No dia seguinte, sabíamos que teríamos uma das “pedreiras” a serem enfrentadas nessa viagem de moto pela América do Sul, subir a Cordilheira dos Andes. Por recomendação de viajantes experientes, compramos Sorojchi Pills, remédio a base de cafeína que serve para alívio do mal da altitude e tomamos logo no café da manhã.
Seguimos pela Interoceânica Sur através da qual atravessaríamos a Cordilheira dos Andes em sua parte mais elevada.
Seguimos pela Floresta Amazônica e pelos Andes Peruanos até Mazuco por 201km e atingimos a altitude de 4.147m. Ali estavam previstos o abastecimento e colocação de agasalhos. Porém o calor inclemente fez com que adiássemos a colocação de roupas de frio e uma greve dos frentistas dos Grifos (Postos de gasolina), começava a atrapalhar nossos planos.
Paramos após rodar um bom trecho e um piloto de tuc-tuc, nos indicou uma pequena “birosca” onde vendiam gasolina (durante boa parte da viagem, a venda de gasolina seria nesses pequenos “postos” de abastecimento).
Continuamos seguindo em frente e após aproximadamente 30km começou a chover. Reforçamos as roupas de frio e pegamos muita chuva, frio e neblina. Paisagens belíssimas, formada pela vegetação da floresta, montanhas e rios acompanhavam nossa subida. Não enxergávamos mais do que 2 metros à nossa frente e cada um do grupo, seguia na sua tocada. Passamos por pequenas cidades no caminho e diversas crianças passavam saindo de suas escolas, brincando com naturalidade naquele frio que para nós era um suplício. Durante a construção dessa estrada, diversos trechos tem passagem de água descendo das montanhas e por medida de economia, a construtora, ao invés de fazer pontes, fez diversos declives onde a água circula e com o tempo, criam limo, tornando perigosa a pilotagem de motos.
Após rodar bastante, numa pilotagem bastante tensa, chegamos ao pico desta primeira parte da viagem, o passo de ABRA PIRUHAYANI, um dos trechos de estrada com maior elevação em toda a Cordilheira dos Andes, com 4725m de altitude, de uma beleza ímpar e com uma pequena tenda à beira da estrada onde a placa de “Trucha Frita”, indicava tratar-se de um pequeno oásis. Local onde se vende de tudo para os passantes, assim como uma maravilhosa truta com batatas, além do chá fervendo de Coca. Ali me lembrei do boliviano que encontramos em Iñapari (fronteira do Peru), que em conversa sobre nossa viagem me disse que “veríamos locais maravilhosos mas em virtude da minha massa corporal, eu teria muitos problemas com a altitude”. Ao descer da moto fui acometido por uma tontura impressionante. Eu estava com vontade de ir ao banheiro urinar e não tive coragem, pois fiquei com medo de desmaiar. Tomei 3 canecos com o chá fervendo e a tonteira não melhorou. Chamei Gata (Lena minha mulher) e avisei ao grupo que iria na frente bem devagar. Andei os primeiros quilômetros à velocidade muito baixa, porém na moto a melhoria foi grande. Logo, o grupo novamente se encontrou e descemos boa parte da Cordilheira à noite.
Chegamos a Urcos e paramos um pouco para localizar a entrada na direção de Ollantaytambo, nosso pouso naquele dia. Ao sair, como era noite, não observamos que um dos pilotos não havia seguido o grupo. Apesar de ter enviado a cada um do grupo um livreto com os mapas com indicações de estradas, locais de pernoite e hotéis, nem todos imprimiram, sendo o caso de Eron. Ao desviar para entrar na direção de Ollantaytambo e fazer a contagem das motos, notamos a falta dele. Paramos num posto de gasolina para esperar e Alessandro retornou de moto até Cuzco para ver se o localizava, porém sem sucesso. Seguimos novamente viagem e a guia Lisa (contratada pelo Tagino), nos aguardava desde cedo. Tentamos de todas as formas enviar mensagens para ele, porém não tivemos acesso por telefone e nem internet. Como sabíamos que pela manhã certamente ele iria verificar a troca de e-mails, ficamos um pouco mais tranquilos.
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