Os mistérios que determinam a medida da vida de cada um de nós são absolutamente indecifráveis.
Seguimos vivendo à nossa maneira e observando para aprendermos através das riquezas que se revelam na vida de muitos que nos surpreendem e encantam.
Na semana passada, com toda a exposição da mídia, tivemos um desfecho deste ciclo numa dessas personalidades, representada pelas influências das inovadoras criações e personalidade de um dos maiores gênios da era digital, do inventor, empresário e magnata californiano Steve Jobs.
Não é o que parece e não vamos jogar mais lenha nessa fogueira.
O que nos vem à mente, nesse momento, é todo o significado das contribuições deste personagem para a tecnologia, e como elas afetaram sobremaneira a nossa vida. Certo que uma das maiores motivações, está acima do mundo capitalista e apenas da obtenção de sucesso de vendas, está na busca desafiante da criatividade e inovação.
A brevidade da sua vida, e da forma que ela foi ceifada, em contraponto com a sua enorme genialidade e sucesso, nos permite a extração de diversas lições com relação à medida da nossa vida.
De certo modo, a primeira delas é a de que não existe privilégio, e mesmo que tenhamos uma enorme inteligência e poder pra ser um espetacular criador e inventor, e riqueza pra ter ao nosso dispor os melhores especialistas e recursos, somos impotentes pra definir na exatidão a medida de nossa vida.
Imaginem-se, com todo o poder e senhor da sua vida, recebendo dos médicos o diagnóstico de um tipo de câncer incurável, estimando uma sobrevida de apenas mais 3 a 6 semanas, lhe aconselhando ir pra casa e “arrumar as malas”, num (in)discreto código médico de “prepare-se pra morrer”.
Noutro aprendizado, deslumbrando a vida dele, compreendemos que todos podem obter sucesso nela, mesmo quando constituída no seu decorrer por diversos insucessos. Imaginem alguém adotado por um casal com condições modestas, pela promessa para os pais biológicos, que iriam prover-lhe um ensino universitário. Cumprida a promessa, até o jovem Steve Jobs abandoná-lo após 6 meses de estudo, por iniciativa própria e percepção que o seu cumprimento levaria os pais adotivos a total falência.
Aprendizado em quanto é importante identificar as oportunidades que surgem ocasionalmente a nossa frente, quando Steve, por ter abandonado o curso e não precisar mais freqüentar as aulas normais, decidiu assistir aulas de caligrafias, que embora fosse de total desinteresse dos alunos, era reconhecida como a melhor formação nesta área no país. Oportunidade que 10 anos mais tarde o faria produzir o primeiro computador Macintosh com tipografia bonita. E como ele mesmo dizia, sem este conhecimento, o Mac nunca teria tido as fontes múltiplas e com suas qualidades gráficas. E alfinetando a Microsoft, dizia que provavelmente nenhum computador teria, pois o Windows simplesmente copiou o Mac.
Na realidade ele soube, melhor que muitos, construir diversos “pontos” durante a sua vida, advindo de oportunidades em muitos momentos de pequenos insucessos, dos quais a grande maioria ele ainda nem tinha muita consciência da aplicação destes aprendizados isoladamente, para no futuro, conectá-los e construir algo realmente surpreendente.
Qual é a medida de nossa vida então?
Se seguirmos o raciocínio corrente, certamente ela será medida em anos, ou noutra unidade de tempo.
Será que a unidade de tempo é o mais significativo parâmetro pra medir ou dimensionar a vida de uma pessoa?
Mas a medida da vida de cada um pode ser definida de outras maneiras?
Quantos anos viveram Anita Garibaldi, Albert Einstein, Cora Coralina, Mahatma Gandhi, Joana d’Arc, Leonardo da Vinci, Indira Gandhi, Galileu Galilei, Madre Teresa de Calcutá, Charles Darwin, Virginia Woolf e Sócrates? Mal sabemos não é?
Acreditem, dois personagens deste grupo viveram apenas 19 e 28 anos, e Steve Jobs esteve aqui entre o céu e a terra o mesmo tempo de Leonardo da Vinci.
Qual foi a medida e a dimensão das vidas dessas abençoadas criaturas?
Extraordinariamente grande e atemporal.
Na nossa modéstia, certamente não passa nem perto da imaginação, ou temos a pretensão, de fazer parte deste grupo, mas entender e dar sentido a nossa vida na melhor medida e dimensão que se possa alcançar, deve ser nossa razão pra viver.
Conectando os nossos pontos pra construir uma vida que traga benefícios as pessoas e nos realize, independente de quanto tempo durar.
Porque em anos, ela será na medida certa, definida por um indecifrável mistério.
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