Como pilotar uma moto nos Estados Unidos

Pilotando nos EUA

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Há muitos mitos, acredito, a respeito de como se guia e/ou pilota nos EUA. Chegamos a Los Angeles e alugamos um carro. Alugamos um PT Cruiser, carro considerado “econômico”, ou seja, barato. E é. Todo em plástico por dentro e absolutamente simples para os padrões americanos. Motor competente, mas, fora isto, bem simplesinho (ar, vidros, travas, automático, som, etc., coisas que aqui são opcionais e que lá são básicas).

Em LA você anda o tempo todo em freeways e highways e só sai delas bem perto de seu destino. O GPS que compramos foi imprescindível para tal. Caso eu me perdesse lá, morreria de fome e sede – ninguém iria parar pra te socorrer e vc só consegue sair de uma freeway com um veículo).

As estradas são sempre boas – não ótimas, mas boas – e sem surpresas. Apenas nas highways há acostamentos largos.

Os limites de velocidade das freeways/highways variam de 55 mph até 70 mph (88 km/h a 102 km/h). NINGUÉM, exceto nós, andava nestas velocidades. Todos andam a 75 mph ou mais nestas pistas, só diminuindo nas entradas de cidades, ao sair da freeway ou então quando há alguma manutenção de pista.

Apesar disto, todos te respeitam: se vc quiser andar no limite estabelecido, ninguém vai buzinar, xingar ou te chamar de “Da. Maria” (no caso da Jackie), mas te passam sem a menor dor de consciência pela direita ou por onde der. Em LA foi o único lugar que vimos motocicletas trafegando entre os carros – as faixas lá são larguíssimas e o pessoal de lá deve ter importado alguns motoboys da gente…

Fora isto, todos mantêm uma distância de segurança que aqui seria considerada absurda. Não vimos quaisquer acidentes em qualquer lugar, fora em Farmington, AZ. Foi o único em quase 4.000 km. O que o pessoal percebeu há muito tempo por lá é que a “lei de Gerson” atrapalha quem a aplica muito mais que aos outros.

Já ao sair das freeways, todos respeitam MUITO os semáforos, conversões e placas de “pare”, embora superar os limites de velocidade, em qualquer situação, parece ser o esporte nacional. O trânsito urbano é extremamente civilizado, todos te esperam e principalmente esperam pelas ações dos pedestres, com quem tomam extremo cuidado.

A Route 66 não tem mais conservação oficial. Se pretende percorrê-la sem veículo fora-de estrada, verifique os trechos que ainda têm conservação. Nestes trechos, ela é excelente – e corta paisagens belíssimas. Normalmente não há polícia na 66, mas o pessoal respeita muito as leis de trânsito (exceto o limite de velocidade…)

Nas estradas que andamos, em qualquer estado, os limites de velocidade são proforma, todos os ultrapassam, exceto os caminhões (com exceções, claro) na Califórnia, onde o limite, para eles, é de 55 mph. No Arizona e Novo Mexico, onde os limites de highway são, normalmente, de 70 mph, ninguém (exceto nós…) anda a menos de 75 mph.

A polícia, certamente, está de olho, mas acreditamos que eles só ajam em caso de abuso flagrante, tipo gente que costura (vimos uns 2 na viagem inteira) ou excesso grande de velocidade (não vimos ninguém).

Capacetes: são obrigatórios na Califórnia e Nevada. Nos outros três estados que passamos, Arizona, Novo Mexico e Utah, não são. Pilotamos menos de 80 km sem capacete, só pra saber como era, isto em Santa Fe (NM). A sensação é deliciosa, verdadeiro prazer de pilotar. Entretanto, se morasse lá, apesar do trânsito absolutamente pacífico, usaria um coquinho.

Conversões: normalmente, exceto quando avisado por placas monstruosas, é permitido virar-se à direita quando o semáforo está fechado para você, a menos que haja pedestres atravessando (mesmo que esteja vermelho para estes) ou que o trânsito da rua em questão não permita. A enorme maioria das vias têm faixas exclusivas para se virar à direita.

E, inclusive nas grandes avenidas, é permitido virar-se à esquerda, cruzando a faixa de sentido contrário. Em alguns lugares há semáforos especiais para isto e em outros não, onde você espera uma brecha para poder entrar.

Também na enorme maioria das ruas, em qualquer cidade, há um canteiro central pintado, bem largo, para você poder entrar em algum prédio/estacionamento à sua esquerda… Bom,né? Nem pensar em dar a volta no quarteirão… Você vai pela faixa da esquerda e, quando chega bem perto do local que quer ir, do outro lado de seu sentido de trânsito, entra neste canteiro central e espera a oportunidade de cruzar a pista.

Buzinas: ouvimos buzinas umas duas ou três vezes no máximo. Acho que eles têm verdadeiro pavor a elas. Se vc estiver parado na sua faixa e não anda quando deveria, o máximo que o pessoal faz é mudar de faixa e te deixar pra trás, problema seu.

Estacionamento: sempre há vagas para se estacionar na rua, seja com ou sem parquímetros. E as tarifas são bem mais em conta que a famigerada zona azul… E em todo lugar há mini-shoppings, com diversas lojas térras, sempre com estacionamentos com vagas sobrando.

O modelo que eles adotaram é diametralmente oposto ao quase-medieval europeu, que adotamos, de ruas e vielas apertadas. A nossa Paulista é, praticamente, uma avenidinha deles (a Santa Monica Blvd, por exemplo, avenida de subúrbio chique, é do mesmo tamanho da Paulista). Suas ruas e avenidas são largas, as cidades se esparramam por áreas enormes. Isto facilita o trânsito, deixa as cidades mais bonitas, as calçadas largas, o trânsito fácil. Ao chegarmos a Albuquerque, ficamos espantados com a malha viária de freeways. Parecia LA, só que tinha apenas 450.000 habitantes…

Em resumo, ninguém se estressa, todos andam e são felizes.

Carlos Hochberg
http://www.subanagarupa.com/


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