América do Norte, Alberta, Canadá
Jasper – Canmore (Parcial = 348 Km / Total = 27. 373 Km)
Finalmente, o sol apareceu esplendoroso, iluminando e aquecendo o mundo, afastando inclusive as nuvens escuras da minha alma. Com sol tudo fica mais exequível.
Despedi-me da casa amarela da D. Pina, deixando $80.00 CD (dólares canadenses) sob o abajur – como até às 09:00 AM, ela não tinha chegado, não havia como me dar o troco.
Dei a partida na Harley e sai vagarosamente, pela rua principal da pequenina e bela Jasper, sob o céu azul que realçava os picos das montanhas cobertos de gelo. Abasteci o tanque e sai do posto com o sol na minha frente; segui para a direita, no rumo sul. Estava ainda frio, mas resolvi seguir sem usar a segunda-pele.
Agora, as florestas parecem tentar subir as encostas das altas montanhas de pedra – estão acompanhadas pela presença permanente das altas e serrilhadas montanhas; as Rockies Moutains do Canada. E a perfeita estrada avança, de cartão postal em cartão postal.
De repente, a temperatura começou a baixar, porque a estrada estava subindo até ficar bem próximo ao nível dos mantos brancos das montanhas. Paro em locais de visuais incríveis e assim vou seguindo extasiado com a natureza
O frio continua intenso, até passar o Columbia Icefield, que é um glaciar bem menor que o Perito Moreno, na Patagônia argentina. Então, a estrada começa a descer.
Após uma grande curva de quase 360º, paro para abastecer no The Crossing, que é uma grande estrutura de apoio aos motoristas e turistas, onde se acha todo o tipo de goods para comprar. Faço contato com vários harleyros locais, que ficam encantados ao saber da viagem e logo dizem tchau.
Me mantinha a 100 km/h, passavam-se as horas e cheguei a Lake Louise; que é um grande parque, cujo centro de atenções é um grande lago cercado de montanhas com um glaciar ao fundo. Nos arredores, vários estacionamentos e uma estrutura hoteleira importante, que não compromete a beleza fenomenal.
Volto a estrada, passo por Banff e logo estou em Canmore. Originalmente, o roteiro previa pernoite em Banff, mas o meu amigo Walter Urtado, que já rodou de moto o Canada, me indicou Canmore, onde seria muito mais barata a hospedagem.
Entrei na cidade e dei umas voltas pelo centro, em busca de pousadas e somente via grandes hotéis. Então, lembrei-me de procurar o Information Center, onde recebi várias sugestões. O mais barato era $25,00 a cama, fica no meio do mato e afastado da cidade. Logo parti para lá. Loose Gravel era o piso da estrada de acesso e lá adiante uma ladeira muito inclinada. Dei meia volta e retornei para a cidade; risco desnecessário, nem pensar.
Avançando bem devagar, por acaso avistei a logo do The Hostel Bear. Fui recebido pelo gerente geral Matthew Pettis (mpettis@thehostelbera.com), que me explicou como funciona o hostel. Havia quartos individuais com banheiro privado por $80.00 CD e quartos com várias camas beliches, onde uma cama é $30.00. Havia lavanderia com máquinas automáticas, que poderiam ser usadas (lavadora e secadora) por um custo médio (lavadora com carga máxima de roupas) de $6.00. O refeitório bem organizado com a cozinha comunitária ficava logo ao lado da recepção. Havia lugar no freezer e na geladeira, onde cada hospede poderia colocar seus mantimentos com identificação (nome e dia da partida). Quando me perguntou pelo meu check out, lhe informei que eu estava adiantado no meu cronograma – vários dias – tinha decidido ficar em um hostel, a fim de permanecer várias noites e economizar. Realmente, o preço do quarto estava atraente.
Mais tarimbado, pedi para ver o quarto de 06 camas. Tinha um banheiro muito bom e as camas de baixo tinham cortinas individuais. Comentei com o gerente que eu já tinha sido soldado – alojamento coletivo – mas precisava ver se conseguiria me readaptar. Então, ele me deixou pagar apenas um dia; se eu gostasse, iria pagando conforme fosse ficando.
Quando estava levando a bagagem para a minha cama, abri a porta para o colega de quarto Kevin, que é canadense de Prince Eduard Island e está passando uma temporada na região, ensinando inglês e violão. Foi muito cordial comigo e me explicou que tudo funcionava na base da confiança, pois nunca aconteceu de alguém mexer nas coisas de outra pessoa, neste hostel.
Como no meu alojamento somente teriam ao todo 3 pessoas, já estava convencido a ficar mais de um dia. É perceptível que no Canada, o respeito ao semelhante é a essência da interação social. Tanto é, que se um pedestre insinuar que vai atravessar a rua, os carros param. Em alguns cruzamentos, não há sinal luminoso, vale a regra, a sinalização de trânsito e a cortesia. Quando há bicicleta rodando à margem da estrada, os carros reduzem muito a velocidade para fazer a ultrapassagem com muito cuidado, sem assustar o ciclista ou trocam de faixa. É impressionante a cordialidade, a educação e o alto grau de civilidade no Canada, contrariando a perigosa experiência no trânsito, que eu e o Roberto tivemos em Vancouver.
PHD Artur Albuquerque
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