Quando acordei ainda eram 5 horas da manhã. Minha namorada já estava em Salvador e eu tinha dois dias para andar quase 1300 km até chegar a Lençóis. Não recomendo fazer o que eu fiz, porque foi muito arriscado.
Sai às 5h30 da manhã rumo a Petrolina., mas não sabia de Parnamirim (PE). Dos estados que eu rodei recomendo evitar Pernambuco, não gostei do tratamento que recebi das pessoas.
Às 16 horas eu cheguei a Salgueiro. De lá optei por ir por Parnamirim, que fica a aproximadamente 100 km de Petrolina. Andaria poucos quilômetros se eu fosse por Cabrobó, mas me falaram mal da cidade. Após me abastecer de informações contraditórias e caras fechadas e com a moto abastecida, segui para Parnamirim. De novo, muitos buracos e jegues. Cuidados!
Após 30 km apareceu no meu retrovisor uma moto. Tive medo, pois tinha muito buraco na estrada e não tinha passado por povoados, somente jegues. Eu resolvi acelerar no meio dos buracos.
Após uns 10 ou 12 km não lembro, avistei um bar e algumas poucas casas e arrisquei parar para pedir informação.
Por incrível que pareça, lá eu fui bem recebido. Peguei as informações (que eu já sabia), mas era mais mesmo por causa da moto que vinha atrás. Quando ela entrou para o povoado eu fiquei mais tranquilo.
Tive a orientação de não parar para ajudar quem quer que fosse. Enquanto estava parado recebendo informações, vi um caminhão passando. Logo depois eu segui viagem. Não andei mais que 5 km e o caminhão estava atravessado na pista e bloqueando a passagem. Mais uma vez eu fiquei com medo e pensei que iria ser assaltado ou tomar um tiro. Pensei em colocar a moto no sentido contrário.
Parei a moto a uma distância de aproximadamente 500 metros e esperei um pouco. Em menos de dois minutos apareceu outro caminhão no sentido contrário ao que eu ia e no mesmo sentido do caminhão que ficou atravessado. Fiquei com mais medo e pensei que o caminhão que se aproximava iria fechar a estrada e colocar a moto no baú. Mas ele passou direto, parou perto do outro caminhão. Fizeram um buzinaço e seguiram. Eu esperei um pouco, para eles tomarem distância, depois segui viagem.
Após uns 40 km, o caminhão que estava na minha frente, começou a diminuir a velocidade, pois comecei a aproximar dele, mesmo estando a uns 75 km/h. Ao aproximar, ele deu seta indicando para que eu o ultrapassasse. Pisquei farol e indiquei que não conseguiria, mas um pouco à frente ele diminuiu e fui obrigado a ultrapassar. Pensei que se ele me jogasse para fora da estrada eu estaria perdido, pois já tinha escurecido, era mais que 18 horas.
Eu fiz a ultrapassagem, agradeci e fiquei na frente dele por uns 10 km. Ele percebeu que não iria ultrapassar os 80 km/h. A esta altura ele já tinha lido minha placa e pensado que eu não seria doido ou corajoso de assalta-lo, então ele me ultrapassou.
Mais uns 20 km e tinha a opção de seguir direto ou virar à direita. Como os caminhões viraram para a direita eu os segui. Vi uma placa muito apagada onde li a palavra Picos. Pensei que estava indo para o Piauí. Andamos mais uns 15 km até chegar à cidade de Santa Cruz.
Os dois caminhões pararam e eu parei atrás. Nisso perguntei para um dos motoristas:
– Moço foi você que atravessou o caminhão na pista?
– Sim fui eu.
– Moço eu estava com medo de você e você de mim!
Começamos a dar risadas.
Eles me explicaram que a cidade que eu estava era tranquila e não precisava me preocupar. Conversamos mais um pouco, peguei informações e descobri que tinha errado o caminho.
Os caminhoneiros me indicaram onde dormir e também uma pousada, mas infelizmente a pousada não tinha vagas. Conversei com o casal dono da pousada e acho que pensaram que eu era mais uma dessas pessoas protegidas pelo governo e dos “direitos dos manos”.
Acabou que me deram a mesma informação dos caminhoneiros, então resolvi voltar os 15 km até um posto policial.
Passei de novo pelos caminhoneiros, brinquei mais um pouco e segui rumo a Petrolina. Foi a conta de virar à direita e eu fui parado pelo policial, que com preguiça, conferiu o documento, olhou para a carga e disse: “Agora você esta tranquilo, para onde esta indo é de onde você veio”.
Mais 50 km e eu cheguei a Petrolina. Eram 21 horas e tinha percorrido 800 km no dia. Demorei a achar um posto para dormir. Novamente encontrei um povo sem educação. Chegando ao posto, com muito custo o frentista me deixou usar o banheiro e tomar banho.
Depois, conversando com um caminhoneiro, ele também disse que teve problemas em Pernambuco.
Mas tenho uma ressalva no mesmo posto: a dona da lanchonete. Acho que ela foi com a minha cara e disse que se eu quisesse poderia dormir na varanda, mas às 6 horas eu teria que sair. Agradeci, mas preferir ficar em outro canto.
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