Uma divertida e folclórica passagem da história, quando os intelectuais, polêmicos e desafetos Paulo Francis e Rogério Cezar Cerqueira Leite, ambos articulistas da Folha de São Paulo, no auge do bate-rebate de uma publicada discussão, tolerada pela direção do jornal, tendo o Paulo Francis residente em New York provocado o Rogério argumentando que vivia no centro intelectual do mundo, e que, portanto, gozava de melhores condições intelectuais pra discorrer sobre determinado assunto, quando visceralmente, o físico Rogério Cezar de Cerqueira Leite, professor emérito da Unicamp, respondeu algo do tipo: “o Sr. Paulo Francis pensa que inteligência depende de localização geográfica, puro e grotesco engano, pois inteligência depende de QI, depende da quantidade de neurônios”.
Com o desconto na perfeita fidelidade das palavras deste diálogo, lembramos que em “briga de gigantes” se consuma vencedores e derrotados somente ao final de cada réplica.
Ilustrado por este episódio, discorremos que o ser humano é realmente surpreendente, sobre todos aspectos.
Existe um consenso com relação ao surgimento do homem moderno, comprovado por pesquisas realizadas na década passada nas áreas de genética e arqueologia. Cujas análises determinaram com precisão os laços de parentesco de várias gerações, por meio da identificação das seqüências desse DNA e suas mutações, apontando que todas elas se originaram do mesmo ancestral que viveu no continente africano.
Deixando um pouco a polêmica e esta ciência de lado, convocamos alguns de nossos neurônios a trabalharem pra fazer algumas conexões que resultaram em simples e, aparentemente, inocentes questionamentos.
Se todos os seres humanos do mundo moderno são originários dos mesmos progenitores, porque temos uma diversidade tão grande de aparência, atitudes e comportamentos espalhados pelo planeta?
A diversidade na aparência, em grande parte, pode ser explicada por pesquisas que estão em consonância com as do surgimento do homem moderno na África e sua migração para Europa, Ásia, Oriente Médio e Austrália, e ela se deu principalmente na cor da cútis e cabelo, sob influência dos diferentes ambientes que passaram a viver nos lugares do planeta onde se estabeleceram.
Trocando em miúdos todo este imbróglio, isso significa que se pegássemos cidadãos branquinhos e loirinhos que vivem na Islândia e os levássemos pra viver na África, os seus descendentes depois de muito tempo, entre 25 e 40 mil anos, estariam com aparência muito próxima dos seres humanos que habitam este continente, ou seja, com a cútis e cabelos pretos, plenamente adaptados ao seu “novo” habitat. Num processo inverso do que as pesquisas demonstram que ocorreu com a migração do homem africano pelo planeta.
O ser humano é realmente surpreendente.
Dada as explicações pra nossa aparência ser tão diversificada entre mares e continentes, por influência das condições a que todos ficaram expostos nos seus habitat, o que aconteceu então com o diferentes “temperos” e “destemperos” de atitudes e comportamentos?
Pra ilustrar a tamanha discrepância deles em relação as sociedades das diversas regiões do planeta no momento atual, voltamos, ao molde de uma matéria recente, que cita um acontecimento decorrente do tsunami que atingiu o Japão onde, com a força da natureza, cidades e vilas tiveram casas e empresas devastadas, jogando entre escombros e lixo uma grande quantidade de dinheiro e barras de ouro que estavam em cofres e carteiras das vítimas.
Para tudo!!! Numa “cantada de pneu” pra perguntar.
O que aconteceria aqui?
O que acontece aqui quando um caminhão tomba e sua carga fica vulnerável? Mesmo com prováveis feridos ainda não socorridos?
Pois então, centenas ou milhares de “japoneses do Japão” recolheram entre estes escombros e lixo, e entregaram à Polícia, o equivalente a R$ 125 milhões.
CENTO E VINTE E CINCO MILHÕES DE REAIS !!!!!!!!
Considere ainda que 96% deste total recolhido já voltou às mãos dos seus proprietários ou de seus nomeados herdeiros. Compare tudo isso a máxima daqui: “dinheiro achado não tem dono”.
Nem carga de caminhão que tem, está a salvo.
Muito menos pensem em citar o que aconteceu com toda a arrecadação que fizemos e liberação de fundos governamentais, pra serem “destinados” as vítimas das inundações da região serrana no Rio de Janeiro, e outras “enxurradas” de dinheiro público ralo abaixo.
Caramba, que desgraça aconteceu com a merda do nosso DNA????
Segundo outros pesquisadores e suas pesquisas, nada.
Graças a Deus!!!
Nem tanto, pois apesar de termos os mesmos “pré-históricos progenitores” dos japoneses, de nossa média de QI estar bem próxima das sociedades ditas evoluídas e concordar com o físico Rogério Cezar de Cerqueira Leite que inteligência não depende de localização geográfica, existem alguns probleminhas com os “brasileiros do Brasil”.
Porque a grande maioria dos “brasileiros dos Estados Unidos, da Alemanha ou do Japão” agem em conformidade com as atitudes e comportamentos destes lugares quando lá estão?
Os brasileiros seguem padrões de atitudes e comportamentos quando a grande maioria segue, eles não seguem somente quando a grande maioria não segue, isso é, no Brasil dos brasileiros.
O senso de que somos impulsivos infratores de leis, regras, normas e padrões até existe entre nós, mas é superado com nosso jeito escrachado (sic) de ver o mundo e a “realidade”.
Nossa e agora?
Bom, está sendo percebido por todos e tudo que estamos chegando num ponto de ruptura, o breaking point, que os “brasileiros dos Estados Unidos” entendem bem. O ponto de nossa total intolerância com todas as mazelas geradas pelas corrupção, apatia e jogo de interesse de parte do poder judiciário, má administração pública, jogo de barganha no poder legislativo, fragilidade e caos das instituições públicas de segurança e enriquecimento ilícito de todos os protagonistas e coadjuvantes dessas mazelas.
Mas meus caros amigos, conseguiremos somente se todos respeitarem as leis, regras, normas e padrões, se todos os “brasileiros do Brasil” se mobilizarem pra serem os “brasileiros do Estados Unidos, da Alemanha ou do Japão”, aqui. Pensem nisso!!!
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