O hotel em que fiquei, além das ótimas instalações, incluído garagem coberta, oferece um desjejum a 3,50 euros onde o destaque é um “le croissant” que deve ser saboreado pensando-se, no máximo, na mulher amada. Maravilhoso...
O hotel em que fiquei, além das ótimas instalações, incluído garagem coberta, oferece um desjejum a 3,50 euros onde o destaque é um “le croissant” que deve ser saboreado pensando-se, no máximo, na mulher amada. Maravilhoso...
Depois de 4 dias de reflexão respirando o ar daquela cidade mística, era chegado o momento de voltar à minha eterna companheira: a estrada. Na saída, surpreendi-me com duas bicicletas que chegaram ontem à noite. A turma tem bicicletas de todos os tipos e desconfio que conseguem até carregar mais bagagem do que eu, mas essas duas tinham pneus de moto ! Enormes...
Agora outra viagem de moto, bem curta, mas que me levaria à foz do Douro, ao caís do Adeus, onde muitos de nossos antepassados se despediram de pessoas amadas e fitaram seus rostos pela última vez, antes de embarcar numa aventura que só os que amam a estrada podem entender. Talvez por isso, a visão do Farol da Barra em Salvador lembre tanto o do Porto. Nossos patrícios construíram uma cópia do último cenário visto enquanto as naus desapareciam na curva do horizonte.
Depois de uma noite agitada (cheguei do Motoclube do Porto às 2 da manhã), acordei às 8 horas, banho, café e moto na estrada. O “tirinho” a Fátima seria relativamente curto (uns 200 km) e eu chegaria inteiro.
Desacreditando totalmente do GPS, sai de Fátima já com uma rota estabelecida: iria até Aveiro e de lá iria por Vale de Coimbra, Castelo de Paiva, Oliveira Douro até chegar à Peso da Régua, onde iria começar o roteiro do Douro, traçado pelo Jorge Meirelles.
Depois do dia de ontem, o que será que ainda iria me impressionar?. Pobre de mim, eu estava fazendo uma viagem de moto pela Europa, mais precisamente em Portugal, onde estradas aguardam motociclistas dispostos a percorre-las, porém sem deixar de ler e sentir suas histórias, aromas e sabores. Não é pouco, não é pouco, podem ter certeza. Em uma pequena aldeia você encontra ruínas do Império Romano. Na saída daquela curva onde você está vibrando com o contra-esterço perfeito e a moto na inclinação correta, você se surpreende com o muro de pedra da era medieval. Ao sair do café, onde parou para tirar a “água do joelho”, se espanta com uma igreja do século X, não vista na chegada pela premência do aflitivo momento.
Hoje comecei a segunda parte do roteiro traçado pelo Jorge Meirelles. O objetivo é Andorra, porém passando por um roteiro sugerido por ele que conhece bem a área.
Hoje pela manhã, depois de todo paramentado, moto com bagagem arrumada e tanque cheio, saio do hotel e quando vou entrar na estrada vejo o lago em frente. Meus amigos, desliguei moto, tirei capacete e luvas, peguei a câmera fotográfica e o horário que tenha a santa paciência, uma visão daquela justifica tudo. Fiz o melhor possível, pensando na forma como aquela beleza foi a tristeza e ruina para muita gente.
Sai de Pamplona e ao invés de tomar o rumo de Jaca optei por ir a Roncal. Embora fosse me tomar mais uns 80 km, foi uma recomendação de Jorge “Mi Coronel” de Arraial do Cabo, afinal o cara nasceu em Pamplona e conhece toda essa área. Bem verdade que quando ele liderou o comboio para Ushuaia (em 2007) erramos o caminho várias vezes. Em uma delas erramos de país, entramos no Chile achando que era Argentina! Isto me levou a entender porque os espanhóis descobriram tantas terras – eles erravam o caminho!