Em caso de de dúvida pegue a US-61 e siga o Mississippi

Burnsville (MI) – Westby (WI) – 25 de julho

Ontem, na conversa que tive com o Chad na rest area, ele me deu tantas indicações de roteiros para fugir das grandes highways que fiquei meio confuso e ele percebeu (quando tento fazer cara de inteligente a ignorância salta aos olhos). Então, para resumir, ele me disse em inglês o que traduzi para: “em caso de dúvida pegue a US-61 e siga o Mississippi”.

Adorei a frase, parece nome de filme do famoso “bacalhau” (Randolph Scott). Apenas um detalhe, esqueci de perguntar em que direção, mas sejamos francos, seguir o Mississippi em qualquer direção é como sexo, pode não ter sido uma maravilha, mas sempre vale a pena.

Deixando a religião de lado, prossigamos.

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Até pegar a 61 atravessei várias fazendas, rodando umas 45 milhas. O tempo todo atravessando plantações de milho, às vezes um povoado mínimo (mas com belas casas) da gente que trabalha naquelas lavouras.

O tempo todo da viagem pelo centro-oeste americano, centenas e centenas de milhas, foi atravessando lavouras de todos os tipos: milho, amendoim, girassol e outras que não consegui identificar. Todas altamente mecanizadas (e acredito que informatizadas) usando fontes de energia alternativas (eólica ou solar) e com uma infra-estrutura de rodovias, ferrovias e hidrovias que facilita tremendamente o escoamento da produção. Ainda assim no Brasil, com todas as suas limitações e dificuldades, o agro-negócio consegue competir e, na maioria das vezes, vencer essa potência.

Viagem de moto pelos Estados Unidos

Claro que existem os fatores climáticos, etc., mas a luta deve ser tremenda. Para atrapalhar ainda temos um grupo de “eco-tontos”, especialistas no Código Florestal sem jamais ter lido uma linha sequer, que não tem a menor noção do que seja o movimento “Farms here, forest there”. Perdoem a ousadia de entrar no tema, mal consigo me equilibrar em cima da Helô e estou deitando falação sobre agricultura. Que velho atrevido, direis…

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Voltemos ao assunto: encontrei a US-61 numa pequena cidade chamada Red Wing (MN) em homenagem a um chefe índio da tribo Sioux. A cidade tem cerca de 15.000 habitantes (considerada média para o padrões da região) e é daquelas que dá vontade de parar e passar o dia andando. Fica às margens do Mississippi, as construções antigas de tijolos vermelhos, nas ruas vasos de plantas naturais pendem dos postes como que saudando os passantes, principalmente um velho motoqueiro empoeirado e marcado pelas estradas da vida. Muito bonita a cidade do chefe Red Wing.

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Sobre a 61 não tenho muito o que falar, posso resumir da seguinte forma: pensem numa estrada com o piso excelente, margeando fielmente o Mississippi que está à sua esquerda, acompanhando todas as suas curvas, mas sem deixar, quando preciso, de subir ou descer de acordo com a topografia da Richard J. Dorer Forest que está à sua direita. De vez em quando uma marina coalhada de lanchas e veleiros ou pequenos remansos formadas por uma curva preguiçosa do Mississippi. Uma estrada para motociclista nenhum botar defeito.

E foi assim, bailando com a Helô numa bela estrada, que chegamos ao nosso destino, uma cidade chamada Westby no Wisconsin.

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