Olá Amigos
Desculpem a longa ausência mas muitas coisas aconteceram e, infelizmente, estávamos em total ausência de internet…
Bom, depois da Mauritânia foi mais ou menos uma grande loucura. Saímos numa madrugada quente em direção ao oeste da Mauritânia cruzando pela segunda vez o deserto do Saara, desta vez de oeste para leste. Foram dois dias dentro de uma zona conturbadíssima de controle tribal e extremo grau de terrorismo. O exercito, a ONU e a Polícia estão em toda parte, fazendo bloqueios na estrada que nos tomaram muito tempo, a cada bloqueio preenchíamos uma ficha com nossos dados para saberem onde sumimos (caso sumíssemos). Quando eu digo muitos bloqueios entenda um a cada 600m em média, uma verdadeira loucura.

Conhecemos um cara da OTAN que compra armas de grupos guerrilheiros na tentativa de desarma-los. Ele nos aconselhou a pegar a rota de asfalto e não a de areia que queríamos. A nossa era mais segura, mas ele disse que estava péssima, cheia de dunas e que deveríamos passar pelo meio da treta mesmo. Bom, logo descobrimos que não existe gasolina no leste da Mauritânia, tudo é a diesel e gasolina só no mercado negro. Cada negociação durava em torno de duas horas e os preços começavam em 5 euros o litro e acabavam em 20 a 30% acima do normal. Era uma tarefa desgastante. conseguimos rodar no máximo 500km por dia já que à noite era proibido rodar. Às 6 da tarde, nesses bloqueios, tomam seu passaporte e só devolvem no dia seguinte às 6 da manhã.
Finalmente entramos no Mali, o caldeirão quente da África, onde o povo árabe, berbere e touareg se mistura com os primeiros negros. Finalmente a gasolina voltou, mas não em postos, ainda tinha que ser comprada em galões ou garrafas de um litro. Nas desastrosas estradas descobri que o rolamento da roda traseira estava bem danificado, rodamos com a roda sambando por 600km até chegar em Bamako, onde decretamos um dia de folga. A viagem está desgastante demais para seguir e seguir…


No dia de folga, por um acaso do destino, descobrimos uma simplérrima oficina que tenho certeza que vocês não consertariam suas motos. La encontramos o rolamento supostamente original Honda para minha moto. De longe o Alex, engenheiro experiente e mecânico amador, já disse que era falsificado, mas tudo bem deveria durar uns 3000km. Dito e feito: 24 horas depois e 700km quilômetros mais tarde eu já não tinha mais rolamento traseiro novamente, hahahah.
Atravessamos a fronteira para Burkina Faso de forma límpida e cristalina, nada de propinas ou presentes, parecia um conto de fadas, a pequena choupana de sapé, que era o escritório de fronteira, era calmo e acolhedor.
Confessamos que adoramos Burkina Faso, uma pequena ilha de paz dentro do caos, a população mais tribal que as outras dá um aspecto mais tranquilo, casas de barro, sem luz elétrica… É bom para dar valor. A próxima vez que você ligar um abajur só para decoração, não sinta culpa, mas saiba que 3 ou 4 países que atravessamos ainda estão a luz de fogo para iluminação. Na capital as coisas são diferentes tinha ate um autorizado Honda que tinha sim o verdadeiro rolamento de roda. Colocamos logo todos e deixamos tudo justinho para seguir.
Deixe um comentário