ao final da descida, em frente a um riacho uma placa: “Boggan’s Oasis” com várias motos estacionadas.

Viagem de moto pelos Estados Unidos

Meus amigos, uma lanchonete charmosa, a proprietária, uma senhora elétrica (como o são todas as magrinhas) e simpaticíssima me atendeu e comi como um condenado. Pela primeira vez achei gostoso aquele tal de “hashbrown” (eu juro que aquilo é feita de tenras e finas fatias de isopor).

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Tinham vários motociclistas comendo e todos falaram comigo, nem que fosse aquele grunhido que até hoje eu não entendo o que é, mas eu também rosno de volta e está tudo certo.

De qualquer forma foi um dia altamente produtivo, uma pena que ao ligar a TV me deparo com os hermanos dançando polca em pleno Maracanã… sacanagem… acho que nem vou dormir hoje, já pensaram, torcer para a Argentina? Pelo menos o grito de guerra já está bolado: “Arriba hijos de una putana, vamos a ganar esta mierda!“. Pode não ser politicamente correto, mas foi o que deu para arrumar.

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