Aterrisso em Bombaim às cinco horas da manhã. Mais um pulo repentino para outra realidade.Pego um táxi e dirijo-me à casa do Rodrigo Canelas, um português aí residente que me ofereceu abrigo e apoio.

No alto de um confortável apartamento, baixo o olhar sob uma Bombaim plena de contrastes. Disso é feita a Índia. Aos meus pés gente dorme na rua, protegendo-se do sol escaldante na sombra dos carros estacionados.

Na noite seguinte, a monção diz-me que não tenho tempo a perder e que devo seguir viagem. Desalfandegada a mota, preparo-me para abalar. Devido ao calor infernal (nos próximos dias a ultrapassar os 50 graus) tomo a decisão de viajar sempre partindo ao nascer do sol. Isso também permite que o trânsito seja menos caótico, em especial na saída das cidades. Continuo a viajar sem GPS. Faço recurso a uma aplicação no Tim, o Here Maps. No entanto, este teima em desligar-se, pelo calor excessivo.

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O primeiro almoço

Contra todas as expectativas, nesse primeiro dia consigo fazer o programado para duas etapas, parando por volta das 15h, quando o calor torna completamente impossível seguir. Durante o dia alimento-me de bananas, bolachas e muita água. O Camel Pack, oferecido pelo Wissam em Dubai, revela-se imprescindível. Relembro os conselhos do Faizal; o teu pior inimigo será a desidratação.

Estou cansado, muito cansado. A minha mulher está para chegar a Katmandu para me receber e só penso nesse momento. A tosse noturna passa a permanente. Provoca-me vômitos e a visão por vezes deixa de ser clara.

Como inicio a viagem sempre tão cedo, assisto todos os dias ao resultado dos acidentes da noite anterior.

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Almoço

Viajando pelo centro da Índia, onde sou o único ocidental. Sou quase sempre recusado nos hotéis, por esse mesmo fato.

Já em Baipal, sem quaisquer forças anímicas, reforço a decisão de que tenho que sair da Índia o mais rápido possível. Tento não passar para os que acompanham a viagem o que se passa comigo, mas já não consigo.

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Estranho que, no entanto, em nenhum momento me arrependo de ter vindo. Não sei se o fenômeno será comum: Cada vez mais falo sozinho, em voz alta no caminho. Parece que a minha própria voz me conforta. Não tenho outra…

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Tenda

No penúltimo dia torna-se impossível cumprir as tais duas etapas e fico a 30 km de Lucknow. Isso obrigará a que o último dia seja deveras puxado para atingir a fronteira em Sonauli, especialmente porque o último troço será de estradas muito complicadas, atravessando aldeias, com muito trânsito.


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