Viagem de moto pelos Estados Unidos

California Expedition

Durante o mês de Maio/2010, eu, Daniel, e minha esposa, Ana Paula, alugamos uma Harley-Davidson em São Francisco e demos a volta pela California, passando pelos estados de Nevada e Arizona.

Optamos por fazer uma viagem “solo a dois”, conforme já havíamos experimentado em Agosto/2008, quando fomos de Chicago a São Francisco, cobrindo toda a extensão da Rota 66 e da Highway One. O roteiro foi traçado através de pesquisas na Internet, agências que fazem viagens parecidas e outros. Usamos um GPS, um notebook e uma máquina fotográfica. Rodamos 3.500 km e passamos por lugares belíssimos. Durante a viagem, criei um tópico no Fórum Biduzidos, onde fiz relatos (mais ou menos) diários da viagem, de uma forma bastante descontraída.

O Rômulo publica aqui esses relatos, da maneira como foram escritos, a fim de reproduzir a espontaneidade que se deu ao longo da aventura.

Vocês verão nomes de integrantes do fórum em algumas situações, mas que não interferem no entendimento do relato, salvo onde indicado.

Clique na imagem acima para ver as fotos da viagem.

Boa leitura!


Hoje o dia foi pauleira, mas muito bonito. Saímos de Frisco em direção ao Parque Yosemite, rodamos quase 600 km e chegamos no hotel agora, 9:00 pm.

Paisagens maravilhosas, que nos lembrou o sul de Minas (circuito das serras verdes) e o Rio Grande do Sul (trecho entre São Chico de Paula e Canela).

Bastante calor e frio, com belas paisagens de gelo, coisa que nós, brazilianos, nunca tínhamos visto.

A surpresa foi que reservei um hotel em Mammoth Lakes e viemos parar em Merced, a 208 milhas de distância!!! Há uma estrada dentro do parque, que pareceu ser a única via de acesso a Mammoth lakes – CA 120 W/Tioga Pass Rd – e o GPS não conseguiu traçar uma rota alternativa. Acabamos perdendo quase 3 horas (ida e volta) em um caminho que ele dizia ser o “bom”, rsrsrsrs

Como estamos passeando e o lugar é lindíssimo, só nos restou curtir a paisagem enquanto o GPS aprontava as dele.

Amanhã tem mais.


Aproveitar para falar um pouquinho da motoca.

Não consegui a Road Glide (Grrrrrrr!!!) mas peguei uma Electra 2009, que está bem gostosa. Como nunca tinha andado bastante de Electra em estrada, posso dizer que me agradou bastante. Boa ciclística, boa de curvas (fizemos muuuuitas curvas, hoje) consumo legal (mais ou menos 20 km/l), freio freia, enfim, posso dizer que compraria uma, numa boa.

Achei o banco da 2009 mais confortável (costumo andar numa Ultra 2007 de um amigo). Ela não schimma, não balança nem rebola, pelo menos não notei. Limitação por conta da suspensão traseira, que parece a original da 883, se pegar buracos, ela não faz cerimônias em bater. Talvez uma calibragem, como não tem muitos buracos por aqui, não vou esquentar a cabeça.

Gostei pra caramba do acelerador sem cabo e a marcha-lenta a 900 rpm, que parece ser padrão por aqui. Até trouxe ferramentas para deixá-la pocotó, mas não compensaria, a moto está redonda. 900 rpm está ótimo.

A penteadeira de cigano, ou jegue de puta, não necessariamente nessa ordem (não, mesmo) me lembra a toda hora uma Brasília 77 e o meu primeiro carro, um SP – II. Ele tinha quatro reloginhos redondos no painel (amperímetro, horas, temperatura e combustível).


Hoje foi dia de visitarmos o Parque das Seqüóias.

Saímos cedo da cidade de Merced, com destino a Sequoia National Forest. Coloquei o endereço no GPS, reservei um Hotel a poucas milhas do local, na cidade de Porterville (de onde escrevo agora) e programamos o passeio. Distância prevista de 300 km, super-tranquilO.

Mas… (e sempre tem um “mas”), quando chegamos no local, haviam 3 discos voadores (lembrei do Alfredo)*. Quando chegamos no local, a gentil mocinha da administração, informou-nos que, de fato, ali é a administração da FLORESTA, contudo, nós queríamos ver as seqüóias gigantes, neste caso, devíamos nos dirigir ao PARQUE das Seqüóias, em Three Rivers.

Pelo menos, a culpa não foi do GPS, mas do burro que colocou a informação nele.

Se valer de consolo, a moça disse que muita gente vai lá procurando as árvores, como nós fizemos – talvez para nos alentar de tal cagada.

