146° dia – 19/09/13 – 5a. feira – Hushuaia/ Rio Gallegos (Argentina) +-500km
Dia e hora de ir embora… Um desayuno simples de hostal, bagagem pronta, fotos com os novos amigos na frente dele com as tábuas de distâncias e pau na máquina que temos (vcs. estão juntos, né?…) muito caminho pela frente.
Mas que nada… Não dá pra tocar com pressa… É cada paisagem de tirar o folego! E aí paramos (tá todo mundo ainda na garupa, né?) a cada lance.
Mas o problema foi parar no “acoxamento”. Já sabia que ia ser complicado, mas o pára brisas (ou screen shield que fica mais chique) estava cheio de gelo e neve e não estava enxergando nada e tinha que parar pra limpar. Ok, aproveitamos para mais fotos, mas depois foi o perrengue. Coloquei a roda dianteira a 45graus e ela começou a deslizar ameaçadoramente… Manobramos (vcs. não me abandonaram, né?) e nada… Mais duas manobras e a roda dianteira consegue subir os 3 dedos de desnível. É pouco, mas na hora parece uma parede… Agora é a traseira. Ok, é bem mais fácil. Apesar do peso da Fat (moto, não o dono…) a faço dar um meio cavalo-de-pau até embicar 90 graus em relação à pista.
Ok, vombora… A temperatura é de 3 negativos e a sensação térmica de -10. A pista está coberta de restos de gelo e neve. O cuidado redobra porque essa leitura de piso é nova pra mim. Os autos e jeeps me ultrapassam jogando neve gelada sem dó nem piedade e ainda meiando a pista. Perco a paciência? Nunca… Estou (estamos, né?) num lugar abençoado e não merecemos esse sentimento. Seguimos em frente e o tempo começa melhorar. Agora é só chuva… Penso em voltar pro hostal e esperar mais um dia. Só penso. Sigo em frente na expectativa (ou certeza) que vai ficar tudo melhor.
Acho que sou um sujeito de sorte e abençoado (obrigado a todos…). Até quando as coisas estão erradas dá tudo certo… O tempo foi melhorando, o sol abriu e a temperatura subiu para zero grau. O Paso Garibaldi é m.a.r.a.v.i.l.h.o.s.o. Pode quase se comparar ao Atigun Pass do Alaska. São diferentes, mas os dois são um espetáculo.
Chegamos na fronteira Argentina com Chile. Aquela burocracia de sempre… Não adianta, o que um oficial americano faz sozinho aqui precisa de um batalhão de burocratas.
Logo em seguida, pegamos o trecho de ripio mal conservado e fui a 40 km/h, poupando o amortecedor dianteiro. Depois da fronteira com Chile as condições melhoraram por conta de manutenção de pista, mas vou menos rápido que na ida pois o vento contra me faz cambiar de 6a para 5a marcha seguidamente. Coitada da Fat, toda imunda de poeira e lama e com amortecedor vazando óleo… Até parece que fez cross…
Aliás, a leitura de piso nessas condições tem que ser imediata, instantânea, não permitindo nenhuma distração ou vacilo.
Na outra fronteira Chile / Argentina coloco os adesivos Águias de Aço e PHD que não tinha lá (“onde está Wally?”…).
No caminho todo, muitos guanacos sempre ariscos. Paro e tento tirar fotos, mas fogem pulando com facilidade as cercas de arame.
Na travessia do Estreito de Magalhães, novas paisagens soberbas.
O entardecer me (nos) brinda com imagens maravilhosas de um pôr de sol de um lado e o nascer da lua do outro. Na foto da lua aparecem uns brilhos estranhos (tem que ampliar) como se fossem insetos minúsculos, mas tenho convicção que eram vibrações positivas de vcs…
Já noite, chego em Rio Gallegos e fico no primeiro hostal que encontro. Bom preço e a dona, uma senhora simpática, me colocou num quarto com um rapaz argentino mal humorado.
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