Muitos amigos e conhecidos que me acompanham no site ou no Facebook me perguntam quem é a Brigitte. Outros querem mais informações sobre ela, visto ser um modelo da Yamaha não comercializado no Brasil. Bem, como sempre, minha mania de escrever muito vai obriga-los a conhecer a história desde o seu início.
Como é de conhecimento público, sou um apaixonado pelo motociclismo e pelas grandes viagens solitárias. Após viajar pelos Estados Unidos três anos consecutivos, tentei fazer o mesmo na Europa. Na ocasião analisei três alternativas: levar minha moto, alugar ou comprar uma moto usada e vender ao final da viagem. Esta última alternativa era a que se mostrava economicamente mais interessante.
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Entrei em contato com várias pessoas que, embora prestativas, não sabiam como responder às questões burocráticas que surgiram. Por outro lado, isso só me estimulava a investir mais tempo no projeto e assim comecei a definir a moto que buscaria quando todas as perguntas estivessem respondidas. Partindo de um modelo Custom, ideal para grande viagens, os seguintes itens seriam desejáveis:
- Bagageiros com boa capacidade de carga e, de preferência, trancados com chave. Afinal a moto carregaria toda minha bagagem durante 3 meses.
- Um bom para-brisas. Eu uso óculos e não me adapto a capacetes integrais, além da proteção contra o vento gelado dos Alpes e dos Pirineus. Sem contar pedriscos e insetos ao longo do caminho.
- Banco confortável, de preferência com altura que permitisse, sentado, colocar a sola da bota por inteiro no chão. Além do conforto isso baixa o centro de gravidade, trazendo maior facilidade de condução.
- Motor com torque aparecendo a baixos regimes de rotação.
- Mecânica simples e confiável. A simplicidade acaba por trazer confiabilidade.
- Uma ampla rede de concessionárias na Europa. Isto é fundamental para quem vai rodar por vários países. Já tive viagem interrompida por dois dias pela falta de um pequeno parafuso numa concessionária local.
- Mercado. Eu tinha de levar em conta que venderia a moto ao final da viagem. Esse era o plano de então, logo a marca teria de ter uma boa aceitação no mercado.
- Tinha que ser uma moto e modelo que eu já tivesse pilotado.
Partindo desses pré-requisitos, fiquei entre duas motos: uma delas era a Yamaha Midnight Star 900, que meu amigo Fernando Franco deixou-me pilotar e gostei muito do que vi.
O problema era o para-brisas, para mim mandatório. Mas vamos em frente. Falei com um primo que mora na França e ele disse que, embora não entendesse nada dessas motos atuais, tinha um amigo que trabalhava na área. Ele me colocou em contato com o amigo, falei dos meus planos e ele me convidou para ser uma espécie de embaixador da Yamaha na minha viagem. A Yamaha Motor France emprestaria uma Midnight Star XVS 1300 Tour Classic. Eu não conhecia a moto e quando vi a foto quase cai para trás, tinha exatamente tudo que eu queria, além de uma suspensão traseira mono-choque, bagageiros com chaves e para-brisas também com chave por segurança.
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Peguei a moto no dia 12 de maio de 2015 com 7.000 km e hoje, depois de rodar 8.000 km, posso dar um depoimento com algum conhecimento de causa.
Rodei, e continuo rodando, sob as mais diversas condições. Em geral busco estradas secundárias, onde existem mais curvas e, algumas vezes, o piso não é de tão boa qualidade. A suspensão da moto comporta-se maravilhosamente e, apesar de regulável, não tive necessidade de mexer na mesma. Ela absorve as imperfeições do terreno de uma só vez sem pancada seca e sem “quicar”. Nas curvas o comportamento é exemplar, embora eu não fique balanceando a carga nos bagageiros laterais, ela ignora se há diferenças entre os lados e curva para ambos sem a menor dificuldade ou “reboladas”.
Nas subidas e descidas com curvas radicais, como no Col de Turini, Furka Pass, Route de Gentley, Gourges Du Verdon e tantos outros por onde passamos, não tive o menor problema e o desempenho dela foi me deixando cada vez mais à vontade. Em alguns trechos peguei muita chuva. No Furka Pass cheguei a pegar neve, mas a aderência ao solo foi sempre o ponto alto da moto. Acredito que o centro de gravidade baixo, aliado a seu peso e bons pneus, trouxe um resultado excelente.
Em algumas ocasiões eu queria chegar mais rápido ao meu destino e optava pelas autoestradas, onde a velocidade máxima é de 130 km/h, sem o menor problema. Mesmo em regiões onde havia vento de través, ela mantinha a trajetória sem me dar sustos. Acredito que o perfil baixo e o CG da XVS ajudam muito a minimizar o efeito do vento lateral.
Outro ponto positivo da XVS é sua autonomia. Um tanque de 19 litros com 3,7 litros de reserva. Quando entra na reserva, além de acender a luz, o hodômetro de viagem dá lugar a um hodômetro da reserva, que vai marcando quantos quilômetros você está rodando com a reserva. Se você sabe a autonomia da reserva, ajuda muito.
O consumo, em média, ficou na faixa dos 18 km por litro. Em uma condução mais suave, eu fazia 20 km por litro, mas quando pegava os trechos em que exigia muito das reduções, subidas ou nas autoestrada a 130 a 140 km/h, caia para 16 a 17 km litro.
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Bem, então a moto é perfeita? Não, não é perfeita. Até porque aquilo que é qualidade para mim pode ser defeito para outro. No meu caso, para o tipo de viagem e forma de pilotar que adoto, acho a primeira marcha muito longa. Se fosse mais curta e a segunda pudesse “entrar” mais cedo seria o ideal. Sentia isso principalmente nas curvas em cotovelo. Uma outra sugestão seria um “Cruise Control” que, em algumas ocasiões traria um conforto adicional. O cromado do farol atrapalha a leitura do velocímetro, coisa fácil de resolver.
Finalmente, um ponto que chamou a atenção da maioria das pessoas, o nome do fabricante aparece de uma forma tão discreta que só procurando mesmo para encontrar. Talvez seja uma estratégia da Yamaha, quem sabe? O fato é que muitas pessoas me perguntavam a marca da moto.
No mais, é uma moto que me surpreendeu e que vai deixar muitas saudades. Uma companheira inesquecível. Se me convidassem para dar a volta ao mundo com ela não hesitaria um segundo.
Para aqueles que gostam de dados técnicos:
Dimensões:
Comprimento…….. 2.490 mm
Largura…………….. 995 mm
Altura total ……….. 1.145 mm
Altura do banco …. 690 mm
Entre eixos ………… 1.690 mm
Vão livre do solo…. 145 mm
Peso :
A seco ……………… 304 Kg
Motor
Refrigerado à liquido, 4 tempos, bicilíndrico em V, 1.304 cm3
Taxa de compressão 9,50 : 1
Embreagem: multidisco em banho de óleo
Transmissão
Correia dentada
Câmbio 5 marchas
1ª. 2,769
2ª. 1,778
3ª. 1,381
4ª. 1,115
5ª. 0,960
Pneus:
Dianteiros…. 130 X 90 X 16 MC 67 H
Traseiros ….. 170 X 70B X 16 MC 75 H
Freios:
Dianteiro: duplo disco
Traseiro: monodisco
Fluido recomendado: DOT 4
Suspensão dianteira:
Garfo telescópico com amortecimento hidráulico.
Curso 135 mm
Suspensão traseira:
Braço oscilante com amortecimento hidráulico e a gás
Curso 110 mm
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