Going-to-the-Sun Road, uma estrada fantástica

Glacier National Park (MT) – Great Falls (MT) – 16 de julho

Confesso que a primeira vez em que li esse nome no ano passado, grafado dessa forma, o danado jamais me saiu da cabeça. Quando recebi a já famosa lista das 15 melhores estradas para motos, que o Carlos Schaeffer me enviou, fui direto para o Mr. Gúgol ler um pouco mais sobre cada uma delas.

De cara descartei umas duas pois não estavam dentro do que eu procurava e outras por estarem muito distantes da região onde eu estava.

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Mal sabia eu que a cada uma que acrescentava à lista o número 15 me acenava cada vez mais entusiasmado não me deixando alternativa a não ser completa-las, mesmo as que eu já tinha feito em anos anteriores. A partir daí, montei meu roteiro mirando a “Going-to-the-Sun” incluindo todas as que me permitirão o “Royal Street Flash”.

Foi assim que, juntos, faturamos oito delas, até o momento. Se juntarmos às outras 3 pelas quais já tínhamos passado, o saldo está excelente. Tudo isso para falarmos na espetacular “Going-to-the-Sun”.

Viagem de moto pelos Estados Unidos

Eu estava em Kalispell (MT) a 26 milhas do Glacier National Park. A região ferve de motociclistas, turistas e jogadores pois aqui é território indígena, me parece dos “blackfeet”, e eles aprenderam direitinho como ganhar dinheiro de quem adora perde-lo. Os jogadores vão jogar, os turistas turistar e os motociclistas, como de hábito, atarrachar a cara de mau que esconde o coxinha que mora no coração de cada um de nós.

Cara de mau atarrachada, monto na Helô e partimos para o Glacier National Park. O bichão fica a noroeste de Montana e tem cerca de 4.000 km2. Uma pequena parte faz divisa com o Canada (British Columbia e Alberta). As duas cadeias de montanhas que o compõem (no lado do USA) fazem parte das Montanhas Rochosas e têm mais de 150 picos acima dos 8.000 pés. O parque tem um ecossistema praticamente virgem e considerado um dos maiores do Estados Unidos.

Após deixar meus 12 dólares, com direito a uma semana de idas e vindas, vou direto ao Visitors Center para fazer a foto junto à placa e absorver um pouco daquele clima de “happening” tão comum nesses locais da gringolandia.

Rodo mais umas 2 ou 3 milhas e encontro meu objetivo, a “Sun” (comecei a chama-la com a intimidade de quem sonhou com ela por muitas luas). Como cartão de visita a primeira visão imponente: o Lago McDonald. Com mais de 10 milhas de extensão acompanha a estrada tornando difícil pilotar sem olhar as montanhas refletidas nas suaságuas mansas. Melhor parar, curtir, fotografar, orar e agradecer aquele momento mágico.

Viagem de moto pelos Estados Unidos

Após essas 10 milhas outras surpresas nos aguardavam. Montanhas, muitas com glaciares nos seus picos, observando se estávamos fazendo o contra-esterço corretamente nas curvas, se a redução de marchas está adequada àquela curva específica, se o olhar no ponto de tangência aconteceu naturalmente e, entre si, definiam uma nota para nossa pilotagem ! Olha, não posso jurar que elas faziam isso, embora tenha quase certeza que sim, de minha parte tratava de fazer meu trabalho para evitar ser chamado a atenção. Acho que me saí bem….Acho !

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A estrada corta o parque no sentido “Est to West”, cruza o Continental Divide (seja lá o que isso signifique, pelo menos não paguei pedágio) quando atravessamos o Logan Pass a 7.000 pés de altitude.

Viagem de moto pelos Estados Unidos

Mas para atravessar essa goiaba, você pega uma estrada linda e que exige muito cuidado. Trata-se de um feito de engenharia impressionante para os dias de hoje, imaginem na década de 30 (do século passado) quando foi construída escavada na rocha! As muretas de proteção são baixinhas (talvez uns 50 cm de altura), além disso existem vários pontos em que o degelo forma uma cascata na lateral da pista inundando-a. Em outros pontos temos neve nas laterais da pista, isso sem contar que os despenhadeiros são de meter medo a quem tem cagaço de altura como é o meu caso.

Mas não adianta, você tem medo, sabe dos riscos, mas vai lá e encara novamente. É mais ou menos como dizia meu pai quando eu aparecia com um carro caindo aos pedaços: “-Homem quando cisma de comprar carro velho e casar com puta não adianta dar conselho!” … É, acho que hoje ele acrescentaria: “e andar de moto depois de velho!”.

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