Viagem de moto pelo Rastro da Serpente

São Paulo a Curitiba via Rastro da Serpente

Já faz um tempinho que estava com vontade de ir a Curitiba. Saindo de São Paulo, em média 380 km, mais o que acaba se rodando dentro da cidade, 800 km ida e volta, parece ser uma conta razoável.

Esta semana surgiu a necessidade de visitar um cliente, mas o tempo é escasso. Bate e volta? Puxada boa.

Resolvi que iria com a intenção de voltar no mesmo dia, mas preparei-me levando muda de roupa. Se batesse o cansaço ou ficasse muito tarde, era só dormir em algum hotel pelo caminho.

Também sempre quis percorrer o famoso “Rastro da Serpente”, passando por Apiaí, em direção a Curitiba. Dizem ser incrível, com muitas curvas e eu adoro curvas. Segundo o Google Map, uns cento e poucos quilômetros a mais. Pra quem já ia puxar 800, vale o sacrifício. Fui informado que o caminho não rende. Indo pela BR 116 você viaja a 110 km/h, o que não é possível em estradas vicinais que passam por dentro de pequenas cidades. Sair de casa bem cedo foi a solução, às 3h30 da manhã.

Moto abastecida, bagagem carregada, tudo em cima. Não fosse minha apreensão pelo passeio ter-me feito acordar “estalado” à meia-noite – tinha ido dormir às 22h30 – estaria bem tranqüilo. A temperatura estava excelente, por volta de 22 graus.

Coloquei apenas uma jaqueta fina que tem bons bolsos, deixei a máquina fotográfica bem posicionada para tirar fotas pelo caminho. Normalmente, minha fotógrafa oficial é a mulher, companheira nas grandes aventuras. Dessa vez faria eu mesmo as fotas.

Moro numa região muito movimentada, na Zona Norte de São Paulo. Foi incrível sair de casa e não ver carros nas ruas, tudo deserto e silencioso. Acho que se fosse com a Harley ia acordar a vizinhança.

Coisa de 30 minutos e já estava passando pelo Graal da Castelo Branco, rumo ao interior. A estrada escura e deserta, misturada ao cheiro de orvalho com mato e um pouco de sono trouxe uma sensação incrível de liberdade. Tomei o cuidado de ir um pouco mais devagar até sentir que os reflexos estavam todos lá, afinal não estou acostumado a levantar de madrugada e subir na mota.

Indo pela Castelo Branco, no contra-fluxo (interior para São Paulo) havia um movimento relativamente intenso de caminhões. No sentido interior havia pouquíssimos carros.

Saí da Castelo Branco em direção a Tatuí, Itapetininga, Capão Bonito e Apiaí.

Até Capão Bonito o asfalto é perfeito, com belas paisagens e estrada muito agradável. A partir de Capão bonito começam as curvas, mas também começam os buracos. É preciso atenção e cuidado. Chegando a Apiaí, uma parada para fotas no portal da cidade. Gramado fininho, tinha chovido… Ainda bem que eu estava esperto, hehe. Fica a dica: Sempre que sair da estrada, os acostamentos são extremamente escorregadios. Se for íngreme, mesmo se estando quase parado, a moto pode sair de baixo.

Ao chegar no centro da cidade, numa praça, deparei-me com a placa do “Rastro da Serpente”. Pedi um senhor que gentilmente batesse uma fota para a posteridade.

Dali em diante a coisa é feia. O asfalto está bem precário, muita água na pista vinda das encostas, velocidades em torno de 20 km/h. Na reta até melhora um pouco, mas não se empolgue: no meio da curva, quase sempre tem uma cratera.

Cheguei ao município de Adrianópolis, já no estado do Paraná. Parada para um pastel com caldo de cana, na praça central da cidade. Surpresa: o pastel deles parece um rizóli, só que é feito de farinha de milho. Não sei dizer se é bom, precisaria comer mais algumas vezes, mas com certeza não é ruim.

Subi na mota para prosseguir viagem, faltavam mais ou menos 80 km até Curitiba e minha expectativa era de mais estrada ruim pela frente.

Que nada! Ali começa o Rastro de fato. A BR 476 está belíssima, com asfalto impecável e curvas maravilhosas. Uma hora de puro deleite até chegar a Colombo, região metropolitana de Curitiba. Após quase 8 horas de viagem, percorri quinhentos e poucos incríveis quilômetros num passeio que vale a pena repetir, sem dúvida.

Em Curitiba tudo transcorreu perfeitamente. Corrido, é fato, mas com direito até a café relâmpago com um amigo Biduzido.

A volta foi tranqüila, direto pela BR 116 até o Rodoanel, Castelo Branco e Marginal Tietê relativamente razoável devido ao horário: 19h00.

Cheguei em casa às 19h45, e 940 km depois.

Acho que não comentei o clima: como levei protetor solar e capa de chuva, não olhei a previsão. Afinal, muitas vezes eles erram mesmo. Não precisei usar o protetor por conta do tempo nublado mas agradável. Já a capa foi bastante útil ao enfrentar uns 20 km de chuva intensa na região da Serra do Azeite, voltando pra São Paulo.

Até a próxima!


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