Caros companheiros motociclistas e triciclistas,
Todas as gerações, ao longo destes últimos 60 anos principalmente, são marcadas por certas atitudes e comportamentos que estão muito associadas aos acontecimentos do seu tempo, pelos quais os cidadãos foram influenciados ou cumpriram o papel de agentes de influência. Cada qual ao seu tempo e região do planeta em que estes acontecimentos se apresentaram.
Existe atualmente uma vasta literatura dedicada a explicar atitudes e comportamentos das gerações destas décadas, que se inicia com a geração BM (Baby Boomer), termo genérico que define crianças nascidas da explosão populacional, do inglês Baby Boom, que numa tradução livre significa Explosão de Bebês, explicada pela ocorrência deste fato no pós 2ª Guerra Mundial, e que define um grupo de indivíduos que nasceram no período entre 1946 e 1965. Esta geração foi muito marcada pelo idealismo de atuar na reconstrução do mundo, focada no trabalho intenso e contínuo, dia e noite, transformando-o na sua atividade mais importante e que representa a sua identidade e valorização.
Dos seus filhos surgiu a geração X, dos indivíduos que nasceram no período entre 1966 e 1978, que deu forma a geração revolucionária, da contracultura, do movimento hippie, da revolução sexual, do combate as ditaduras e dos protestos contra as guerras, postulados pelo inconsciente abandono e comportamento apático pelos pais, devido as suas fortes dedicação e importância dada ao trabalho e sustento da família. Pra geração X o trabalho adquiriu a utilidade de ser um recurso para pagar as contas.
Dos filhos destes surgiu a geração Y, dos indivíduos nascidos no período entre 1979 e 1992, marcada pela revolução tecnológica, criados na globalização, na multicultura, na diversidade e no surgimento da Internet. São os expoentes da sociedade de consumo, seres de um cenário bastante variado, pois é possível encontrar nela simultaneamente os workholics, worklovers, profissionais estressados e aqueles que priorizam a qualidade de vida.
Na ponta deste comboio de gerações, temos as crianças e adolescentes de hoje, formando a geração Z, que muito nova, vive conectada por dispositivos portáteis entre redes sociais e games, preocupada com a violência e o meio ambiente, e ainda não inserida no mercado de trabalho, embora alguns destes pequenos indivíduos, já façam bom uso deste privilégio tecnológico pra dar belos primeiros passos no mundo dos negócios. Existem vestígios de outra geração vindo por aí.
Enfim, e de novo, não estamos à ensinar o Pai Nosso ao vigário. Todo este proseado sócio-econômico-cultural é pra defender uma tese, pela qual, e muito antes dos últimos 60 anos e de todas estas gerações, surgiu pelas estradas deste mundão meio redondo, a “geração motociclista”, que também pode ser denominada geração rider, biker e outras pra se referir a estes mesmos indivíduos. Àqueles que ao final do século 19, e a partir disso, se propuseram a dominar uma máquina com duas rodas, pra sua condução no trabalho, esporte e lazer, e que tiveram a oportunidade de ter as mais extraordinárias máquinas passando pelas suas mãos, como as motocicletas Daimler, Hildebrand & Wolfmueller, DeDion-Bouton, Single (Hendee Manufacturing Company), Indian, Harley Davidson, Excelsior, Pope, a belga FN, a alemã NSU, Asahi, BMW, Zündapp, Triumph, Norton, Vincent, Royal-Enfield, Matchless, BSA, Csepel, Ural, Guzzi, Jawa, Triumph, Monark (motor BSA), Monareta (motor NSU), Lambreta, Saci, Moskito, Iso, Vespa, Gulliver, as brasileiras FBM, AVL, Xispa e Motovi (Harley Davidson), Piaggio, Brumana, Alpina, Honda, Suzuki, Yamaha, Amazonas, Ducati, MV Agusta, Aprilia, Benelli, Morini e da recém invasão das brasileiras chino-coreanas Dafra (Lifan, Loncin e Zongshen), Sundown (Qingqi e Zongshen) e Kasinsky (Lifan, Zongshen e Hyosung), as chinesas e coreanas Traxx, FYM, MVK, Guangdong, Shineray, Zhejiang, Chituma, Panyu, Jailing e outras ching-lings. Ufa!!!! Pois então …
Se voltarmos os olhares para a trajetória destes “primatas” do motociclismo, e por todo o tempo da “geração motociclista” até os dias de hoje, observamos que ela sempre foi repleta de aventura, liberdade, estrada, rebeldia (contra o status quo), viagem, sonho, simbolismo, indumentária diferenciada, desafio, dedicação, amizade, companheirismo e lealdade. Atributos que em nenhum outro lugar é mais evidente do que nos grupos de motociclistas.
A “geração motociclista” permaneceu por mais de 100 anos de gerações da humanidade com praticamente as mesmas atitudes e comportamentos, que remontam aos primórdios da existência desta máquina com duas rodas, a nossa adorável motocicleta. Mesmo com toda evolução e disponibilidade de tecnologia embarcada nas nossas máquinas, vestimos as mesmas roupas de couro e temos um mesmo sentido secular de vida em grupo.
A “geração motociclista” é atemporal ou ad eternum (Lat: para todo sempre), podemos ser todas as gerações juntas, podemos ser a “geração BM_X_Y_Z”, podemos continuar a ser uma geração tolerante, inteligente, fraterna e empreendedora, e “de quebra” disseminar nossos princípios e valores para todas as outras gerações.
Porque, mesmo pelas desorientadas mãos dos homens, acreditamos que este mundão nunca vai deixar de ser meio redondo, mas vai ser pouco provável que alguém consiga viajar de motocicleta, ou até mesmo de algo que tenha rodas, experimentando todas as sensações que é estar em movimento nesta maravilhosa máquina de duas rodas.
Numa semana que junta o mais profundo anseio de liberdade do nosso maior inconfidente (falta de fidelidade ao Rei) e ressurreição de Cristo, temos, somados às grande opções de eventos, bons motivos para estarmos nas estradas em total vivência destes legados. Escolham os seus destinos e boa viagem.
Abraços e boas estradas.
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