No dia seguinte, acordamos com muita chuva. O Felipe, proprietário do hotel e motociclista experiente de big trail (pilota uma KTM), nos desaconselhou seguirmos pela BR-101 para Itajaí, que estava muito movimentada, com trânsito intenso, ainda mais com chuva. Também avaliou que o problema não impediria que seguíssemos viagem.
Conversando com alguns mecânicos conhecidos por telefone, todos nos aconselharam seguir viagem. Foi o que fizemos. Seguimos a sugestão do Felipe e voltamos até Lages, para subir para Curitiba/PR pela BR-116, Rodovia Régis Bittencourt. Nesse trecho a Régis não é duplicada, mas o asfalto é muito bom e acho que foi a melhor escolha. Os aplicativos Waze e Google Maps, de fato, nos mostravam vários pontos vermelhos na BR 101, indicando trânsito intenso e até mesmo retenções.
Mas nesse dia a chuva não deu trégua. Foram 710 km até Registro (SP) debaixo de chuva. Demoramos umas 12 horas para cobrir o percurso. Numa parada em Curitiba, Luciano notou que a pastilha traseira da sua moto estava nas últimas. Como tinha uma pequena oficina no posto e ele havia levado um jogo de pastilhas reservas, a troca foi feita pelo atencioso mecânico ali mesmo.
Mais adiante, uns 100 km antes de Registro, o painel da minha moto apagou por completo. A moto funcionava, mas fiquei somente com o farol baixo. Encostamos num posto e liguei para o Stêfanes que pediu para verificar os fusíveis. De fato, o fusível central estava com mal contato, provavelmente pela chuva intensa e excesso de vibração em virtude do piso ruim que pegamos nos últimos dias. Fusível limpo e no lugar, seguimos para o destino, não sem antes sermos parados pela PRF, inclusive com direito a bafômetro. Chegamos meio mortos e molhados a Registro, às 21h, no já conhecido de outras viagens Lito Hotel. Foi a conta de comermos algo em um restaurante perto do hotel e desmaiarmos. Só faltava mais um dia, mas prevíamos uma viagem debaixo de chuva.
Dormirmos um pouco mais e saímos de Registro por volta das 9h, com o tempo fechado, mas muito quente. Saimos com as capas de chuva, já prevendo aguaceiro pelo caminho, mas ele não veio e fomos tirando as proteções pelo caminho.
Já havíamos visto que as obras da Serra do Cafezal, na Regis Bittencourt, haviam sido entregues no final do ano. Assim, resolvemos subir a serra e, de fato, o trânsito não tinha retenções. Apesar de que, no início da serra, para quem sobe sentido São Paulo, ainda há obras na pista antiga, gerando um certo engarrafamento devido ao grande número de caminhões. É aquela velha história do Brasil de entregar obra pública sem ter de fato terminado.
Retenção pegamos mais adiante, perto de Embu das Artes, também devido a obras na pista. Tivemos de fazer alguns malabarismos com as motos entre os carros pra evitar ficarmos parados sob um calor bravo. Logo depois, saímos pelo Rodoanel em direção a Itú, Jundiaí, Louveira e Itatiba, onde fizemos a última parada para almoço (sanduiche, pra variar) e abastecimento.
Logo depois pegamos a Rodovia Dom Pedro I e desaguamos na Fernão Dias, no ‘terreiro’ de casa. Logo após Pouso Alegre, já em Minas Gerais, fizemos, aí sim, a última parada, para uma água e um banheiro, para logo chegarmos ao trevo do Circuito das Águas, que leva a Campanha e Caxambu, onde meu irmão mora. Paramos para a última das fotos, depois de 538 km nesse dia e 9.436 km no total.
Foram 17 dias inesquecíveis com a ótima companhia do meu irmão, Luciano, já companheiro de outras viagens. As motos procederam muito bem, o que nos deu segurança durante toda a viagem. Trouxemos muitas lições para casa e também novas amizades amealhadas ao longo das Carreteras de Fuego. Fizemos muitas fotos, mas com certeza aquilo que ficou gravado na retina é um tesouro inestimável. Como diz um amigo mineiro, Vamo Rodá!
Deixe um comentário