Decidimos ir ao Motel, que ficava ali perto (calma, aqui, Motel não é Motel) e fazer check-in, deixar um monte de tralhas e prosseguir para o passeio.

Total da brincadeira, 267 milhas (430 km). Excelente distancia para curtir a moto e aproveitar o lugar.

A paisagem, até certo ponto, é composta de imensas plantações de laranja, com algumas casas até muito feias, retas imensas, de perder de vista.

Achei que seria péssimo, mas, de repente, chegamos a uma represa lindíssima, misto de Nazareth Paulista com Mairiporã, e daí em diante, a coisa só foi melhorando, até o alto do parque, a 2.000 m.

Vimos árvores gigantescas de mais de 2.000 anos (acho que é pra combinar com a altitude), paisagens incríveis e uma estrada que me lembrou que ainda não fizemos a Serra do Rio do Rastro.

A Electra fez curva pra caramba, mais do que ontem. Acho que já arredondei os pneus. Em curvas à direita, dá para aliviar o peso na pedaleira, aí ela cede, quando raspa. Pro lado esquerdo, não tem jeito: raspa mesmo! e não cede, a pedaleira é fixa, tem o descanso lateral…

Não soubemos dizer qual passeio foi mais bacana, o do Yosemite ou este, das Sequoias.

Para quem quiser ler algo sobre o parque: http://en.wikipedia.org/wiki/Sequoia_National_Park

P.S Não vou comprar uma Electra. Não vou comprar uma Electra. Não vou comprar uma Electra.

*Eu havia comentado que se os relatos estivessem chatos, eu poderia inventar algumas passagens e o Alfredo sugeriu alguns E.T´s e discos-voadores.


Diário de Bordo, data estelar, 85143,23.

Paramos no dia 4.

Dia 5, ficamos em Porterville. A moto apresentou problemas no radio e estava meio esquisita. Solicitamos à Eagle Rider que trocasse e eles ficaram de mandar outra, mas somente para ontem.

Dessa forma, fizemos um passeio pela região (só 220 milhas)e rodamos por uma belíssima estrada chamada Old Stage Road. Uma estrada solitária, cheia de curvas, asfalto perfeito e milhas e milhas sem uma casa sequer.

Voltamos ao motel e lá ficamos.

Ontem pela manhã, trouxeram uma Ultra 2006. Apesar de 3 anos mais velha, a moto chegou reluzente, com todos opcionais e um belo berrante!

As ponteiras originais estão abertas, gerando até, alguns backfires.

Diferenças acentuadas de tamanho, ela tem um tanque menor, pneu mais fino (150 contra 180) é mais baixa, tem 5 marchas (TC88) e mais divertida.

Destaque total para o tour-pack, todo iluminado, escrito Harley-Davidson e com uma forração interna em feltro, com o logo HD em relevo.

Estou até pensando em afanar e levar para o Celestino (acho que ninguém perceberá).

Moto nova, digo, nova moto, apesar de mais velha, mas quero dizer, dado o convívio que tivemos com a anterior, mais nova que esta, leva-nos à impressão de ser esta mais velha, mais nova do que a outra, que na verdade é mais velha, por ter sido fabricada num período anterior à supra-citada 2009.

Espero ter explicado em poucas palavras a sensação que tive ao pegar a nova moto… que na verdade é mais velha, como já explicado. (momento Monty-Python)

Continuando… Moto nova, pegamos estrada em direção ao Mojave (deserto). Passamos por paisagens muito interessantes, por serem extremamente diversas às encontradas na nossa região.

Chamou a atenção uma montanha com uns 50 moinhos de três pás, enfileirados, para captar o forte vento da região. Pegamos algumas rajadas que jogaram a moto para os lados.

Chegamos a Ridgecrest, no meio do deserto do Mojave, no meio do nada.

Hoje, partiremos para o Vale da Morte (Death Valley) e depois, Las Vegas. A Ana Paula está imaginando que o Vale da Morte é tenebroso, com despenhadeiros e milhares de velhinhos com bíblias na mão, recitando o salmo 23 para quem passa…

As fotos ainda não estão atualizadas, mas prometo fazer isso hoje, ou amanhã, mais tardar…

Abraços a todos.

Aaaaaahhhh, esqueci de falar que visitamos uma belíssima loja da HD em Bakersfield e eu tirei foto em cima de uma Cross Bones.

Tchau, de novo.


Temos comido bem, por incrível que possa parecer. À base de carboidrato, é fato, mas tem alguns lugares legais, que aprendemos da outra vez. O Denny’s, por exemplo, é muito legal.

