Já eram por volta das 16 horas, peguei minha moto e fui em direção a BR 040. Naquela época, eu ainda era solteiro e estava de férias do serviço. Muita gente que me conhecia dizia que eu não estava nem aí para a hora do Brasil.
Quando cheguei perto de Congonhas, parei no acostamento, fiquei alguns minutos filosofando sobre o fim daquela estrada e me subiu uma vontade imensa de continuar viajando. Imaginei vários locais para conhecer e, em um surto de loucura, segui em direção a Belo Horizonte.
Cheguei ao centro de Belo Horizonte às 17 horas. Achei pouco ver aquela cidade, então, decidi ir conhecer Sete Lagoas, onde cheguei por volta das 19 horas. Achei linda a cidade, onde vi uma ilha na lagoa
Jantei e, logo depois, tratei de procurar um lugar para dormir. Nas minhas andanças pela cidade, vi uma pensão. Não é a toa que o mineiro tem essa fama de hospitaleiro. Passei a melhor noite naquela cidade em uma pensão.
De manhã, tomei um café acompanhado de um bom pão de queijo, agradeci a dona da pensão pela hospitalidade e fui em direção a Curvelo. Sempre quis conhecer a região central de Minas Gerais e essa seria uma boa oportunidade.
De Sete Lagoas a Curvelo são mais ou menos duas horas. Seria, se a estrada não estivesse tão esburacada. Mesmo para moto, não foi fácil.
A vegetação perto de Curvelo é bem diferente da daqui de Conselheiro Lafaiete, lá começa a caatinga. Vi um lobo saindo da mata e atravessando o asfalto. Que animal lindo! Acho que poucas pessoas já tiveram a oportunidade de ver um animal desses em seu habitat natural.
Fiquei uns três dias na cidade de Curvelo. É uma cidade simples, mas o pessoal de lá é ótimo. Lembrei que tinha que telefonar para casa e que meus pais deveriam estar malucos. Tomei um puxão de orelhas de meu pai.
Fiquei sabendo através de um amigo que na cidade vizinha, Corinto, haveria uma festa, festa de Santo Antônio. Peguei minha moto e, com quarenta minutos, eu estava bem no centro da cidade, procurando um hotel para hospedar. Procurei saber onde seria a festa e fui me arrumar para participar.
No primeiro dia de festa conheci uma garota, o nome dela era Joana e achei-a simplesmente linda. A cor da pele morena, os olhos pretos e o jeito de andar faceiro não são nada comparados à sua simpatia. Fiquei apaixonado. Logo no primeiro dia, levei-a até a porta de sua casa, dei-lhe um beijo demorado, mas fui atrapalhado pelo seu irmão mais velho. Voltei naquela noite para o hotel pensando naquela mulher linda, e não via a hora de poder encontra-la outra vez.
No outro dia fiquei passeando pela cidade e a vi trabalhando em uma loja de roupas. Parei e fingi comprar algo apenas para ficar ao lado daquela beldade. Ela me disse para eu voltar as 17 horas, pois largaria o serviço naquele horário.
Pontualmente às 17 horas eu estava lá. Ela ainda estava com uniforme de trabalho e estava realmente linda. Convidei-a para irmos à sorveteria e ela montou em minha moto. Estava louco para levá-la ao hotel onde estava hospedado e, num surto de coragem, eu a convidei. Naquele momento ela não quis, falou que não pegaria bem uma garota entrar com um homem em um hotel de dia, a cidade era muito pequena e ela estava com receio. Mas ao cair da noite, tudo mudou de papel e ela acabou indo conhecer meu quarto.
Ela era linda, o seu perfume dava àquele quarto um senão misterioso e nos entregamos um ao outro. Era para eu ficar apenas três dias na cidade, mas acabou virando quinze. Prometi a ela voltar no mês seguinte, falávamos muito por telefone e acabei voltando mesmo e conhecendo toda sua família. No ano seguinte ficamos noivos e no outro casamos. Nós já tivemos três filhos. É claro que seu corpo mudou um pouco, mas ela continua sendo a mulher da minha vida.
Wenderson Moreira
Publicado no Recanto das Letras
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