O programa de hoje é chegar a Deals Gap (North Carolina) pela Foothills Parkway. Isso nos permitirá pegar o Dragão pelo rabo (mania de brasileiro). Abrindo um parentheses: enquanto escrevo tem um casal aqui ao lado queimando uma maconha da melhor qualidade.
Sou obrigado, pela proximidade e pela direção do vento, em compartilhar do saudável vicio dos sacanas e isso é um perigo pois esta me dando vontade de “fazer” o Tail of the Dragon agora e com o farol apagado. O Cyro está tendo um enorme trabalho em me convencer do contrário. O problema é que ele começa a ser afetado pela melodiosa fumaça e parece que esta ficando doidão também. Torçam para que resistamos ate o final da narrativa. Fecha parênteses.
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Voltando à vaca fria, na saída de Gatlinburg nossos GPS começaram a brigar, mostrando direções exatamente opostas embora com o mesmo endereço. Só posso atribuir isso a uma ação do anjo da guarda de um de nós trabalhando para evitar nosso encontro com aquele terrível trecho da 129. Deixamos de lado as informações das caríssimas bugigangas e apelamos para a ignorância: nos guiar pelo sol e pelas placas já que o dia estava lindo, sem nuvens e com o sol nos saudando em cada raio que atravessava a copa das árvores que margeavam nosso caminho, além disso a sinalização é ótima e assim atravessamos novamente o Fumaça. Como, o amigo não sabe a quem nos referimos ? Seguinte, de tanto atravessá-lo, o Smoky Mountain National Park já nos permite a intimidade de assim chama-lo. De qualquer forma o Fumaça está em eterna mutação, assim cada dia e, cada momento são únicos e você tem mais é que aproveita-los.
Como esquecer o bom e velho “Fumaça” ?
(Smoky Mountain National Park, TN)
Tá vendo, qualquer um consegue boas fotos pois o danado do Fumaça é exibido como ele só !
(Smoky Mountain National Park, TN)
Uma última parada para nos despedirmos do Parque que cruzamos algumas vezes em nossas andanças.
(Smoky Mountain National Park, TN)
Praticando um saudável habito aprendido com nossos congressistas. Nãããããooooo, não é isso que vocês estão pensando não, é só um inocente alongamento.
(Smoky Mountain National Park, TN)
Após curtir o visual maravilhoso entramos na Foothills Parkway e aproveitamos mais uma Estrada que só pode ter sido projetada pensando em motociclistas, tal sua beleza e perfeição. Por outro lado, verdade seja dita, os motociclistas fazem sua parte, coalhando as estradas com suas motos coloridas (algumas exageradamente) e, principalmente, com a melodia dos Big Twins fazendo disparar batimentos cardíacos.
Como dois brasileiros se apresentam a tal de Foothills. A formalidade nunca foi o nosso forte.(Foothills Pkwy, TN)
O problema era que quanto mais próximo da 129 mais a adrenalina subia , a respiração acelerava e todos os sentidos se colocavam em alerta máximo. Claro que para dois anciãos era um “alerta máximo” tipo funcionário do congresso: meia-boca e de terça a quinta-feira. Bem, isso não importa, já que o Tail of the Dragon não admite brincadeiras. Falando serio, se você não sabe como fazer uma curva, e só existem duas maneiras de faze-la: a certa e a errada, NÃO VÁ pois na melhor das hipóteses você vai voltar com o ego em frangalhos ou proceder como nossos amigos abaixo.
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Para nós, era uma questão de honra não atrapalhar ninguém e andar em uma velocidade decente. O Cyro já fez motovelocidade e sabe muito, mas muito mesmo, sobre pilotagem e nunca se furtou a ensinar-me o que sabe. Constantemente praticamos juntos e temos oportunidade de trocar idéias, corrigir minhas falhas e refazer curvas buscando o contínuo aperfeiçoamento. Sinto-me, por isso, na obrigação de compartilhar esses conhecimentos com todos aqueles que tiverem a paciência e a curiosidade de ler-me. Quando chegamos no trecho onde termina o Dragão (lembrem-se que chegamos pelo final do rabo, hehehehe), lembrei-me de todos os ensinamentos: respiração, olhar, rotação, peso na pedaleira, foco e, principalmente, caprichar no contra volante (ou contra esterço). Após a primeira curva tudo ficou mais fácil, respiração compassada, olhar no ponto em que quero que a moto vá, rotação no mínimo a 4.000 rpm, peso na pedaleira interna da curva, atenção total no trabalho e contra esterçar com vontade para que a moto incline o que a curva requer. Não vou cansá-los com detalhes técnicos mas tenham a certeza de que fizemos um belíssimo trabalho e fomos cumprimentados por quem veio atrás (e não conseguiu acompanhar-nos embora tentasse). As motos estão cheia de cicatrizes nas pedaleiras e nos escapamentos. Se você quiser andar decentemente tem que raspar mesmo, e com vontade.
Estou realizado, alias mais do que realizado, consegui andar no Dragão como sempre desejei. Ano passado estive aqui e, ainda que não tenha atrapalhado ninguém, não andei como poderia pois estava em uma moto alugada e sozinho. Além disso, de lá para cá, houve uma evolução muito grande após viagens em serras bem trabalhosas onde os ensinamentos foram colocados em prática.
O fato é que estou orgulhoso e espero que vocês relevem esta minha euforia, afinal não é toda hora que você vai ver um velho de 70 anos esfregar a pedaleira de uma Goldwing no Rabo do Dragão. Foi lindo !
Se me perguntarem se no Brasil existem desafios semelhantes ao Tail of the Dragon, embora não conheça todos, diria que certamente sim, temos curvas fechadas, em subida em descida, etc., etc. O grande desafio do Dragon é a sequencia de curvas (318 em 18 Km) de diferentes ângulos, rampas e inclinações, com folhagem na pista (dependendo da estação do ano) sem tempo para recuperar a respiração e sem perdão para qualquer vacilo.
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Além do mais, existe a pressão de dezenas de motos enfileiradas atrás de você andando forte, exigindo que você abra caminho para as speeds e ande num ritmo compatível com o grupo que está embolado com você.
Isso sem falar nas que vem em sentido contrario misturadas a carros, trailers e caminhões.
Você chega ao final da sequência exausto. Além de sua pilotagem ser exigida ao máximo, seu corpo também sofre, e muito. Claro que você pode fazê-lo a 20 Km/h (e assim mesmo em algumas curvas isso pode ser muito !) freando, jogando uma primeira sem sequer inclinar a moto, tipo “só no sapatinho” mas ai, meu amigo, você estará fazendo o “Rabo da Lagartixa” e não o “Tail of the Dragon”.
A proposito do casal que estava “apertando” um xaro. Os caras devem ter queimado uns 8 quilos da “marvada” durante a noite. A vantagem é que os pernilongos desapareceram (ou estavam doidões).
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