Pela manhã cambiamos os reais/bolivarianos – R$ 1,00 estava cotado a 70 bolivarianos – e retornamos todos à Aduana, onde o despachante já nos aguardava com os Certificados normalizados. Já eram 10 horas quando finalmente entramos “oficialmente” em território venezuelano, podendo finalmente seguir nossa viagem de moto. Seria um dia longo, com 637 km para percorrer, com dois trechos de serra com traçados bem lentos.
A Venezuela é um país localizado ao norte da América do Sul, na fronteira com o Mar do Caribe. É delimitado ao sul pelo Brasil, a oeste pela Colômbia e a leste pela Guiana. A Venezuela era habitada por vários povos indígenas e, em 1498, Cristóvao Colombo chegou à bacia do Rio Orinoco durante sua terceira viagem ao continente americano. A colonização iniciou em 1520 e o país é amplamente conhecido pela diversidade ambiental, pela indústria do petróleo e está entre os países mais urbanizados da América Latina.
A independência da Venezuela foi declarada pelo congresso no dia 5 de julho de 1811, mas levou alguns anos até que, após muitas batalhas entre os exércitos patriotas comandados por Simón Bolívar e os realistas, aquele país tornou-se completamente independente.
A Revolução Bolivariana é o termo criado pelo falecido presidente Hugo Chávez para designar as mudanças políticas, econômicas e sociais iniciadas a partir do seu acesso ao governo. A revolução está baseada, segundo Chávez, no ideário do libertador Simón Bolívar e tem como objetivo “chegar a um novo socialismo”.
Seguimos viagem em direção à “Gran Sabana”, local onde fica o Monte Roraima. Andamos por 60km e logo chegamos ao primeiro posto de controle, onde deveríamos apresentar o passaporte e a “Autorizacion Vehicular” (recomendo manter sempre junto ao documento da moto, pois será necessário para transitar e, principalmente, sair do país).
Após os trâmites no posto de controle, logo chegamos ao esperado Monte Roraima. O Monte Roraima está na tríplice fronteira de Venezuela, Guiana Inglesa e Brasil. Situado na região do Planalto das Guianas, o acesso terrestre ao Monte Roraima se faz pela Venezuela, na região do “Gran Sabana”, com entrada pelo Parque Nacional Canaima. Ele é o mais alto da cadeia dos mais de 100 Tepuis, que são caracterizados por gigantescos tabuleiros com paredes altas e totalmente verticais e ficam em uma das regiões menos exploradas do nosso planeta. O grande tabuleiro é cercado por penhascos de aproximadamente 500 metros. Do lado norte do Monte Roraima os paredões têm duas quedas de 400m de altura. Porém, ele encontrava-se totalmente encoberto por nuvens e apesar de tirarmos algumas fotos do grupo, ficamos desapontados por não ter boa visibilidade.
Paramos num posto para abastecimento e em seguida entramos no Parque Nacional Canaima, localizado no estado Bolívar, que foi criado em 12 de junho de 1962 e declarado patrimônio da humanidade pela UNESCO no ano de 1994. Apresenta área de 30.000 km² e por seu tamanho é considerado o sexto maior parque nacional do mundo. Cerca de 65% do parque estão ocupados por mesetas de rocha chamadas tepuis. Estes constituem um meio ambiente único, apresentando também um grande interesse geológico. Suas montanhas escarpadas e quedas d’água (incluindo o salto Ángel, a cachoeira mais alta do mundo, com mil metros) formam paisagens espetaculares.
Perigo nas serras
Tagino avisou que logo adiante estaríamos iniciando a subida de uma Serra com extensão de aproximadamente 45km, local de chuvas constantes e extremamente perigosa. Tratava-se da Serra de Lema que sobe rapidamente de 150m até 1650m acima do nível do mar.
Começamos a subida desenvolvendo uma boa velocidade média, porém logo uma grande tempestade se aproximou. O veículo que vinha atrás de mim logo me passou e reiterou o aviso, com chuva a pista se transformava num limo. Realmente, desabou uma tempestade e as curvas ficaram cada vez mais perigosas. Minha viseira embaçou, deixei aberta e escureceu demais. Estava de óculos escuros e eles logo embaçaram também. Sem acostamento para trocá-los, passei a pilotar lentamente com o pisca alerta ligado. Árvores caídas pelo caminho e pequenos rios se formaram sobre a estrada. Ao final do longo trecho, chegamos a um pequeno vilarejo (El Dorado), região de garimpo, onde recebemos diversas informações de tratar-se de local de muitos assaltos. Esse trecho foi o mais tenso de toda a viagem. Cláudio, que estava em uma moto sem ABS, disse que ao tentar frear em algumas curvas, a moto derrapou.
Optei por não usar roupas de chuvas (o calor por toda a viagem era muito grande, variação de 31º a 37º por toda a viagem) e as roupas secavam no corpo.
Seguimos até a cidade de Tupereme, onde houve a necessidade de trocar o pneu de minha moto (quando furou no início da viagem, ele ficou deformado, e nesse trecho, estava sem condições de seguir viagem).
Com um trânsito infernal, tentamos almoçar nesse local, mas somente um Chinês estava aberto. Optei por tomar somente um suco enlatado e deixar para matar a fome à noite.
Chegamos a Puerto Ordaz (Ciudad Guaiana) à noite. Ficamos hospedados no excelente Hotel Boutique 286. Excelentes quartos, limpo e ótimo restaurante.
Banhos tomados, começamos a sentir a grande diferença de câmbio entre nossas moedas. Fizemos refeição maravilhosa, bebendo whisky 18 anos e pagamos valor ínfimo. Muito barato mesmo.
Deixe um comentário