Ontem, comemos um purê de batata com um molho muito bom (picante), chamado Molho Ranchero, uma salada com pedaços de maçã e tilápia com pedaços de abacate e mais um monte de coisas. Parece estranho, mas deu até água na boca, só de lembrar.

Já acostumei com o café fraco daqui na outra vez. Tomo uns 4 mochas (Frapuccino do Star Bucks) por dia… Red Bull a U$ 2,50 (uma pechinha), enfim…

Só pela educação e organização, moraria aqui, facinho, facinho.


Diário de Bordo, data estelar, 85144,24 (ui!)

Saímos de Ridgecrest, no meio do nada para o Vale da Morte (Death Valley).

Estradas com retas a se perder de vista, ainda no meio do nada, com um pavimento perfeito… e só! Nem acostamento, ou “Soft Shoulder” como dizem aqui.

Aliás, da outra vez que vim, achava que Shoulder fosse apenas “ombro” e não entendia placas do tipo “Não dirija nos ombros – Don’t drive on the shoulder”, “Não pare nos ombros”, “Ombros macios”.

Só depois descobri que era “acostamento”, e aí, passou a fazer mais sentido.

Cheguei a pensar que o cara ficasse muitas horas dirigindo e, devido ao cansaço, colocasse o peso no corpo nos ombros e braços… e que fosse uma expressão deles. Minha imaginação, vocês sabem…

Tem as placas “Xing”, também… se tiverem interesse, posso falar sobre elas, depois. Ontem, encontramos uma “Burro Xing”. Não fotografei por pensar que viriam outras, me ferrei.

Durante o caminho, encontra-se casas abandonadas, em ruínas, o que dá à paisagem um certo encanto. Essas casas estão, em geral, cercadas, portanto, imagino que sejam lá deixadas para compor a paisagem desértica.

Aliás, tudo aqui é cercado. Tudo é programado. Tudo é calculado.

A Ana e eu sempre comentamos que parece que estamos no meio de um episódio de “Twilight Zone”(Além da Imaginação), onde o cara faz parte de um mundo artificial e as pessoas vão montando as casas, cenários e tudo o mais, à medida em que ele se desloca. A gente se sente meio assim…

Passamos por uma cidade quase fantasma, chamada Trona, onde abastecemos a U$ 3,50 (reflexo do deserto). A média encontrada por aqui é de U$ 3,00, por galão.

Após Trona, pegamos outra estrada, que nos levaria ao Death Valley.

No cruzamento, encontramos um casal de Branco, com uma caminhonete branca e uma LINDÍSSIMA Cafe Racer, Norton Commando, cor de café, marrom. O cara usava uma camiseta branca, da Norton, obviamente.

Paramos para parabenizá-lo pela moto e tirar 2 fotas. Deu vontade de perguntar por que ele não tirava a moto da pickup e colocava para rodar…

Daí, subimos uma serra absurda, pois tínhamos que atravessar a montanha, para chegar ao vale. Altitude chegou a 6.000 pés (2.000 m) saindo do quase 0. Para terem uma idéia, para manter 60 milhas, tive que espetar uma quarta e depois uma terceira e dar corda na Harley.

Subindo e descendo a montanha, começa o Vale, propriamente dito. Mais paisagens desérticas belíssimas, com tudo muito bem organizado, pontos de apoio, posto de gasolina, comidinha, mirante para fotos e o ponto mais baixo. 300 pés ABAIXO do nível do mar (mais ou menos 100 m).

Muito bacana, superou nossas expectativas.

Não encontramos nenhum velhinho com bíblia recitando “Ainda que eu caminhasse pelo Vale da Morte… parará…”

A Ana disse que é por causa da época do ano, eles devem estar de férias.

De lá partimos para Las Vegas, mais uma subida e descida de montanha, para chegar a Nevada.


Quatro horas.

Chegamos a Las Vegas, há 1 hora. Agora, são 17:45, aqui.

Estou jogando as fotas no micro e esperando a Ana tomar banho, para passearmos nesse parque de diversões.

Tem uma montanha-russa muito louca, vou tentar andar nela, hehe.

Depois eu posto o Diário de bordo.


Não conseguia parar de cantarolar a belíssima canção do João Gilberto:

“Eu vim de Las Véééégas, mas eu volto pra lá…”

Desculpem, mas sou um tanto desafinado. Foi só para que vocês também lembrassem.

Cruzando a divisa de Nevada, vindos do Vale da Morte, paramos no primeiro bote, para beber algo. Estava muito quente. Um bar de filme, muito louco! Várias maquininhas de vídeo pôquer no balcão, mesa de “eight ball” e milhares de quadrinhos nas paredes. Um típico bar caipira americano.

