Certamente são as mais simples das nossas virtudes, e das mais ricas e escassas. Principalmente neste novo tempo, do eu tenho, do eu sou, do eu posso, do pode quem tem, do tem quem pode mais, do você sabe com quem está falando? Daí pra fora.
Esta escassez de humildade e modéstia é inaceitável, se compreendermos que mesmo os nossos sucessos são obras do acaso.
E não estamos nos referindo apenas àqueles que tiveram sucesso por uma grande sacada ou por estar no lugar certo na hora certa, num quase acidente.
Mesmo pra aqueles que seus sucessos foram fruto de uma inteligência superior, eles são obra do acaso. Pois este diferencial de inteligência, foi fruto de um acaso genético das interpolações do DNA dos seus progenitores, criando genes pelo mero acaso da variação genética. Se achar merecedor de 100% dos benefícios que esses atributos proporcionaram, realmente não faz muito sentido. Que meritocracia é esta em ter os genes certos “na hora certa”.
Pois, como bem disse outro beneficiado geneticamente, o brasileiro Stephen Kanitz, premiado escritor, administrador, consultor e conferencista formado em Harward, se ele e os empresários de sucessos, e milionários, Bill Gates, Steve Jobs, Mark Zuckerberg, Jesse Eisenberg e Eike Batista tivessem nascidos a 2.000 anos atrás, seriam trucidados se tentassem alcançar uma posição de destaque equivalente à época, por não terem o porte físico necessário para se tornar um grande comandante e guerreiro, por não terem os genes certos “na hora certa”.
>E esta humildade e modéstia, independente do acaso genético, deve ter lugar também nos grandes inventores, já que o cerne das suas importantes invenções, com raras exceções, são traduções exatas de expressões da própria natureza. Podemos encontrar estes “natiplágios” de sucesso na fita velcro dos carrapichos nos campos e florestas, do perfil aerodinâmico e “estrutura leve” do avião nos pássaros, da orientação magnética em séculos de navegação, na polêmica fusão nuclear e em muitos e muitos inventos e descobertas com paralelos no universo. Não há sentido em tanta glória assim por estas ditas “invenções”. Um pouco de humildade e modéstia seria bem apropriado.
Mesmo pelas grandes obras de escritores e pintores, quando eles expressam ao seu modo um tema, como um linda flor ou paisagem, por mais que eles se utilizem de seus talentos, jamais poderão superar a real beleza e riqueza deste pequeno exemplo de natureza. E ainda terão que se utilizar da humildade e modéstia, já que estarão de certo modo, se usurpando delas. Como um quase plágio.
É uma grande virtude todos sermos generosos com os nossos conviventes, em todas as nossas expressões, no motociclismo e fora dele, sem arrogância e altivez.
No motociclismo das antigas, este sentimento de estar sobre duas rodas na estrada com irmãos de fé e destino, era mais desapegado ao ano, marca e cilindrada da motocicleta e em que classe da sociedade cada um estava ou qual era o valor da sua conta bancária. Nunca importou.
Todo este negócio de genes certo “na hora certa” nem passava pelas nossas cabeças. Não havia diferenças, vivíamos uma plenitude de cumplicidade e entrega ao verdadeiro “ser motociclista”.
Nós éramos os caras certos, no momento certo e com “um certo” veículo de duas rodas. Tudo muito simples.
Não há como negar, nosso mundo mudou e não tem volta. Nossos respeitos e congratulações aos beneficiados geneticamente com os genes certos neste momento, idem para os que tiveram uma grande sacada ou estavam “acidentalmente” no lugar certo na hora certa, sejam bem vindos.
Mas se quiserem andar com a gente, calma lá companheiros, vão ter que se despir desta carapaça de bem sucedidos anunciados e vestir nossa indumentária, com todos os seus valores, com humildade e modéstia, pra poder colocar muita estrada na veia.
Comece a fazer uma boa injeção de estradas na veia por todas possibilidades neste final de semana.
Boa viagem.
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