Andorra – Carcassonne

Fiquei em Andorra 2 dias. Ontem eu resolvi visitar o Lac d’Engolasters. Parei num posto para abastecer a moto e vejo uma Vulcan Classic 800, a primeira moto de minha vida. Era do frentista, português do sul de Portugal, o Miguel Garcia.

Batemos um longo papo, fizemos uma sessão de fotos com a Vulcan, ora comigo pilotando, ora com ele e, ao final, despedimo-nos como se dois brasileiros ou dois portugueses – o que dá no mesmo – fôssemos: abraços de pessoas que se emocionam com um encontro e que deixam transbordar toda essa emoção com tapas de tirar poeira da jaqueta e o calor humano só existente entre irmãos.

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Na emoção, esqueci a capa da câmera e, na volta do lago, passei pelo posto. Antes mesmo de parar a moto ouço lá de dentro: “- Oh pá, esquecestes a bolsa aqui“. E vêm dois portugueses risonhos, que substituíram o Miguel, me entregar a capa. Mais papo, um era “alfacinha” e o outro “tripeiro”. Só mesmo quem está na estrada sabe da alegria de encontrar essa gente, não apenas pelo idioma, mas pelos hábitos e costumes que herdamos e que não nos envergonhamos de mostrar. Os gajos são da fuzarca !

À noite, sai para passear pela cidade e comer alguma coisa. Impressionam a velocidade com que os caras dirigem pelas ruas estreitas e, mais ainda, como eles param ao menor gesto de que você quer atravessar a rua!

Comi no Mama Maria e enquanto esperava meu prato, polvo à portuguesa (12 euros), olhava as fotos na câmera fotográfica, quando chega um cidadão e começa a conversar comigo em inglês. Cumprimentei-o, mas pela minha cara de espanto ele viu que eu não o reconhecia. Era o motard da Áustria que encontrei se abrigando da chuva em um posto de gasolina em Portugal e que trocamos e-mails. Desculpei-me e batemos um rápido papo e ele ficou de escrever-me quando voltar para a Áustria. Quem sabe não passo por lá?

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Hoje, na saída de Andorra, tinha que tomar uma decisão. Embora a cidade de Foix tenha sido recomendada pelo meu sobrinho Rodrigo Cabral, a descida para Carcassonne privilegia os Pyrenées Catalanes. Então, a opção era entre uma cidade e uma estrada. Difícil, mas acordei com “animus pilotandi” (latim vulgar) e parti para os Pyrenées, embora o GPS se recusasse a fazê-lo. Quem sabe com medo de outra braçada como a do túnel? Ignorei-o e fiz todo o percurso com auxílio do Atlas Michelin.

E foi assim, “setando” cidade a cidade, que percorri estradas incríveis com cenários que nos tiram o cansaço do lombo. Numa dessas cidades, Mont Louis, que eu iria apenas passar, vejo um conjunto de muralhas, faço meia volta, saio da estrada e me dirijo para lá. Era uma muralha defensiva em volta de uma cidade medieval. Passei pelo arco de entrada, estacionei a moto para as fotos e nisso chegam duas moças que me cumprimentam e começamos a conversar. Elas se chamam Montze (de Montserrat) e Sarah, e estão viajando pela Europa. São pessoas simpáticas, como todos os que gostam da estrada (modéstia à parte) e bem humoradas (idem). Elas me deram várias dicas de locais para visitar e demos boas risadas das histórias que compartilhávamos. Fizemos as fotos de praxe, despedimo-nos, com a promessa de que acompanhariam minha viagem pelo ViagemdeMoto.com. São pessoas como essas que transformam nossas viagens em caminhadas leves, divertidas e nos fazem acreditar no ser humano. Muito bom mesmo.

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A estrada ainda me reservava uma surpresa próximo a Carcassonne, o tal de “Défilè de La Pierre Lys”. Uma estrada escavada na rocha, em um desfiladeiro que faz a festa dos motociclistas. Claro que tem que se ter cuidado, muitas curvas, bastante tráfego de motorhomes, porém muito bem sinalizada e o asfalto impecável. É um epílogo à altura de uma bela viagem.

Chegando a Carcassonne procurei o McDonalds – eles estão invadindo a Europa, mas não podem colocar aquele símbolo amarelo enorme que usam na terra de Marlboro – e reservei um hotel pelo site que utilizo. Para variar, o GPS estava de mal comigo e dizia que não conhecia a rua do hotel. Eu cansadíssimo, suado, querendo um banho e cama e o idiota de sacanagem! Bem, pergunta daqui pergunta dali e descubro que é perto do aeroporto. Sigo para lá e no meio do percurso vejo um pôr de sol que me obriga a fotografias. Não tinha local para estacionar, mas coloquei a moto na beira da estrada com pisca-alerta ligado e fui à luta. Acho que compensaria qualquer multa.

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