De lá à entrada de Las Vegas, é bem pertinho. A cidade “surge”, no meio do deserto.

Paramos num posto que tinha Mc Donald’s (nosso primeiro mac na viagem para “almoçar”. Demos de cara com uma Dodge Ram 3500 rebocando um HUMMER!!! É mole? Não entendo o que pode levar um cidadão a rebocar seu Hummer de estimação com uma pickup de 3 ton e meia.

Que é? Ele vai levá-la pra lavar e busca depois?!

Fotografado, vai pro álbum do Orkut.

Chegando na avenida dos cassinos – se bem lembro, chama Tropicana – realmente impressiona. Prédios gigantescos, com efeitos temáticos, pirâmides, castelos, réplica da estátua da Liberdade, Montanha Russa (eeeeeeee!!!)

Foi muito bom termos chegado à tarde, pois saímos à noite e revimos aquilo iluminado, que é mais bonito ainda.

Não conseguia parar de pensar na montanha russa. Fomos pra lá, fica no New York, New York, um dos casinos.

Desculpem meu caipirismo, mas não sabia como a coisa funcionava e achei muito legal o fato de se ter livre acesso àqueles belíssimos prédios, sem qualquer necessidade de apresentação ou compra de ingresso.

É possível se passear dentro do cassino, jogar se quiser e comer a preço razoável.

Apesar de ter gente muito bem vestida, também tem gente vestida de maneira casual, o que deixa todo mundo à vontade.

Fez lembrar que no nosso país, os caras escondem uma maquininha caça-níqueis no segundo sub-solo da cozinha de um buteco na Rua Vitória, parece que temos muito a aprender.

Agora, sacanagem mesmo, é as mulheres que fazem show nos casinos: saem com suas roupas de trabalho e cruzam o ambiente, para ir onde bem entenderem… eu não sabia disso, tomei um monte de porrada, não estava preparado psicologicamente para não olhar…

Nós fizemos um tour pelo New York, andei na montanha russa, espetacular e depois fomos ao MGM, onde comemos num dos inúmeros mini-restaurantes ali dentro.

Apostei U$ 0,25 numa maquininha e perdi tudo.

Confesso que a estrutura e tudo o mais empolgam, mas não é minha cara, nem da Ana.

Não teve muito a ver com o espírito da nossa viagem, apesar de ter uma belíssima loja HD, dentro de um dos casinos que não lembro agora qual é.

Amanhã escrevo sobre o Grand Canyon…

35 milhas de Dirt Track numa Ultra

E bota dirt nisso.


Grand Canyon

Esta viagem nos trouxe algumas gratas surpresas e este dia reservou logo duas.

Quando fizemos a Rota 66, em 2008, conhecemos a borda sul do Canyon, que é acessada por Flagstaff. Desta vez, queríamos conhecer a borda oeste, onde fica o Skywalk.

É uma obra recente, sua inauguração data de 2007 e se encontra dentro da Reserva Indígena dos Hualapai.

Trata-se de um lugar bem mais retirado, tanto que, para se chegar lá, só por estrada de terra.

Saindo de Las Vegas, marquei no GPS a rota para Peach Springs, que é a cidade aparentemente mais próxima do Skywalk. Ao cruzarmos a divisa dos estados de Nevada e Arizona, há uma belíssima represa, chamada Hoover Dam, da qual nunca tínhamos ouvido falar. Essa foi a primeira grata surpresa do dia. Continuamos pela estrada em direção a Peach Springs e, de repente, vejo uma placa do outro lado da Estrada, indicando Skywalk J (eeeeee!!!). Pelo meu GPS, faltava 190 km para chegar a Peach Springs.

Se tivéssemos ido por Peach Springs, provavelmente não teríamos chegado no Canyon nesse dia, pois, além da distância, a estrada possui quase 80 milhas de terra (160 ida e volta).

Como não tinha certeza de como chegar, resolvemos seguir essa placa que, aparentemente dava acesso por outra cidade. Foi o que aconteceu, a paisagem foi mudando, ficando cada vez mais afastado e a cidade mais próxima à frente era Meadview. Ela estava umas 15 milhas à frente da entrada para o Canyon, mas como não sabia o que ia pegar pela frente, resolvi seguir adiante para abastecer nessa cidade.

