Certa vez, Thomas R. Marchall (antigo político americano) disse: “ Não brigue com o problema, resolva-o”.
Sabedores que um tombo poderá representar num problema, ninguém deseja levar um, não é verdade? Mas existem determinadas atividades e até ocasiões, que um tombo ou outro sempre poderá acontecer, por mais cuidado que se tenha. Ficar então prevenido e saber como agir nessas ocasiões é uma atitude importante, pelo fato de minimizar seus efeitos danosos e até, oportunamente, aproveitá-los como se fossem uma forma de “aprendizado na arte de cair”.
Alguns podem até achar ser essa expressão uma brincadeira, porém afirmo que nela há muita seriedade e até construtividade, pois aprendendo a cair, certamente evitará que possa sofrer maiores consequências. Consequências essas que poderão causar sequelas e até danos irreversíveis.
Os atletas em cujo mister existe a probabilidade de caírem, seus cuidados além de evitar eventuais tombos é saber como cair a fim de evitar lesões ou coisas mais graves que, acontecendo, irão afastá-lo dos treinos e até das competições.
Existe uma expressão popular que diz: “Ao cair, o negócio é deitar e rolar”. E como todos sabemos que essas expressões vêm da sabedoria do povo, temos aí uma verdade incontestável. Segui-la, portanto, é sinal de inteligência pelo fato de obedecer a uma realidade.
Como exemplo apresento aqui um patinador iniciante: No início existe o natural medo de cair e até machucar-se, porque, desenvolvendo velocidade superior a que estava acostumado no seu dia a dia e estar mais alto devido a altura dos patins, sente que se cair irá machucar-se. Mas com a continuidade e os pequenos tombos que irremediavelmente levará, parado ou andando, vai aprendendo a se defender deles e dessa forma perde gradativamente o medo de cair por saber que aprendeu a conviver com esses incidentes.
Ao chegar nesse estágio, então, o iniciante passa a ter mais confiança no que está fazendo, tornando assim seu aprendizado mais fácil e bem mais rápido.
Deixemos agora os exemplos e conjecturas e passemos para a parte prática, indo diretamente aos fatos:
Andando tranquilamente de motocicleta por uma rua qualquer, de repente acontece de haver um obstáculo que resulta numa derrapagem e imediatamente ocorre a natural tendência de cair devido ao desequilíbrio que houve.
Instintivamente e em frações de segundo ocorre a tentativa de evitar o tombo. Mas sentindo de imediato ser impossível evitá-lo (motociclistas têm de pensar rápido e acertadamente), a melhor atitude a ser imediatamente tomada será retesar a musculatura para dar resistência ao corpo e ajudar o tombo, acompanhando-o. E é aí que entra a citação “deitar e rolar”. Isto porque, com esse procedimento, o impacto no solo será menor por evitar excesso de aderência pelo fato de não atritar com o chão, pois rolando quase não haverá atrito.
Isso é constantemente visto nas pistas de velocidade, quando experientes pilotos, numa infelicidade qualquer, correndo em alta velocidade, perdem o equilíbrio e vão diretamente para o chão. Vê-se, perfeitamente, que a maioria deles rola na continuidade do tombo e logo após se levantam praticamente ilesos. Há de se considerar estarem eles com roupas protetoras, é verdade. Mas se não usarem de habilidade, nem armadura os protegerão de graves machucaduras.
Faço, entretanto, um alerta para que não haja radicalização a ponto de achar que será bom cair bastante por acreditar que dessa forma será o “mestre dos tombos”.
Deverá, sim, pilotar com naturalidade e atenção e ficar sempre pronto para qualquer imprevisto. Haja vista que “prudência e caldo de galinha nunca fizeram mal a ninguém!”. Diz o sábio ditado popular.
Simples, não ?
João Cruz
j.v.cruz@oi.com.br
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