O nosso DNA no motociclismo

Batendo na mesma tecla

O motociclismo, ao longo de toda a sua história, sempre esteve associado a uma posição contestatória de uma realidade vigente no mundo. Seja desde uma das suas possibilidades de surgimento, com a criação de um veículo de duas rodas de mesmo tamanho e unidas por uma madeira, pelo provocante Conde de Sivrac em 1790 na França e que fez o maior sucesso entre a “jovem guarda” da época.

Ou no que é considerada a criação da motocicleta, quando o engenheiro Gotlieb Daimler em 1885, desempregado de uma fábrica de motores, juntamente com dois amigos, construíram e registraram a Einspur com motor de 264 cm3, 1/2 cavalo de potência e 600 rpm, que “falsamente” era movido a gás, mas que também usava gasolina pelo artifício de um flutuador de carburação, “desrespeitando” uma regra, pois este tipo de combustível não era utilizado nesta época, devido a riscos de explosão.

As contestações políticas ou socioculturais se sucederam ao longo do século 20, bem representativa nele pela juventude rebelde e transviada, personificada em James Dean nos anos 50s e no ápice da contracultura, na geração psicodélica e hippie dos anos 60s com Easy Riders, Woodstock e outros, até os dias de hoje.

Num legado que vale o contundente e quase profano ditado inglês que “if there is anything better than a motorbike, God must have kept for Him in heaven”, ou “se existe algo melhor do que a motocicleta, Deus o guardou para Seu uso no céu”.

Afinal, que tipo de cidadão motociclista nós somos ou desejamos ser pra fazer jus a este legado?

Toda a história da humanidade demonstra por trás dela, a existência de um segredo, muito simples, mas importante segredo. O de que todos nós viemos ao mundo para servir. Releiam qualquer dos episódios desta história, e sempre encontrarão como figura central, personagens a serviço da humanidade, da sua nação, do seu povo, de uma luta de classe ou de um grupo com um determinado propósito, onde não intencionalmente, construíram um legado que perdurará por toda existência humana.

Numa conotação mais direcionada, como motociclistas e invocando novamente esta nossa tradição contestatória, se entendemos que realmente faz sentido a construção de um mundo mais justo, meritocrático (respeitando os incapacitados e impossibilitados) e fraterno, devemos nos prestar a isso, servindo a este propósito e a sociedade.

Caros motociclistas e triciclistas, pra termos uma postura ilibada (pura, sem mancha), e exigir sem nenhuma margem de descrédito, para que os nossos dirigentes e políticos também a tenham, temos que ser honestos com os outros e nossa consciência. Não podemos no nosso cotidiano praticar, ou achar normal, os atos de estacionar “por um minuto” na vaga de deficientes ou em cima da calçada, subornar ou tentar subornar uma autoridade diante de uma infração, falar ao celular quando dirige, transferir multas por nossa violação das leis para CNH de filhos e esposas, saquear cargas de veículos acidentados, trocar voto por coisas ou alguma vantagem em eleição, trafegar pelo acostamento num congestionamento, dirigir após consumir bebida alcoólica, pegar e utilizar atestado médico sem estar doente, parar em filas duplas ou triplas em frente a escolas, adulterar a quilometragem rodada no velocímetro pra vender o carro em melhores condições, comprar produtos em ótimas condições e evidentemente roubados, guardar pra si objetos encontrados que não lhe pertencem e muitos outros e, principalmente, a atitude e pseudo-razão de poder fazer tudo isso “porque todo mundo faz”.

Vamos quebrar este paradigma da esperteza e malandragem pois, acreditem, a longo prazo “é um tiro no próprio pé”, vamos nos policiar e iniciar uma mudança de cultura, este mundo não pertence ao DNA de um verdadeiro motociclista e bom cidadão.

Batendo na mesma tecla, faça a sua parte.

Seguindo as outras características do nosso DNA, caia na estrada com destino as inciativas da nossa agenda.

Boa viagem.


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