Que tamanho de pessoa podemos ser?
Não estamos a falar sobre antropometria, parte do estudo da anatomia humana, utilizada para medir o corpo humano e suas partes, já que nesse aspecto, quase toda a origem determinante no resultado final de como somos, não depende dos nossos quereres e sacrifícios, está diretamente vinculada a nossa herança genética, às interpolações dos DNA dos nossos progenitores.
Concebidos assim, e na idade adulta, a questão passa ser atribuída somente a nós e a forma que interagimos com o mundo pra sermos do tamanho que queremos ser.
Pois então, que tamanho de pessoa queremos ser?
Entendemos que em toda essa correria do viver, a gente nem pensa muito nisso, pelo menos da forma estruturada como deveria ser. E quando pensamos, o fazemos até de um jeito não muito apropriado, quando desejamos ser rico, famoso, “importante”, …, pra daí ser respeitado, invejado, amado, …
Mas lhes garanto, não é pra nada disso que estou a gastar o nosso precioso tempo nesse momento.
Considerando que todas as pessoas têm o poder, em média, de 10 mil milhões de células nervosas no cérebro, e que de tudo que aprendemos na vida, se não exercitarmos e nada for feito, 25% será esquecido em até 6 horas, atingindo 33% em 24 horas e 90% em 6 meses, quando teremos que nos satisfazer com os míseros 10% de todo o conhecimento vislumbrado, pra sermos o que conseguirmos ser.
A questão então não está de fato no “podermos” e sim no “querermos”.
E em resumo, o “querermos” está no nosso aprendizado e no exercício dele, ou seja, na sua busca e materialização nas nossas expressões no dia-a-dia.
Um cara muito bom nessa matéria, o psicólogo Howard Gardner, estabeleceu uma escala do aprendizado, que nada mais é do que uma maneira de ilustrar em quais das nossas expressões do dia-a-dia a gente mais aprende. Pois é, as duas maiores eficiências em nosso aprendizado ocorrem quando vivenciamos (80%) e ensinamos (95%) algo, muito mais, surpreendentemente, do que quando lemos (10%), ouvimos (20%) ou vemos (30%).
Situação de dúvida quanto a estar caracterizado por uma antítese ou pleonasmo, o fato da melhor maneira de aprender ser ensinar.
Ensinar e aprender praticando o ato de doar, num processo que vai muito além do que tudo que conhecemos.
Compreender que é muito difícil pras pessoas receberem essa doação, material ou não, e em muitas ocasiões aceitas com uma certa frieza, sem demonstração de nenhuma gratidão e com até alguma reclamação.
Compreender que essa atitude é uma forma delas manterem a auto-estima e a dignidade, pelo fato de se sentirem humilhadas por receber sem poder dar nada em troca.
Ensinar e aprender um doar muito além do que imaginamos, entender a frágil ligação entre dar e receber.
Compreender que quando damos algo material ou não para alguém, estamos nos colocando numa posição de superioridade, sem apercebermos e darmos a devida importância.
Num contraste com a condição inversa, quando somos reticentes em receber uma doação por nos sentirmos inferiorizados e com nosso orgulho ultrajado, e que mesmo no íntimo a desejando, optamos por vergonha em ocultar a nossa fragilidade.
Ou “condicionalmente” a recebemos, em quantas vezes já não ouvimos ou falamos coisa do tipo “tudo bem, vou aceitar, pois embora não esteja precisando, nunca se sabe não é?” ou algo parecido.
O fato de doar não significa que estamos preparados pra receber.
A frágil ligação de dar e receber, donde precisamos vivenciar e ensinar a plenitude de um pra poder compreender e fazer bem ao outro.
Compreender que tamanho de pessoa queremos ser.
Compreender que vivenciando e ensinando um mundo dos menos favorecidos, materialmente ou espiritualmente, podemos aprender a ser do tamanho dos nossos sonhos.
E como citado pelo admirado escritor Saramago, “o espelho e os sonhos são coisas semelhantes, é como a imagem do homem diante de si próprio”.
Pois então, como queres enxergar-se ao espelho?
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