Vancouver North – Prince George – 41º dia

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América do Norte, British Columbia, Canada

Vancouver North – Prince George (Parcial = 829 Km / Total = 18.433 Km)

A manhã estava chuvosa e muito fria, reforçando os comentários sobre o Canada estar passando por um período climático atípico, tendo em vista o verão continuar frio e muito nebuloso. Já lançamos a segunda pele no corpo, na expectativa de tempo muito ruim, porque a carranca do céu não estava nada agradável. Por cima da camisa usamos um agasalho para aquecer e por cima de tudo a capa de chuva, além da balaclava e uma proteção para o pescoço. Então, estávamos prontos para o frio.

Fomos abastecer e no posto, conversando com um senhor, que nos aconselhou a não seguir pela 99 Hwy, no rumo de Whistler, porque o tempo tem estado muito ruim e a estrada pode não estar boa, inclusive aludiu a possibilidade de desmoronamentos. Nesses momentos de dificuldade, seguindo para o desconhecido e com o clima desfavorável, é normal sentir um certa preocupação. Nessas circunstâncias, depois de dar partida no motor, costumo olhar para o painel da Electra e quando vejo que está tudo normal e o tanque está cheio, já me sinto seguro para seguir em frente. Além disso, qualquer problema maior que possa surgir na estrada, sempre poderemos voltar, porque nossa viagem é a realização de um sonho e não uma missão a ser cumprida a qualquer custo. Então, alteramos na hora o nosso roteiro para a 1 Hwy.

A bela Whistrer ficará para uma outra oportunidade. Com toda atenção para não perder a sequência de placas que iria nos tirar da cidade, alcançamos a freeway, que nos levava para o leste. Saímos da cidade em baixo de um aguaceiro e trânsito pesado, mas com um fluxo de 100 km/h.

Mais adiante, as matas de pinheirais compactas desciam as montanhas até a estrada, me trouxe a mente a beleza inigualável das florestas do Oregon, a terra dos lenhadores.

 

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As nuvens se entranhavam entre as árvores e atravessavam a estrada, às vezes, nos impedindo de vermos além de 100 m à frente. Mas, as nuvens descendo sobre as montanhas e se diluindo entre as árvores das matas produziam um visão mágica e transcendental.

 

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As matas e as montanhas nos acompanhavam e um pouco antes de passarmos por Hope, tivemos que reduzir a velocidade bruscamente, porque um veadinho tentava atravessar a estrada. Parado, entre a vida e a morte, olhava de um lado para o outro, pedindo passagem. Mas, apesar das várias placas de aviso na estrada, a presença de um ou outro cadáver de animal silvestre na pista parecia ser normal. O piso de qualidade da estrada possibilitava uma boa aderência aos pneus, nos permitindo manter boa velocidade e frenagem na chuva.

 

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Mais a frente, a estrada segue suspensa na lateral das montanhas verdes, paralelamente a um grande rio de águas escuras e turbulentas, que em certo ponto escavara um cannyon de altura respeitável, cujo nome da garganta era o sugestivo Hell’s Gate. O primeiro túnel que atravessamos, na estrada, também tinha esse mesmo nome esculpido na pedra, Hell’s Gate. Mas não era por esse portão que queríamos passar.

O som dos motores das Harleys reverberavam graves pela estrada, que rompia a paisagem verde e quase que deserta. As montanhas cobertas de pinheirais nos contemplavam de longe, ainda acordando envolta em seus cobertores de nuvens. Um delas, com uma face nua em pedra, que fazia parte do cannyon cortado pela estrada, jaziam há tempo, em inclinação negativa, aguardando esta oportunidade apenas para de mais perto, nos olhar.

Seguíamos em frente, respirando o ar puro e frio daquela região de filmes, onde sempre sonhamos estar.

Depois de abastecermos em Cache Creek, a chuva parou, mas continuou o frio intenso.

 

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Muitos quilômetros depois, enfrentamos um bloqueio em um ponto da estrada, que estava em manutenção. Enquanto esperávamos autorização para a passagem, ficamos admirando um imenso rio que corria turbulento ao nosso lado. O funcionário que estava administrando a retenção comentou que o rio costuma ser mais calmo, mas, o excesso de chuva estava provocava esta mudança radical. Comentou também que deveríamos esperar mais problemas mais ao norte na estrada. Já anestesiados com tantas más notícias, seguimos em frente.

 

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Os povoados dispersos no caminho mantinham em perfeito estado de conservação as casas tradicionais de madeira bem antigas e as estruturas urbanas eram bem simples, sem as modernizações típicas das pequenas cidadezinhas às margens da estrada, nos Estados Unidos. Caminhões transportando toras de madeiras eram comuns, à 100 km/h. Mas, não havia nenhuma dificuldade para os ultrapassar.

 

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As horas transcorriam em quilômetros, no hodômetro. Estrada, verde, água e frio, pareciam que nunca iam acabar.

Às 16:30h, chegamos a Prince George e perguntando aqui e ali, logo achamos o hotel, sempre que possível, previamente reservado. Cumprimos nossa rotina noturna e estou indo dormir um pouco mais tarde, porque amanhã, mesmo sendo uma região mais erma, a distância a percorrer será bem mais curta e teremos mais tempo para planejar a adequação do nosso roteiro a nova realidade “Inverno de fato” e não verão, como deveria ser a atual estação climática.

PHD Artur Albuquerque
Fonte: http://phdalaska.hwbrasil.com/site/http://www.phd-br.com.br/


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