Como Elcione e Diacuí somente chegaram às 3 horas da madrugada, atrasamos um pouco a saída na parte da manhã. Partimos em direção a Ushuaia e logo chegamos à balsa do estreito de Magalhães que liga os Oceanos Atlântico ao Pacífico.
A passagem foi bem tranquila, fazia um dia ensolarado e o mar estava muito sereno.
A Terra do Fogo, na verdade, é uma ilha. Encontra-se hoje dividida entre Argentina e Chile e suas deslumbrantes paisagens encerram importantes episódios da história moderna e contemporânea. Com sua silhueta toda entrecortada, a ilha está separada do extremo sul da América por uma faixa de mar que liga os oceanos Atlântico e Pacífico. Essa faixa de mar se tornou famosa em 1520 quando Fernão de Magalhães conseguiu atravessá-la, permitindo uma passagem mais segura do que o caminho contornando o chamado Cabo Horns, último arquipélago americano antes da Antártida. A partir dessa façanha, a passagem passou a ser chamada de Estreito de Magalhães.
Quando os “descobridores” da América passaram por lá, observaram um monte de luzinhas de fogo. Acredita-se que o litoral da região austral era habitado por 2.500 índios da etnia Yámana – e não sobrou um para contar história. Para suportar o frio, eles faziam fogueiras. Se espalhavam pelas ilhas ao sul e passavam bastante tempo em canoas. Era um povo nômade que habitava as ilhas da Terra do Fogo. Eles tinham uma cultura linda e, como muitos outros povos da América do Sul, uma história triste. Sua cultura e seu povo foram quase totalmente arrasados pela chegada dos europeus à região.
Ao chegar ao Paso de Integración Austral (fronteira Argentina/Chile), o local estava com uma fila imensa. Como era sábado, diversos ônibus se dirigiam a Punta Arenas para fazer compras (área de Duty Free), e levamos pelo menos 1 hora e meia para fazer o translado.
Encontramos três motociclistas de São Paulo que informaram que na Ruta 3 tinham sido parados na estrada por grevistas e ao tentar furar o bloqueio, foram agredidos, com suas motos chutadas, tendo uma delas quebrado a seta, assim como um deles teve sua GoPro roubada.
Logo chegávamos a Cerro Sombrero, último posto de abastecimento antes do rípio e durante os próximos 300km. Chegamos às 12h15 e estava fechado para almoço. A previsão de reabertura era para as 12h30, porém somente às 13 horas que reiniciaram o abastecimento. Seguimos nossa viagem de moto para enfrentar um de nossos receios na viagem, o famoso “rípio”.
Atenção: Existem dois caminhos de rípio. Fomos orientados a seguir trajeto vermelho, mais indicado, com trechos asfaltados, mas ainda boa parte em obras.
No rípio iniciamos por precaução em baixa velocidade (50 a 60km/h) e, conforme ganhamos confiança, subimos a velocidade para 90km/h, mantendo boa margem de segurança.
Recomendamos: Abasteça em Cerro Sombrero e siga as placas com direção a Onaisin e San Sebastian. Ao sair do posto entrar à esquerda na rótula, evitar a outra (azul) que passa por Cullen e está em pior estado.
Os procedimentos nas fronteiras atrasaram nossa viagem em pelo menos 3 horas. Em San Sebastian também haviam dois ônibus fazendo a migração entre os países e chegamos à Ushuaia no final do dia. Apesar de no verão anoitecer tarde, o frio era bem incômodo e no trecho final, o capacete embaçava e obrigava a pilotar com a viseira, aberta recebendo a lufada de vento gelada. Logo alcançávamos o portal de Ushuaia.
À noite, jantar de “boas vindas” a Ushuaia patrocinado pela Help Bikers. Escolhemos uma casa de massas próxima ao nosso hotel onde as pizzas tinham sabores com comidas da região. Optamos por duas, com Centolla que é o caranguejo gigante pescado nas águas geladas do Pacífico e a outra com Cordeiro Patagônico, carne muito apreciada na região.
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