Foi a menor cidade que já vi na vida, parecia que eu estava no seriado Bonanza. O posto de gasolina é o centro da cidade. Aqui no Brasil, cidades pequenas têm uma igreja e a prefeitura. Não vi nada disso, lá. Nem Mc Donald´s! O posto conta com uma bomba daquelas que tínhamos aqui nos anos 80, onde a gente abastece (eu tive que esperar um senhor abastecer uma lancha, que devia ter uns 32 pés) entra no mercadinho e conta pro tio do caixa quanto foi gasto. Ele anota o valor que você falou num caderno e cobra. Meu, isso é utópico e ao mesmo tempo, ingênuo e lindo.

Pararam dois caras de Electra para abastecer e conversaram rapidamente conosco. Eram Canadenses.

Saímos de lá e fomos para o Skywalk. uma estrada com um asfalto impecável, perfeito. Por 2 (duas) milhas. Depois, 25 milhas de terra, e um pedrisco finiiiinho que faz a frente da Electra tentar continuar o passeio sozinha a todo instante. Eu não deixei, sou muito possessivo.

Subimos com bastante cuidado, devagar, mas muito tranqüilo.

Quando chegamos lá, os índios disseram que ninguém lá chega de moto. Talvez pela dificuldade aliada ao fato de que os shuttles (vans) levam você lá em cima pelo mesmo valor que se paga lá, para andar 1 milha e entrar no “ lugar”.

Bom, o lugar em si, vou deixar para as fotas contarem. Não dá para expressar com palavras, é maravilhoso.

Saímos de lá quase no final da tarde e pegamos a estrada em direção ao Arizona, Kingman.

Ao cruzar a divisa do Estado, a primeira providência, foi tirar o capacete, pois lá, não é obrigatório.

Poucas coisas na vida são mais gostosas do que andar de moto sem capacete.

Chegamos a Kingman com um belo sol a cair e já avistando algumas placas de Rota 66.

Para quem quiser ler um pouco mais sobre Skywalk e Hoover Dam:

http://en.wikipedia.org/wiki/Hoover_dam

http://en.wikipedia.org/wiki/Grand_Canyon_Skywalk


Tivemos dois excelentes dias, Rota 66 e Highway one.

Dias marcados por muito vento, apesar do belíssimo céu azul.

Estava comentando com o Genaro, ontem, que o comportamento da Electra em tal situação, fica muito prejudicado. O motor sente bastante, ela vira uma draga e o consumo ficou na casa dos 12 km/l.

Ontem à tarde, no trecho de Monterey, o vento deu uma trégua e voltei a sentir a motona de novo. Realmente, compraria uma Electra sim, de olhos fechados. Mas reconheço que ela poderia ter mais motor, não seria má idéia.

Rota 66 – Neste trecho voltamos a lugares conhecidos.

Kingman até Oatman, talvez o pedaço mais bacana de todos, onde a Rota se distancia da interestadual, a paisagem vai mudando e você, de súbito, encontra-se numa cidade do velho-oeste, até com burros na rua (nós estávamos na calçada, seus, seus…).

Daí, cruzamos a divisa do Arizona com a Califórnia e mais um grande trecho (200 km, mais ou menos) de retas e mais retas.

Dormimos em uma cidade lidíssima, chamada Paso Robles, bem no meio do mato, com paisagem verde, já anunciando o dia seguinte:

Saindo de lá, fomos orientados a pegar a State Route 46, que é muito, mas muito linda!

Vim saber depois, que é a estrada onde morreu o James Dean, com seu lendário Porsche 550. À época, ela ainda era chamada de Highway 466.

Através dela, vislumbramos o mar ao longe, as montanhas e o prenúncio do que estava por vir:

Highway One – Assim como a Rota 66, já era nossa conhecida, o que trouxe à viagem uma pitada de Nostalgia.

Estrada estreita, com muitas curvas, mar à esquerda e muito verde à direita.

Às vezes acontece de o verde ficar à esquerda, mas o mar não fica à direita.

Assim como a estrada, que fica sempre no meio.

Que bom!

Passamos por algumas Galerias de Arte e almoçamos em Big Sur, pouco antes de Monterey.

Ontem a motoca compensou o consumo, batendo 19 km/l nesse trecho.

A estrada está em obras, o que nos levou a parar algumas vezes, por períodos de 15 a 20 minutos. Pra quem tem pressa de chegar a Frisco, melhor ir pela 101.

Chegamos a Frisco no final da tarde, com um congestionamento absurdo, todo mundo voltando pra casa ao mesmo tempo. Tinha até motos! Vimos uma Gold Wing, umas 3 BMW´s e 2 HD, nesse trecho final.

Aqui terminam nossos relatos de estrada.

Chegamos a Chico City, de volta.

Escrevo da janela de um Hotel centenário, o Red Victorian, observando a Haigh Street, berço da cultura Hippie.

Passaremos mais alguns dias aqui para depois voltar à rotina de Sampa.


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