De Burkina Faso seguimos para Benin. Sim, Benin é um pais, muito legal por incrível que pareça. A gasolina voltou a ser em postos com bombas como deve ser, as estradas se depreciaram um pouco mais e surgiram alguns buracões …. Anoiteceu e seguimos. Queríamos render bem à noite até que o Alex me chama no intercomunicador dizendo que tinha acertado um buraco. Eu brinquei: eu sei Alex eu também acertei vários… Ele replicou: eu acertei um grande.. Acho que quebrou alguma coisa. Ele estava certo eram 21h30 horas no Benin e o Alex tinha conseguido num único golpe quebrar 8 raios da roda traseira e fazer um amassado em V considerável na roda. E roda boa da japonesa. São só 24 raios, portanto, um terço estava faltando. Por sorte do destino, na primeira vila achamos um lava motos e esse ligou um motinho e foi buscar a solução do nosso problema. Um senhor que não falava francês nem inglês e vivia num lugar sem eletricidade. Sem pressioná-lo ele deu a solução: vocês vão para um hotelzinho ali, tiramos a roda e o pneu agora. Eu trabalharei à noite e amanhã às 9 horas da manhã devolvo a roda pronta…. Mas como ? Com que raios? Sei la. Boa noite.

A roda voltou perfeita, alinhada e com raios sei la do quê, mas funcionava que era uma maravilha. Mais um problema pra trás, mais mil por vir.

Entramos na Nigéria. É o mesmo que entrar no apocalipse. A imagem do inferno na terra, o vórtex do caos no planeta, o olho do furacão da desestrutura social, moral, governamental e política do mundo. resumindo, a Nigéria é uma merda. O conceito de trânsito não existe. Mão e contramão idem. Respeito, cuidado e civilidade passam longe.

Foram dias difíceis, muito difíceis. Alcançamos um primeiro aglomerado social, já que não se pode dizer cidade e ficamos ali, reféns, pela noite. Tentamos sair para comer à noite e fomos proibidos pelo segurança da pensão. No dia seguinte, fomos metodicamente assaltados a cada 600m pelas barreiras do exército e polícia que a muitos anos não recebem salário, mas ainda detém as armas e com isso tiram o que podem. Foi um dia que vimos mais de 70 metralhadoras apontadas para nós. Nossas armas: um bom sorriso, bandeiras do brasil nas motos e muita, muita cara de pau. Sem dizer, claro, que o que nos salvou mesmo foi o saco de bugigangas que o Alex levou, com chaveiros do brasil, bonés, adesivos, imãs de geladeira… Acreditem, funcionaram melhor que dinheiro. No único trecho de estrada que dava para andar a 120km/h eu descobri que eu tinha chegado ao fim do motor da minha moto. Ela começou a bater pino e logo um calor tomou conta do cabeçote. Em linguagem simples, o motor tinha fundido, as válvulas batiam soltas e quebrariam a qualquer momento. Baixamos a velocidade para 100km/h e a ordem era tentar sair da Nigéria, mesmo que moendo tudo.


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